Diário da Região
MERCADO EM MUTAÇÃO

Pandemia altera recrutamento e seleção nas empresas em Rio Preto

Pandemia de coronavírus provocou mudanças no mercado de trabalho, na forma como as empresas especializadas fazem contratações de trabalhadores e gerou movimentações de trocas de áreas profissionais

por Felipe Nunes
Publicado em 28/12/2021 às 01:25Atualizado em 28/12/2021 às 08:19
Pandemia de coronavírus provocou mudanças no mercado de trabalho (Pixabay/Banco de imagens)
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Pandemia de coronavírus provocou mudanças no mercado de trabalho (Pixabay/Banco de imagens)
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A pandemia acelerou diversas transformações no mercado de trabalho e mexeu também na forma com a qual muitas empresas se relacionam com as pessoas. Mudanças que exigiram uma adaptação também das empresas de recrutamento e de seleção, que precisaram alterar a estratégia para buscar talentos.

Após um período de escassez de vagas, durante os momentos mais críticos da pandemia, o mercado voltou a aquecer e o número de oportunidades disponíveis está crescendo de maneira gradativa. Na Action RH, por exemplo, o volume de novas contratações na reta final deste ano dobrou em relação aos outros anos. Esse aumento é causado, sobretudo, pela movimentação das empresas em recompor seus quadros de funcionários.

“Observamos que tivemos um volume bem expressivo de vagas efetivas mesmo agora no fim do ano. Geralmente, nessa época o foco das empresas é no trabalhador temporário. Mas, este ano, em específico, as vagas temporárias deram espaço para as efetivas”, afirma Ellen Leandra Anholeto, diretora da Action RH.

No entanto, a dinâmica para contratação desses profissionais mudou. Os processos que eram realizados presencialmente com etapas de dinâmicas de grupo, avaliação psicológica e entrevista pessoal mudaram, afirma Ligia Pícoli, diretora e especialista em Carreira e Recolocação na Fibra RH.

“Hoje tudo acontece remotamente. Todas as entrevistas são feitas por plataformas digitais e os testes de português, matemática, idiomas e de comportamento também são online”, destaca Ligia. Também há casos em que os candidatos são submetidos a ‘situações problema’, que precisam ser resolvidas e respondidas por meio de áudio ou vídeo. Ainda segundo a especialista, até mesmo a fase de entrega dos documentos para admissão mudou e agora é feita de forma virtual, à distância.

Essa nova maneira de se recrutar abrange tanto as oportunidades para trabalho presencial, quanto para híbrido ou mesmo home office. “Desde o primeiro contato até a entrevista final. Em muitos casos, o candidato comparece na empresa apenas para iniciar o trabalho”, afirma Martinez CEO da Triarh. Ela também reforça que com o avanço da vacinação, as empresas se sentem mais seguras para a contratação de novos colaboradores.

Mas não foi apenas a forma de se recrutar que mudou, o foco das perguntas na hora de filtrar os talentos também. Durante a seleção, os recrutadores precisam entender se o profissional possui interesse e estrutura para trabalhar nos modelo híbrido ou home office. “É preciso entender se ele tem condições de exercer em casa as atividades e entregar os resultados que as empresas precisam”, diz Ellen. Ela reforça que falar sobre a estrutura do trabalho ganhou bastante importância em um cenário de pandemia, já que antes as empresas já tinham a estrutura necessária para receber o profissional. Mas agora, é preciso analisar se o profissional tem condições de ter um espaço em casa que seja propício para a realização das atividades.

Área aquecida

Nas agências de recrutamento e seleção de Rio Preto, os profissionais mais procurados pelas empresas são das áreas de marketing e comercial e de tecnologia da informação (TI) – que registrou um aumento expressivo durante a pandemia.

“Tem muito mais vagas abertas para tecnologia do que profissionais qualificados para preenchê-las. Com isso os candidatos acabam tendo maior chance de escolha até porque, trabalhando remotamente, passa a ser candidato a empresas em outras cidades, estados e até outros países”, afirma Lígia.

Ela ainda destaca que os profissionais de tecnologia sempre pleitearam trabalhar remotamente, porém a grande maioria das empresas não cogitava essa possibilidade. “Com a pandemia, este cenário mudou completamente. Hoje é difícil vermos vagas para esta área que não seja para trabalho remoto”.

