Monte Azul se despede do técnico Vadão
Técnico Vadão dispensou Mirassol para assumir a Seleção Brasileira feminina, trabalhou como preparador físico no América em 1989 e deixa legado de humildade e muitas amizades no futebol

Familiares e amigos do técnico Oswaldo Fumeiro Alvarez, o Vadão, prestaram as últimas homenagens ao ex-comandante da Seleção Brasileira de futebol feminino, durante seu velório e sepultamento, ocorrido na cidade de Monte Azul Paulista na manhã desta terça-feira, 26. Os ex-jogadores Luís Fabiano e Paulo Sérgio, que atuaram sob o comando de Vadão, estiveram no velório e sepultamento.
"É uma grande perda, era uma inspiração para todos aqui, quem gosta do esporte sabia da humildade tremenda, sempre atendendo a todos", disse o presidente do Atlético Monte Azul, Marcelo Cardoso, lembrando que por ser da cidade, era presença constante nos eventos do clube e nas arquibancadas do estádio Otacília Patrício Arroyo.
Nascido em 21 de agosto de 1956, foi jogador, técnico e preparador físico, tendo trabalhado no América no Paulistão e Brasileiro da Série C de 1989. Era responsável pela preparação do time de Nelsinho Baptista, que assumiu o time em 12 de abril daquele ano no lugar de Luís Carlos Ferreira. Eles haviam trabalhado juntos no Sporting de Barranquilla. O América vinha de campanha irregular e terminou o torneio em 16º lugar entre os 22 participantes. No Brasileiro, parou na primeira fase.
Vítima de câncer, Vadão chegou a ser pretendido pelo Mirassol antes de sua primeira passagem pela Seleção Brasileira. "Era um amigo do futebol, excelente pessoa e a gente lamenta a morte precoce dele. Que Deus o guarde e receba. Tentamos uma vez contratá-lo para um Paulista, mas estava em fechamento com a CBF", disse o presidente do Leão, Edson Antônio Ermenegildo.
Em 2012, foi vice-campeão do Paulistão pelo Guarani, de Campinas, e foi eleito melhor técnico do campeonato. Com a Seleção foram duas passagens, tendo comandado o projeto da Seleção Permanente, que culminou com o 4º lugar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Depois, reassumiu em setembro de 2017 e ficou até o final do ano passado, quando deu lugar a sueca Pia Sundhage.
A rio-pretense Darlene, hoje no Benfica de Portugal, conviveu com ele por quatro anos na Seleção. "Vadão era um paizão para todas nós, sempre sorridente, brincalhão, ficamos na Seleção Permanente convivendo 24 horas, ele era um cara muito do bem mesmo, tentava ajudar todas da melhor forma possível, é difícil de acreditar, tive a oportunidade de estar com ele durante os quatro anos que ele ficou a Seleção e foi uma honra", disse Darlene, que passa férias em Rio Preto. "Tenho certeza que lá de cima estará torcendo por todas nós, vai fazer muita falta no futebol brasileiro, tanto masculino como feminino."
Entre outros, Vadão revelou craques como Rivaldo, Valber e Leto, no 'carrossel caipira' do Mogi Mirim, e Kaká, na conquista do Rio-São Paulo de 2001 pelo Tricolor. Kaká e Rivaldo se manifestaram nas redes sociais. "Minha eterna gratidão por você ter aberto as portas pra um garoto que ninguém conhecia e poucos acreditavam. Mas você acreditou, me ensinou, me deu oportunidades pra que eu pudesse voar. Hoje o dia é de muita tristeza, mas as lembranças que guardo no meu coração são de muitas alegrias!!! Descanse em paz meu amigo", postou Kaká.
Dirigiu ainda Corinthians, Ponte Preta, Bahia, Goiás, São Caetano, Portuguesa e Verdy Tóquio, onde foi campeão da Supercopa do Japão em 2005. Casado com Ana Luiza, pai de Adriano e Carolina, e avô de Leonardo e Felipe, Vadão tinha residência em Monte Azul Paulista.