A geração ansiosa
O livro transformou-se num sucesso imediato de vendas e receptividade

No ano de 2024, o psicólogo e escritor norte-americano Jonathan Haidt lançou o livro “A geração ansiosa: como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais”. O livro, já traduzido para o português, transformou-se num sucesso imediato de vendas e receptividade. Afinal, como o próprio título já esclarece, a obra demonstra como a infância, antigamente baseada no brincar, foi pouco a pouco sendo substituída pela infância baseada no celular, com taxas de depressão e ansiedade aumentaram muito. Trata-se da geração nascida depois de 1995, popularmente conhecida como a “Geração Z”, a primeira geração a passar pela puberdade com um portal no bolso, que os atrai para um universo alternativo, empolgante, viciante e instável, como esclarece Haidt.
Por esse ponto de vista, crianças e adolescentes da geração Z, que passaram muito menos tempo brincando e conversando com seus amigos e parentes, foram uma espécie de cobaia de uma maneira radicalmente nova de crescer. Sabedor de que esse é um assunto extremamente controverso, Haidt propõe várias providências para uma infância mais saudável na era digital. A seu ver, são quatro as providências fundamenteis: 1) Nada de smartphone antes do nono ano escolar: os pais devem adiar o acesso à internet 24 horas por dia, dando aos filhos apenas celulares básicos; 2) Nada de redes sociais antes dos dezesseis anos; 3) Nada de celular na escola; e 4) Muito mais brincar não supervisionado, e independência na infância. No livro, o autor esclarece muito bem as razões de ter sugerido essas quatro medidas, consideradas fundamentais por ele.
Por outro lado, o autor dedica um longo capítulo para o exame e a descrição detalhada daquilo que ele denomina de “os quatro prejuízos fundamentais de uma infância baseada no celular”. Cada um desses prejuízos é fundamental porque afeta o desenvolvimento das múltiplas habilidades sociais, emocionais e cognitivas. Em resumo, esses quatro prejuízos fundamentais seriam: a privação social: quanto mais tempo o jovem dedica aos smarthphones, menos tempo reserva para o convívio com amigos e colegas; a privação do sono: de igual forma, quanto mais tempo se ocupam com as telas, mais comprometem a quantidade e a qualidade do sono; a atenção fragmentada: há jovens que recebem centenas de notificações num único dia, o que faz com que não tenham tempo para pensar sem serem interrompidos; e, por último, o vício, que faz com que a pessoa sempre queira mais e mais daquilo que lhe vem liberando prazer. Por fim, Haidt conclui que esses são os fatores que explicam porque a saúde mental tem piorado tanto e de maneira tão brusca. “A Geração Ansiosa” é uma obra imperdível para todos aqueles que se preocupam com esse tema tão atual.
João Francisco Neto
Advogado, doutor em Direito Econômico e Financeiro (USP); Monte Aprazível-SP