Diário da Região
CALCULAR E NEGOCIAR

Reajuste da mensalidade escolar varia entre 9% e 12% em Rio Preto

Escolas e famílias de alunos têm conjugado os dois verbos para chegar ao melhor termo para definir o reajuste das mensalidades de 2022: índices de aumento variam de 9% a 12% em Rio Preto

por Liza Mirella
Publicado em 04/10/2021 às 22:08Atualizado em 05/10/2021 às 08:47
Viviane Santana, diretora do Objetivo: perspectivas positivas de manutenção e aumento de alunos (Guilherme Baffi 29/9/2021)
Viviane Santana, diretora do Objetivo: perspectivas positivas de manutenção e aumento de alunos (Guilherme Baffi 29/9/2021)
Ouvir matéria

Depois de quase dois anos de muitas dificuldades - com índices de inadimplência batendo perto de 30%, evasão escolar nas séries infantis e investimentos em tecnologia a toque de caixa - as escolas particulares de Rio Preto se preparam para o novo ano escolar. Em tempos de rematrícula para 2022 e de abertura para a chegada de mais alunos, a palavra-chave é diálogo.

E, antes que haja o diálogo entre escolas e pais, há muita matemática em jogo. É que para definir o índice de reajuste da anuidade – o que no dia a dia é chamado de mensalidade – as escolas precisam calcular todos os custos. Com os insumos nas alturas, energia elétrica com bandeira tarifária escassez hídrica, além dos reajustes previstos a funcionários e trabalhadores, todas essas despesas entram na conta.

Só que ainda em meio a uma pandemia, é preciso ponderar a situação financeira das famílias, muitas delas abaladas pela crise provocada pelo cenário atípico. A estimativa é que o reajuste dos valores para o ano que vem fique entre 9% e 12%, variando de acordo com cada instituição e dentro da margem de inflação prevista para encerrar este ano. “Todos estão impactados: famílias e escolas. É preciso dialogar e encontrar um meio termo bom, para que todos consigam passar por essa turbulência”, afirmou Cenira Lujan, diretora regional do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp).

A educadora reforça que o sufoco passado ao longo deste um ano e meio de pandemia ainda não foi superado por muitas escolas. Até porque o retorno presencial ocorreu, de fato, há dois meses. Nesse contexto, as mais prejudicadas foram as de ensino infantil, em que muitas chegaram a perder 70% dos alunos.

Em relação à inadimplência, em agosto ficou em 8,5%, pouco abaixo da média estadual, que foi de 9,10% naquele mês – o dado mais recente. “Foi um período muito sofrido, as escolas usaram suas reservas. Muitas ficaram sem reajustar os valores em função da pandemia e agora podem chegar ao limite”, disse.

Para Cristiane Lobanco, representante do Núcleo das Escolas Particulares (NEP), da Associação Comercial e Empresarial de Rio Preto (Acirp) – que reúne 37 escolas particulares – o reajuste é inevitável mediante o cenário atual e cabe às escolas olhar caso a caso. “Decidimos agora um valor que vai valer para o ano que vem, por isso precisa ser uma decisão assertiva e justa”.

Segundo ela, as estratégias das escolas para manter os alunos se baseiam na facilitação dos parcelamentos, além da apresentação dos diferenciais, das propostas educacionais e das inovações adotadas. Há escolas que fazem grandes parcelamentos da anuidade, as que oferecem descontos para irmãos, bolsas de estudo e até desconto de indicação. “Estamos com boas expectativas. Os alunos que perdemos para a rede pública tendem a voltar pela retomada da economia que está acontecendo. ”

Investimentos de modo geral

Professora e alunos durante atividade escolar na Coopen (Divulgação)
Professora e alunos durante atividade escolar na Coopen (Divulgação)

Na Coopen, o reajuste médio nas mensalidades foi de 9%. Para chegar ao valor, foi feita uma análise dos investimentos em tecnologias digitais, infraestrutura e qualidade pedagógica, assim como na contratação de pessoal para auxiliar no cumprimento dos protocolos sanitários e aquisição de produtos específicos para higienização e equipamentos, previsão de número de alunos para 2022 e índices de inadimplência. “Fizemos uma projeção do valor previsto para a inflação, para o aumento/reposição salarial dos profissionais da educação e todos os desafios impostos para superar esse momento que estamos passando e que teve um forte impacto na logística e na gestão educacional”, afirmou a diretora Arlete Scaramuzza Nicoletti.

Segundo ela, o caminho tem sido a conversa com as famílias para juntos, tentarem chegar a um acordo. E, como os aumentos de custos foram generalizados, assim como as dificuldades individuais e coletivas, os pais compreendem a necessidade do reajuste. No ano passado não houve alteração de preços. “Damos muita atenção a cada fala e em cada situação. Além disso, reconhecemos o esforço das famílias que se mantiveram em dia com as mensalidades e confiaram na escola, essa atitude fez a diferença para mantermos as portas abertas, a qualidade de ensino e a manutenção de todos os profissionais com seus salários em dia”. (LM)

Investimentos de modo geral

Depois de dois anos sem reajustar a anuidade, o colégio Objetivo não conseguiu mais segurar os valores atuais em função de todas as altas que vêm ocorrendo na economia, desde insumos como materiais de limpeza, energia elétrica, água, entre tantos outros. Em média, neste ano a alta é de 10%, só que para compensar, a escola optou por não reajustar o valor do material didático.

“Os pais têm recebido com tranquilidade, até pelo trabalho que fizemos na pandemia, com descontos para as famílias, suporte, e também um aplicativo com todas as informações, o que dá segurança para que a família faça a renovação da matrícula”, afirma a diretora Viviane Santana.

As expectativas são positivas, tanto na manutenção dos alunos quanto na busca por novos. Com cerca de 400 alunos do primeiro ano do ensino fundamental ao terceiro do médio, Viviane projeta aumento de 10%. “Os investimentos não param. Investimos em tecnologia, equipamentos, aplicativos e estrutura física. Agora, em pessoas”. (LM)