Diário da Região
RETOMADA NA IMPORTAÇÃO

Queda do dólar e retomada da economia aumentam as importações em 40,8% em Rio Preto

Queda do dólar e aquecimento da economia elevam volume de produtos importados no primeiro trimestre em Rio Preto; pescados e materiais elétricos para instalação de painéis solares puxam demanda

por Felipe Nunes
Publicado em 11/04/2022 às 21:52Atualizado em 12/04/2022 às 08:13
No primeiro trimestre de 2022 as vendas para o exterior totalizaram US$ 6,5 milhões (Ricardo Botelhor/Ministério da Infraestrutura/Divulgação)
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No primeiro trimestre de 2022 as vendas para o exterior totalizaram US$ 6,5 milhões (Ricardo Botelhor/Ministério da Infraestrutura/Divulgação)
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O volume de importação e exportação realizada no primeiro trimestre em Rio Preto mostra um aquecimento da balança comercial local. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), no acumulado até março deste ano, as importações somaram US$ 46,27 milhões. Alta de 40,8% em relação ao mesmo período do ano passado quando foram importados US$ 32,8 milhões em produtos. O volume de exportações também cresceu.

Segundo especialistas, entre as razões para a alta está da taxa de câmbio, que começou a cair em 2022. “A queda do dólar ajudou muito para que os números crescessem. Quanto menor estiver o dólar, mais gente vai se interessar em importar”, explica o despachante aduaneiro Paulo Narcizo, da Caribbean Express.

Na última sexta-feira, 8, a moeda norte-americana fechou em queda de 0,66%, a R$ 4,7094. Nesta mesma data do ano passado, o dólar comercial era vendido por R$ 5,7343 – diferença superior a R$ 1,00. “O dólar nesse patamar está atraindo um número maior de empresários interessados em importar”, completa Narcizo.

Mantendo uma tendência dos últimos anos, a predominância das importações é de peixes frescos ou refrigerados, num total de 46%. Em seguida, aparecem materiais elétricos (painéis solares e equipamentos células fotovoltaicas), num total de 28%. Produtos diversos para indústrias químicas, com 3,6%.

Apesar de ocupar a segunda posição, a importação de equipamentos para instalação de placas solares se destaca no período por apresentar uma variação de 81% em relação aos três primeiros meses do ano passado. Além da baixa do dólar, a prorrogação da legislação vigente que concede benefícios para quem gera energia a partir do sol motivou aumento na procura.

“Temos recebido muitos pedidos para importação de painéis solares. O preço da energia elétrica continua caro e está motivando a procura de indústrias e empresas”, destaca Narcizo. No ano passado, Rio Preto ocupou a primeira posição entre as cidades do estado de São Paulo que mais instalaram unidades geradores de energia solar. Em um ano, o município mais que dobrou a potência instalada - passando de 11.623,51 kilowatts (kW) em 2020 parra 25.784,44 kW em 2021.

Exportação

No primeiro trimestre de 2022 as vendas para o exterior totalizaram US$ 6,5 milhões, o que representa uma alta de 30% em relação aos US$ 5 milhões nos três primeiros meses de 2021. O resultado deste ano é superior, inclusive, ao registrado no mesmo período de 2020 - início da crise provocada pela pandemia mundial do coronavírus, quando foram exportados US$ 4,3 milhões.

Segundo o levantamento, o destaque ficou por conta das partes automotivas, com 32%, seguindo por preparações capilares (17%) e móveis residenciais (9,7%). A lista de países que mais compram das empresas de Rio Preto são Chile (28%) e Estados Unidos (25%) e Portugal (5,1%).

Energia solar tem boa participação

Leandro Martins, presidente da Ecori: expectativa de manter crescimento (Divulgação)
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Leandro Martins, presidente da Ecori: expectativa de manter crescimento (Divulgação)

Segmento que ajudou a puxar o volume de importações em Rio Preto, o mercado de energia solar está aquecido e em plena expansão, afirma Leandro Martins, presidente da Ecori Energia Solar – distribuidora que possui sede em Rio Preto e que atende todo o País. No acumulado do ano até março, a empresa registrou um crescimento de 150% se comparada ao mesmo período do ano passado. “Desde que iniciamos, nosso mercado nunca parou de crescer e a tendência é de que ele continue em expansão”.

