'Operação Raio X' mira Márcio França
Polícia suspeita de elo entre França e médico que seria líder do grupo investigado

A Polícia Civil de São Paulo cumpriu nesta quarta-feira, 5, mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) em uma nova etapa da Operação Raio X - investigação sobre supostos desvios em contratos firmados entre prefeituras e organizações sociais na área da Saúde.
O inquérito apura supostos crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. O Ministério Público paulista e a Corregedoria Geral da Administração - braço da Casa Civil do governo do Estado que investiga contratos da administração pública - participam das apurações. Ao todo, 34 endereços são vasculhados pelos investigadores nas regiões de Araçatuba, Bauru, Baixada Santista, Campinas, São Paulo e Presidente Prudente.
A Polícia Civil de São Paulo suspeita de uma suposta ligação entre França, pré-candidato ao governo paulista, e o médico Cleudson Garcia Montali, apontado como líder do grupo investigado na Raio X. Em agosto, Montali foi condenado a 104 anos, dois meses e 20 dias de reclusão. No mês passado, uma primeira sentença sobre o caso emitida pelo juízo de Birigui imputou ao médico mais 96 anos de prisão.
A "Raio X" foi inicialmente deflagrada em setembro de 2020, cumprindo 64 mandados de prisão temporária e 237 mandados de busca e apreensão expedidos pelos Juízos das Varas de Birigui e Penápolis.
Algumas das ordens foram executadas até na Câmara Municipal de São Paulo - incluindo um mandado contra servidor do gabinete do vereador Eliseu Gabriel, do mesmo partido de França - e na Secretaria de Saúde do Estado.
Uma semana após a primeira fase da operação, o Ministério Público de São Paulo denunciou 70 pessoas pela prática dos crimes de organização criminosa, peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e fraude à licitação.
Quatro sentenças já foram proferidas sobre o caso, determinando penas que variam de 4 e 104 anos de prisão por crimes como peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa Os investigadores suspeitam que tenha havido um desvio de R$ 500 milhões em recursos da saúde pública.
No Twitter, França classificou a operação como "política" e afirmou: "Não há outro nome para uma trapalhada, por falsas alegações, que determinadas 'autoridades', com 'medo de perder as eleições', tenham produzido os fatos ocorridos nesta manhã em minha casa", afirmou.
"Começaram as eleições 2022. 1ª Operação Política. Não há outro nome para uma trapalhada, por falsas alegações, que determinadas ‘autoridades’, com medo de perder as eleições, tenham produzido os fatos ocorridos nesta manhã (quarta, 5) em minha casa. Toda operação policial tem nome! Essa é uma operação política e não policial. Ela é, evidentemente, de cunho político eleitoral. Não tenho ou tive qualquer relação comercial ou advocatícia com as pessoas jurídicas e físicas que são alvo da investigação. É lamentável que se comece uma eleição para o Governo de SP com estas cenas de abuso de poder político”, acrescentou França em nota.
Alckmin e Lula apoiam França
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido) manifestou solidariedade ao também ex-governador paulista Márcio França (PSB), alvo de uma operação da Polícia Civil nesta quarta-feira, 5. Em publicação no Twitter, o ex-tucano disse confiar na reputação e postura do socialista, que foi seu vice-governador entre 2015 e 2018.
"Quero prestar minha solidariedade ao amigo e colega Márcio França. Confio em sua reputação e na sua postura. Seu espírito público e sua dedicação nesses anos todos são notórios e louváveis", afirmou o ex-governador.
Mais cedo, Lula também prestou apoio a França e cobrou que as denúncias contra o socialista sejam investigadas, mas "sem espetáculos midiáticos".
E em seu perfil no Twitter, o líder petista ainda acrescentou: Nossa constituição é clara sobre a presunção de inocência. Que se investigue tudo, mas com direito de defesa e sem espetáculos midiáticos desnecessários contra adversários políticos em anos eleitorais. Minha solidariedade para Márcio França."
A direção do PSB disse em nota que a operação tem "caráter político e abusivo". (AE)