1% para a Cultura: investimento em gente e futuro
É preciso que os projetos culturais cheguem à ponta e que não fiquem restritos ao centro

Há décadas, a classe artística de São José do Rio Preto ergue a mesma bandeira: que o orçamento da Secretaria Municipal de Cultura alcance, enfim, o mínimo de 1% do orçamento total da cidade. Essa luta não é corporativista, tampouco uma reivindicação restrita aos artistas. É, antes de tudo, uma defesa do direito constitucional de cada cidadão ao acesso à cultura.
A cultura é uma necessidade pública, não um luxo. Quando o município investe em cultura, está investindo em gente — na formação crítica, na convivência, na autoestima coletiva e no fortalecimento do tecido social. Cada real aplicado em cultura retorna em forma de geração de renda, movimentação econômica, turismo, inclusão e redução da violência. Cidades que valorizam a cultura constroem cidadãos mais conscientes, empáticos e participativos — e, portanto, mais seguros.
A Constituição Federal, em seu artigo 215, garante o direito de todos ao pleno exercício dos direitos culturais. Cabe ao poder público assegurar esse acesso. Para que isso se concretize, é preciso que os projetos culturais cheguem à ponta — aos bairros, às escolas, às praças, aos espaços periféricos — e que não fiquem restritos ao centro ou a poucos equipamentos. Isso só é possível com orçamento digno, planejado e contínuo.
O 1% para a cultura é o mínimo necessário para transformar boas intenções em políticas públicas reais. É o que permite sustentar programas permanentes, apoiar grupos locais, descentralizar recursos e fazer com que a cultura deixe de ser um evento isolado para se tornar uma presença cotidiana na vida da população.
Rio Preto tem uma história cultural vigorosa, feita por artistas, técnicos, professores e produtores que há décadas resistem e criam. É tempo de o poder público reconhecer essa força e garantir, por meio do orçamento, o espaço que a cultura merece: no coração da cidade e no centro das políticas públicas.
Jorge Vermelho
Ator, Dramaturgo, Diretor Teatral e Gestor Cultural.