A expectativa do mercado é de que o setor continue em uma curva ascendente, com projeção de dobrar de tamanho no País. Umas das razões para o otimismo foi a prorrogação da lei que estipula regras para geração própria de energia renovável.

“Por ser o último ano da legislação vigente está tendo muita correria em busca de sistema fotovoltaico. O consumidor que deixar para o ano que vem não vai ter tanto benefício quanto o que tem hoje. Na lei vigente, tudo o que você injetou na rede você pega em crédito. Ou seja, se você injetou mil kilowatts/hora, você pega esse volume no crédito da próxima fatura”.

Martins explica que mercado é bastante competitivo, pois a maior parte dos produtos para instalação de painéis solares possui isenção de IPI e ICMS e ainda conta com ‘ex tarifário’ – isenção na alíquota de importação devido a inexistência de similar no mercado nacional.

“Mas o mercado enfrenta alguns desafios. Isso porque algumas regiões da China, que é a maior distribuidora mundial, está passando por um lockdown contra a Covid-19. Por isso está tendo um pouco de atraso nos embarques”.

Capacitação

Uma parceria entre a Ecori Energia Soloar e a empresa Huawei está levando capacitação para jovens interessados no segmento de energia solar fotovoltaica. Nesta terça-feira, 12, uma carreta da Huawei ABGD estará no estacionamento do Shopping Cidade Norte. A carreta tem como objetivo apresentar os produtos e tecnologias da empresa multinacional de origem chinesa. Um engenheiro da Ecori estará no local para tirar as dúvidas sobre as tecnologias.

No mês passado, a Ecori e a Huawei assinaram um acordo para que a empresa com sede em Rio Preto passe a vender alguns produtos da multinacional no mercado brasileiro. (FN)

Brasil registra resultado recorde

Embalada pela valorização das commodities, a balança comercial registrou o melhor resultado positivo para meses de março desde o início da série histórica, em 1989. No mês passado, o país exportou US$ 7,383 bilhões a mais do que importou. Segundo o Ministério da Economia, isso representa alta de 19,3% em relação ao registrado em março do ano passado.

No primeiro trimestre, a balança acumula superávit de US$ 11,313 bilhões. Isso representa 37,6% a mais que o registrado de janeiro e março do ano passado (US$ 8,087 bilhões). O saldo é o segundo melhor da história para o período, perdendo apenas para 2017, quando o superávit tinha ficado em US$ 13,016 bilhões.

No mês passado, o Brasil vendeu US$ 29,095 bilhões para o exterior e comprou US$ 21,711 bilhões. As importações e as exportações bateram recorde em março, desde o início da série histórica, em 1989. As exportações subiram 25% em relação a março do ano passado. As importações aumentaram 27,1%.

Um dos principais responsáveis pela recuperação do saldo comercial foi a valorização das commodities, que subiram em março em meio ao acirramento das tensões entre Rússia e Ucrânia. (Agência Brasil)

Estatísticas

Primeiro trimestre 2022

  • Saldo da balança comercial US$ - 39,77 milhões
  • Importações US$ 46,27 milhões
  • Alta de 40,8% em relação ao primeiro trimestre de 2021
  • Peixes frescos ou refrigerados 46%
  • Dispositivos fotossensíveis, incluídas placas solares 28%
  • Inseticidas, fungicidas, herbicidas 3,6%
  • Aparelhos para circuitos elétricos 2,6%
  • Chapas e tiras de alumínio 2,2%

Países

  • Chile 47%
  • China 54%
  • Estados Unidos 1,9%
  • Vietnã 1,1%
  • Alemanha 0,72%
  • 0,3% de participação nas importações do Estado
  • 63º no ranking estadual
  • 0,08% de participação nas exportações do País
  • 190º no ranking nacional

Exportações US$ 6,5 milhões

  • Alta de 30% em relação ao primeiro trimestre de 2021
  • Carrocerias para veículos 28%
  • Preparações capilares 17%
  • Outros móveis e suas partes 9,7%
  • Artefatos de joalheria 8,4%
  • Torneiras, válvulas e dispositivos para canalização 4,1%

Países

  • Chile 28%
  • Estados Unidos 25%
  • Portugal 5,1%
  • Emirados Árabes 4,3%
  • Argentina 4,2%
  • 0,04% de participação nas exportações do Estado
  • 184º no ranking estadual
  • 0,009% de participação nas exportações do País
  • 733º no ranking nacional

Fonte – Ministério Indústria, Comércio Exterior e Serviços