Diário da Região

Tarifaço deve tirar R$ 25,8 bi do PIB

Simulação feita pela Fiemg chegou à conclusão de que a imposição da tarifa pode reduzir o PIB brasileiro em R$ 25,8 bilhões no curto prazo e até R$ 110 bilhões no longo prazo

por Agência Estado
Publicado há 20 horasAtualizado há 16 horas
Estação de monta tem a finalidade de colocar as vacas para reprodução (Divulgação)
Estação de monta tem a finalidade de colocar as vacas para reprodução (Divulgação)
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Em novo estudo divulgado nesta terça-feira, 5, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) estimou que, mesmo com as exceções, as tarifas adicionais sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos afetam 55% das exportações do Brasil e podem comprometer mais de 147 mil empregos. A tarifa de 50% imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aos produtos brasileiros começa a valer a partir desta quarta-feira, 6.

"Apesar da isenção concedida a 694 produtos - o que representa cerca de 45% do valor exportado pelo Brasil ao mercado norte-americano - os efeitos sobre a economia nacional ainda serão expressivos", diz a Fiemg.

A simulação feita pela Fiemg chegou à conclusão de que a imposição da tarifa pode reduzir o PIB brasileiro em R$ 25,8 bilhões no curto prazo e até R$ 110 bilhões no longo prazo. A perda de renda das famílias poderá alcançar R$ 2,74 bilhões em até dois anos, além da redução de 146 mil postos de trabalho formais e informais.

Os setores industriais mais atingidos, segundo o estudo, serão a siderurgia, a fabricação de produtos de madeira, de calçados e de máquinas e equipamentos mecânicos.

Na agropecuária, destaca-se o impacto sobre a pecuária, especialmente a cadeia da carne bovina, que segue fora da lista de isenções tarifárias e representa parcela significativa da pauta exportadora nacional.

No curto prazo, a economia mineira poderá ter uma perda de R$ 4,7 bilhões no PIB e redução de mais de 30 mil empregos em prazo de até dois anos. Em um horizonte de 5 a 10 anos, os impactos podem ultrapassar R$ 15,8 bilhões no PIB estadual e eliminar mais de 172 mil postos de trabalho. Os efeitos recaem principalmente sobre os setores de siderurgia, pecuária, fabricação de produtos da madeira e calçados.
Diplomacia
O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, defendeu a via diplomática como caminho mais eficaz para mitigar os impactos negativos da medida.

"A imposição dessas tarifas, ainda que parcialmente suavizada pelas isenções, foi unilateral e sem negociação com o governo brasileiro. É fundamental que o Brasil atue diplomaticamente para ampliar o número de produtos isentos, preservar sua competitividade no mercado internacional e proteger empregos e investimentos nacionais", destacou Roscoe.

‘Não vou ligar porque Trump não quer’

Brasília (DF), 05/08/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), realizado no Palácio do Itamaraty. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Brasília (DF), 05/08/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), realizado no Palácio do Itamaraty. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil (Antonio Cruz/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil merece respeito e criticou a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao anunciar novas taxações contra o País.

“O presidente americano não tinha direito de anunciar taxações como anunciou ao Brasil”, disse durante abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, no Palácio Itamaraty.

Segundo Lula, Trump poderia ter ligado a ele ou ao vice-presidente Geraldo Alckmin, já que haveria disposição para diálogo. Ele acrescentou ainda que a medida não se trata de uma questão política, mas sim eleitoral.

O presidente reforçou que o Brasil merece respeito no cenário internacional e destacou seu papel como exemplo de País negociador. “Tem gente que acha que a gente é vira lata, tem gente que não gosta de se respeitar. E ninguém pode dizer que tem um governo que gosta mais de negociar do que nós. Eu nasci na vida política negociando [...] nesse mundo, ninguém me dá lição de negociação”, afirmou, ao reiterar que já lidou com vários magnatas.

Lula disse que vai ligar para Trump para convidá-lo para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP-30) que será realizada em novembro deste ano em Belém. “Não vou ligar para o Trump para conversar, não, porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para vir para a COP. Porque quero saber o que ele pensa da questão climática. Vou ter a gentileza de ligar”, disse Lula na abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, no Palácio Itamaraty. (AE)