Diário da Região
ECONOMIA SUSTENTÁVEL

Brechó infantil é alternativa para economizar em momentos de orçamento apertado

Optar por produtos infantis de segunda mão, encontrados nos brechós, pode ser a solução para evitar gastar além do necessário

por Luciana Vinha
Publicado em 24/11/2021 às 22:12Atualizado em 25/11/2021 às 10:30
Vendedora Tamires: no brechó Bambolê há opções para recém-nascidos a adolescentes (Johhny Torres 11/11/2021)
Vendedora Tamires: no brechó Bambolê há opções para recém-nascidos a adolescentes (Johhny Torres 11/11/2021)
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Quem tem criança em casa sabe bem que a lista de gastos é gigante e nunca cessa. Enxoval, fraldas, alimentação, vestuário, saúde, educação, dentre outros. Na mesma velocidade que crescem também perdem roupas e calçados que precisam ser renovados constantemente. Por isso, uma das alternativas para economizar é optar por produtos de segunda mão, em brechós.

Com preços bastante acessíveis, é possível encontrar peças em ótimo estado e de grandes marcas. Boa parte do estoque de produtos é vendida diretamente pelas mães, incluindo roupas e calçados, acessórios, carrinhos, berços, cadeirinhas, trocadores, entre outros. E caso a pessoa queira fazer uma renda extra, pode apenas vender para o brechó aquilo que já não tem mais serventia.

O que determina o valor de desconto é o estado de conservação, marca e modelo do produto, além do tempo em que foi produzido e a coleção. Para se ter uma ideia, uma peça de roupa nova que custe R$ 70, pode sair por R$ 25 num brechó. Um calçado novo, de R$ 100, pode sair por R$ 35. Acessórios e brinquedos podem custar 50% menos. O carrinho de bebê, por exemplo, de cerca de R$ 650 pode sair por R$ 250 usado.

Luciana Pereira Bortuluzi é proprietária da Bambolê Brechó e Loja Infantil, que atua desde 2006 em Rio Preto e que por 12 anos foi uma rede de lojas com quatro unidades, mas que hoje concentra suas operações em apenas uma loja. Lá são comercializados artigos infantis como roupas desde o tamanho recém-nascido (RN) até o 18, calçados, acessórios, enxoval para bebê e brinquedos.

Para Luciana, optar pelo brechó é uma excelente escolha para o cliente que pretende economizar. “Primeiro, porque um produto de segunda mão custa de 50% a 80% menos que o novo e segundo porque é possível usar os produtos já perdidos como créditos para a nova compra, aumentando ainda mais a economia. Também há peças de grifes famosas por um valor muito mais acessível”, diz.

Quem vai ter um bebê chega a ficar confuso com a quantidade de itens que são necessários para suas necessidades. “Disponibilizamos uma lista de primeira compra que desenvolvi pessoalmente baseada em minha vivência de mãe, com dicas de outras mães e listas que as maternidades disponibilizam, sendo bem fiel às necessidades básicas do recém-nascido no primeiro mês de vida”, destaca Luciana.

Segundo ela, além de vestir as crianças gastando pouco, ao optar pelo brechó as famílias praticam o consumo consciente e sustentável, aumentando a vida útil das peças, reduzindo o descarte precoce e os impactos ambientais que as novas produções exigem, além de contribuir para circular a economia, gerando empregos e tributos. “Nos primeiros anos ainda encontrei algum preconceito, do tipo ‘meu filho não usa roupa usada’, e hoje a aceitação é enorme em todas as classes sociais, inclusive é a preferência de muitas famílias”.

Peças passam por avaliação

No brechó Maribella, no bairro Eldorado, em Rio Preto, são comercializados produtos novos e seminovos, para adultos e crianças. Segundo a empresária Maquerli Maria Loss Tauil, que atua na área desde 2015, além de comprar, os clientes trocam ou vendem os produtos na loja. “Conforme a criança vai crescendo e a roupa ou calçado não serve mais, a mãe pode vir negociar e trocar por outras, economizando um bom dinheiro, com peças de qualidade, em bom estado, muitas vezes até produtos de marca”.

Segundo Marqueli, algumas pessoas ainda pensam que brechó é sinônimo de roupa velha, bagunçada e com mau cheiro, mas não é bem assim. “Todas as roupas de segunda mão são avaliadas se estão em bom estado, e antes de colocar à venda são lavadas, passadas e cuidadas com muito carinho”, diz.

E para quem anda com o orçamento apertado, o brechó significa oportunidade de consumo e vai além de apenas uma relação de consumo, é um local de histórias. “Recentemente, atendi uma cliente que trouxe algumas roupas para trocar e estava com seus dois filhos. Um deles gostou muito de uma motoca. Negociamos, fiz um bom preço, e ela conseguiu presenteá-lo com um brinquedo que ele queria, mas não tinha condição de comprar um novo”, disse. (LV)

Modalidade faz sucesso entre mães

Bruna e a filha, Lavínia, fazem compras no brechó Maribella (Divulgação)
Bruna e a filha, Lavínia, fazem compras no brechó Maribella (Divulgação)

Bruna Correia Alves Ribeiro, 35, é mãe do Pedro Henrique, 16, da Lavínia, de 9, e está grávida de três meses. Ela está fazendo todo o enxoval com produtos de segunda mão. “Consigo encontrar roupas para mim e para meus filhos de boa qualidade, troco as peças que já não utilizamos mais, e agora estou fazendo o enxoval do meu bebê. Paguei R$ 100 num berço que vira cama, compensa muito”, relata.

Mãe de três, Jéssica Cavalcante, 31, costuma trocar peças em brechós, principalmente para a primogênita, Manuella, 10, além de adquirir roupas e calçados para o Pedro, 8, e para o João, de 2 anos e meio. “É possível encontrar roupas de excelente qualidade com preços justos e acessíveis. Indico visitar vários brechós e fazer um comparativo de preços com as roupas novas em lojas especializadas. Já cheguei a encontrar peças que ainda estavam com etiqueta”.

Jackeline Sorroche Kawata, 37, tem dois filhos, o Pietro (11) e a Isabella (5). Ela costuma comprar e trocar as roupas e calçados dos filhos nos brechós, principalmente da filha, e considera desnecessário ter o guarda-roupa das crianças cheio de roupas que talvez nem sejam usadas, pois crescem e perdem tudo muito rápido. Seu lema é fazer escolhas mais conscientes, sem gastar com roupas caras. “Minha dica é comprar pouco, gradativamente, conforme a necessidade da criança, e sempre pesquisar preços e visitar os brechós”, afirma. (LV)