Outras áreas bastante solicitadas são de profissionais para trabalhar nos setores de departamento pessoal, fiscal e contábil.

Mudanças no recrutamento durante a pandemia

Como a pandemia afetou diretamente o mercado de trabalho, os processos de recrutamento tiveram que se adaptar e sofreram mudanças. Confira quatro dessas mudanças dentro dos processos
de contratação durante o isolamento social:

1 - Maior preocupação com a contratação humanizada

Há uma preocupação maior e humanizada com o candidato. A pandemia trouxe a busca mais árdua por talentos reais. Além disso, as empresas não podem mais se basear apenas em universidades e faculdades técnicas. As hard skills são importantes, mas as soft skills são ainda mais necessárias

2 - Tecnologia cada vez mais aliada

Agora, é importante saber utilizar bem aparelhos tecnológicos e softwares. Isso tem sido essencial para ser selecionado para uma vaga. Todas as etapas de um recrutamento estão sendo feitas no modo digital e muitos sites de emprego se adaptaram a isso, disponibilizando ferramentas para que as provas e testes de um processo sejam feitos com facilidade online

As entrevistas também são todas por chamadas de vídeo e existem diversas plataformas utilizadas para essa finalidade. Além disso, é possível encontrar candidatos mais distantes geograficamente, já que o trabalho é remoto. Assim, as chances de encontrar o profissional ideal aumentam

3 - Benefícios flexíveis

Com o trabalho remoto e as novas estratégias de recrutamento, as empresas remodelaram os benefícios oferecidos. Agora, como o trabalho não é mais presencial, esses benefícios se tornam outros e nas novas vagas divulgadas, é perceptível essas mudanças. No momento atual, é importante cuidar da saúde mental e física. Por isso, muitas empresas procuram atender essas necessidades e até oferecem descontos em cafeterias ou espaços de coworking (ambientes compartilhados) para os que gostariam de sair um pouco do home office, por exemplo

4 – Mudança na Cultura interna

Como as empresas estão trabalhando com seus times remotamente, surgiu a necessidade de criar ou reforçar ainda mais uma cultura interna da organização. Isso porque, justamente durante o processo de recrutamento, o candidato deseja entender e se sentir parte dessa empresa, já que o trabalho está distante de certa maneira. Por isso, na divulgação de vagas e até o processo de integração, as empresas expõem todos os seus valores, cultura interna, missão e propósito, para que assim os futuros funcionários continuem seguindo esse conjunto de aspectos no trabalho não presencial

Fonte – Rocketmat

Profissionais em busca de novos ares

Se a pandemia exigiu uma mudança de comportamento, ela também influenciou na mudança do plano de carreira de muitos profissionais. Tanto que, durante o trabalho de consultoria nas empresas de recrutamento e seleção de Rio Preto, os recrutadores passaram a atender um número cada vez maior de profissionais em processo de transição de carreira.

São pessoas que trabalharam por muitos anos no mundo corporativo, por exemplo, e que agora passaram a buscar uma transição para uma área alinhada a seus propósitos e interesses de vida, mudando completamente a trilha da carreira, pontua Ligia Pícoli, diretora e especialista em Carreira e Recolocação na Fibra RH.

“Neste pensamento de alinhar desejo pessoal com trabalho ideal, a grande opção está sendo o empreendedorismo e a aquisição de franquias, além do e-commerce e as redes sociais ser um forte aliado para esta transição”.

Entre as motivações que influenciam a busca por uma mudança de área está a realização pessoal, desejo de maior liberdade, tempo de qualidade com a família e possibilidade de ganhos variáveis, sem teto salarial.

“Durante a pandemia, foi observado a necessidade dos profissionais se reinventarem, principalmente de maneira autônoma. Proporcionando com isso, o ganho de experiências em atividades que podem vir a agregar para as futuras recolocações. Acreditamos que o principal motivo foi a demissão em massa por conta da pandemia, e a procura das novas oportunidades aconteceu de acordo com os interesses pessoais”, reforça Ana Martinez, CEO da TRIARH.

Muitos profissionais tiveram que se readequar por conta das restrições da pandemia, e com isso, tivemos diversos profissionais fazendo transições de carreira, para buscar uma nova alternativa no mercado, explica Ellen Leandra Anholeto, diretora da Action RH. (FN)

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