Rio de Janeiro sedia a primeira Cúpula Quilombola do Clima
O evento, que ocorre paralelamente à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30)

A cidade do Rio de Janeiro sedia, neste sábado (15), a primeira Cúpula das Vozes Quilombolas pelo Clima. O evento, que ocorre paralelamente à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, reunirá pelo menos 15 lideranças quilombolas e será aberto ao público.
A cúpula é promovida pela Associação Estadual das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio de Janeiro (Acquilerj) e pela organização não governamental Koinonia e será realizada na Fundição Progresso, na região central do Rio.
“O que a gente sempre vê é que, nessas pautas ocidentais, as comunidades negras tradicionais acabam não tendo tanta visibilidade quanto outros grupos de comunidades tradicionais, como os povos originários", afirma a diretora executiva de Koinonia, Ana Gualberto.
Para ela, é necessário compreender que todas as comunidades tradicionais têm um papel importante para a manutenção da diversidade no Brasil e no mundo.
Segundo o Censo 2022, o Brasil tem 1,33 milhão de quilombolas divididos em 1,7 mil municípios. No Rio de Janeiro, apenas três territórios têm titulação oficial, porém segundo a Acquilerj esse número é maior, chegando a 54. A estimativa é que cerca de 20 mil pessoas vivem nesses territórios.
Ana Gualberto destaca que a questão territorial é a principal demanda a ser discutida no sábado e afirma que, sem a titulação de territórios, não há possibilidade de garantia e de vivência de direito pleno.
Além das 15 lideranças quilombolas, alguns representantes da Defensoria Pública da União já confirmaram presença na cúpula. O evento é gratuito e começa às 9h, basta apenas retirar o ingresso no site.
De acordo com a presidente da Acquilerj, Bia Nunes, a cúpula surgiu da falta de espaço dos territórios quilombolas em grandes centros de debate sobre preservação ambiental. Ela acredita que a realização da COP30 no Brasil seja um ótimo momento para trazer visibilidade ao tema.
“Sabendo que a COP30 teria um esvaziamento muito grande, muito forte, da população quilombola, a gente se organizou e se movimentou para fazer esse momento de escuta das nossas vozes”, diz.
A organização espera que a mensagem da primeira Cúpula Quilombola do Clima possa chegar às autoridades em Belém, e à toda sociedade civil, para unir forças no combate às mudanças climáticas.
“Para que essa sociedade brasileira saiba que existe uma população, que é a população quilombola, que está nos seus territórios fazendo toda a preservação, mas também sofrendo os impactos ambientais causados pela especulação imobiliária, pela invasão das grandes empresas e da falta de política pública”, finaliza Nogueira.
*Estagiária sob a supervisão da jornalista Mariana Tokarnia.