A necessidade de educação financeira
A maioria dos brasileiros, segundo a Ipsos, diz saber gerir as próprias finanças e administrar despesas, mas a maioria tem dificuldade para responder perguntas sobre juros e inflação

O mundo anda guiado por incertezas políticas, econômicas e comportamentais, e tomar decisões corretas vai exigir conhecimentos e cuidados. É preciso dominar alguns assuntos que, de alguma forma, mudarão as nossas vidas.
Neste artigo, veremos as dificuldades que os brasileiros têm para entender os conceitos de taxa de juros e inflação, fundamentais no dia a dia. Segundo pesquisas do Santander com a Ipsos, o Brasil é o segundo país onde menos pessoas afirmam entender de finanças.
Porém, a educação financeira vem despertando interesse e tem aumentado a demanda por formação. Historicamente, sempre tivemos inflação alta, fora do controle, que acabou contribuindo para que as pessoas não tivessem muito interesse por estes temas.
Só a partir do Plano Real, que controlou a inflação absurda que prevalecia no país, é que inflação e taxas de juros passaram a ter algum interesse. Por outro lado, inflação alta e juros exorbitantes sempre foram interessantes para os rentistas.
A maioria dos brasileiros, segundo a pesquisa, diz saber gerir as próprias finanças e administrar despesas, mas a maioria tem dificuldade para responder perguntas simples sobre juros e inflação.
O levantamento entrevistou quase 20 mil pessoas adultas on-line, em dez países: Reino Unido, Espanha, Polônia, EUA, Argentina, Brasil, Chile, México, Portugal e Uruguai.
Foi perguntado: “quanto dinheiro você esperaria ter se colocasse US$ 100 [correção de grafia] em uma conta poupança com juros anuais de 2%, após um ano?”. 67% dos brasileiros erraram a questão (na média global, 48% dos entrevistados também não sabiam a resposta).
Sobre inflação, foi perguntado: “suponha que a taxa anual de inflação no seu país caia pela metade, mas permaneça acima de zero. O que acontecerá com o custo geral de bens e serviços daqui a um ano?”. A resposta correta é que os preços continuariam subindo, porém, em ritmo menor.
No Brasil, 73% erraram. México, EUA, Reino Unido, Portugal, Polônia e Chile tiveram índices de acertos maiores.
A pesquisa também mostra que os brasileiros reconhecem ter pouco conhecimento formal sobre economia. O país é o segundo em que menos pessoas dizem entender finanças (49%), à frente apenas do Uruguai (41%).
Apesar dos números, os brasileiros veem a educação financeira como a segunda disciplina mais importante, atrás apenas de matemática, com 96% das menções.
Os brasileiros também manifestam interesse em aprender mais sobre três temas importantes: investimentos (67%), poupança (67%) e orçamento doméstico (53%).
A pesquisa ainda aborda a relação prática com o dinheiro. No Brasil, 84% dizem acompanhar os gastos mensais, mas têm dificuldade para se planejar para o futuro; 47% afirmam guardar dinheiro somente para despesas de curto prazo, como compromissos a três [correção de grafia] meses, enquanto 43% disseram não ter reservas para imprevistos.
A educação financeira é fundamental para as pessoas tomarem as decisões corretas e alcançarem a estabilidade financeira. Cito algumas [correção de grafia] das principais importâncias da educação financeira: gestão do dinheiro, prevenção de dívidas, investimento e poupança, proteção e independência financeira, redução de estresse e desentendimentos com familiares, melhora da qualidade de vida.
A inflação e a taxa de juros são ferramentas econômicas importantes, mas podem ter efeitos diferentes nos consumidores. Faz-se urgente que governo e Banco Central equilibrem essas variáveis para manter a estabilidade econômica e proteger os interesses dos consumidores.
Quando estas taxas estão estabilizadas, funcionam como um programa de distribuição de renda. As escolas, públicas e privadas, devem ter em seus currículos a disciplina de educação financeira; os benefícios são imensuráveis.