Região de Rio Preto começa a se consolidar no ramo cervejeiro
Região de Rio Preto tem 14 cervejarias registradas no Ministério da Agricultura e começa a se consolidar na atividade; anuário mostra que houve aumento de 11,6% no número de registros no País


A região de Rio Preto tem 14 cervejarias registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o que representa 3,61% do total do estado de São Paulo, o maior em número de cervejarias registradas, com a marca de 387 estabelecimentos, o equivalente a 15,2% do total do País.
No Brasil, o Anuário da Cerveja, com dados de 2022, divulgado recentemente pelo Mapa, mostra um aumento de 11,6% no registro de novas cervejarias e um crescimento de 19,8% em relação ao total de produtos registrados em 2021. São 7.090 produtos a mais.
O dado regional foi divulgado pela Prozyn BioSolutions e mostra o cenário promissor e relevante em que se encontra a região de Rio Preto. Enquanto a capital aparece como a cidade brasileira com maior número de cervejarias, apresentando a marca de 59 estabelecimentos, aqui na região são 14 cervejarias registradas.
A cidade com o maior número de registros é Rio Preto, com 9 empresas. Votuporanga aparece com duas e Catanduva, Potirendaba e Novo Horizonte têm uma cervejaria cada um.
O mercado conta também com rótulos artesanais que podem não aparecer no Anuário porque o documento só contabiliza estabelecimentos e marcas que cumprem os requisitos para o registro oficial.
O crescimento das cervejarias se dá também na expansão por meio de franquias. Um exemplo local é a Santo Lúpulo, que se prepara para comercializar seu modelo de franquia, com lançamento previsto para setembro.
Ser dono de uma cervejaria é o sonho de muitos apreciadores da bebida. “Uma forma inteligente e mais segura de realizá-lo é tornar-se dono de uma franquia de cerveja. O segmento de franquias teve um crescimento de 17,2% no primeiro trimestre deste ano, quando comparado com o ano anterior. As franquias de bebidas estão dentro deste padrão de crescimento, em especial, as franquias de cervejas artesanais, que é uma tendência atualmente”, destaca Marcelo Poli, CEO e fundador da RZD Franchising, empresa formatadora de franquias.
Crescimento
A Santo Lúpulo foi fundada em 2012 como uma loja de cervejas artesanais que comercializa diversos rótulos de marcas reconhecidas e também desenvolve fórmulas próprias criando cervejas comemorativas em parceria com cervejarias regionais. Hoje, a empresa tem 12 colaboradores, fatura cerca de R$ 800 mil anualmente e está em processo de expansão. “Eu acredito muito no negócio porque há poucas franquias de cerveja no Brasil e o consumo só cresce”, diz o empresário Cristiano Carvalho.
No Brasil, o setor de fabricação de bebidas emprega mais de 120 mil pessoas de forma direta e as bebidas alcoólicas correspondem por 45,9%. Dentre as bebidas alcoólicas, a cerveja representa 72,3% do total, com mais de 42 mil empregos diretos.
Entusiastas criam grupo e incentivam o setor
Em meados de 2015, alguns poucos entusiastas da cerveja artesanal da região de Rio Preto se conheceram e passaram a compartilhar informações e experiências por um grupo de WhatsApp. Assim nasceu o Grupo Cervejeiros Rio Preto, hoje uma plataforma online de conteúdos voltados para cervejeiros de Rio Preto e região. Todos os registros, eventos e informações disponíveis podem ser acessados pelo site: www.cervejeirosriopreto.com.br.
O grupo cresceu e, há nove anos, realiza o “Encontro Riopretense de Cervejeiros Caseiros”. A última edição aconteceu em junho e reuniu 60 cervejarias e um público total de 700 pessoas. “Muitos que participaram acabam se interessando em começar a fazer em casa. Alguns foram mais longe e acabaram abrindo sua própria cervejaria”, conta Ricardo Angelo Gomes Souza, sommelier de cervejas e um dos criadores do grupo.
O empresário Fulvio Fiorin é um dos que transformaram paixão em negócio. Ele foi um dos criadores do grupo e hoje é proprietário da Casamalte Cervejaria. Ele conta que começou a se interessar pelo assunto em 2005, quando passou a produzir suas receitas caseiras. Em 2012 conheceu outros produtores e juntos organizaram o primeiro Encontro. “Já tinha muita vontade de abrir meu próprio negócio. Fui me estruturando para isso, até que em 2018 inaugurei. Hoje produzimos 10 mil litros por mês, tenho três funcionários diretos e outros colaboradores freelance no bar que é acoplado à fábrica”, conta.
O especialista em inteligência de mercado Diego Ribeiro Oquendo Cabrero é mais um apaixonado pelas cervejas artesanais. Apesar de não ter intenção de investir na própria cervejaria, busca aprimorar suas receitas de cerveja caseira para consumo próprio. Assim, calcula já ter produzido, desde 2015 até hoje, cerca de 900 litros em 12 estilos diferentes.
A quem se interesse em aprender e começar a fazer sua própria cerveja em casa, o cervejeiro amador dá a dica do custo inicial. “Para o equipamento básico você investe, em média, R$ 800, e os insumos têm muita variação de acordo com o estilo. Mas para estilos mais populares como IPA ou APA você consegue produzir 20 litros com R$ 130, em média”, afirma. (GG)
Aumento da capacidade
A Cervejaria Trieste é uma das empresas que compõem a Poty Cia de Bebidas. Fundada em 2014, começou a operar no final de 2016 e, desde então, já aumentou em 10 vezes a capacidade de produção. Atualmente a empresa conta com 30 colaboradores e projeta chegar a 50 até o final do ano.
Sendo o mercado da cerveja um setor em crescimento, a Trieste busca investir em tecnologias e sabores para sair na frente. “A gente vê crescimento de consumo e migração dos consumidores que passaram a beber novos estilos, cervejas especiais e produtos de mais qualidade. Por isso estamos no mercado mais regional, mais focado em especialidades. Dentro desse objetivo, lançamos a primeira cerveja microfiltrada do Brasil e recentemente a primeira puro malte light do Brasil”, ressalta o gerente de novos negócios da Poty, Luiz Sérgio Franzotti.
Atualmente, a Trieste comercializa oito diferentes rótulos, sete fixos e um sazonal, a Trieste Raiz, feita com lúpulo fresco, cujo plantio é feito também na região, na cidade de Cedral. “A produção dessa cerveja é limitada e a ideia não é um volume alto de vendas, mas sim uma mostra de que nossa região é capaz de fazer lúpulo qualidade e uma cerveja diferenciada por usar esse insumo fresco e não como os demais, que normalmente são importados. É uma experiência quase única no mundo cervejeiro, principalmente na nossa região”, destaca Franzotti. (GG)