Mudanças que vieram para ficar
Delivery dos mais variados produtos, e-commerce, álcool em gel e home office. Essas são algumas das mudanças surgidas com a pandemia e que devem permanecer nas empresas


A pandemia acelerou processos e inovações que vieram para ficar. Álcool em gel na recepção, delivery inclusive de sobremesa, home office, e-commerce de quase tudo e aquelas marcações que indicam distanciamento entre as cadeiras são medidas adotadas por diversos tipos de estabelecimentos e com as quais devemos conviver por mais tempo do que a pandemia - que esperamos termine em breve.
E justamente as empresas que foram mais rápidas em implementar essas inovações é que tendem a se manter firmes e fortes no mercado. Dentro desse contexto, a digitalização dos negócios - inclusive com a criação de e-commerce para ampliar as vendas é determinante – e o aprendizado sobre as redes sociais podem garantir crescimento. “Tornar o negócio digital é fundamental e vai continuar sendo usar as redes sociais como um canal de relacionamento e não de vendas”, afirma Sabrina Ikeda, consultora do Sebrae.
Para o especialista em inovação Wladimir d´Andrade, o trabalho remoto também é algo importante que veio para ficar e que deve provocar o desenvolvimento do trabalho híbrido, parte da equipe na empresa e parte em casa. “Com isso, a disputa por talentos fica muito mais acirrada porque agora as empresas podem contratar profissionais em qualquer lugar do mundo”, afirma.
Ele destaca ainda que, no primeiro momento, o home office trouxe mais desafios do que benefícios para as empresas, que precisam aprender a trabalhar com funcionários que não estão fisicamente juntos. “A gestão vai precisar de tecnologias que ajudem a entender o emocional dos colaboradores e como eles estão se relacionando com seus colegas, líderes e ambiente organizacional. Do contrário, ela só vai identificar problemas de insatisfação dos talentos ou conflitos quando for tarde demais para resolver. E isso significa um custo gigantesco”.
Quando se fala em uma iniciativa que cresceu muito na pandemia, estimulada pelas medidas de restrição que impuseram o fechamento de bares, restaurantes e outras lojas não essenciais em diferentes períodos, o destaque foi o delivery. Hoje, é possível comprar praticamente tudo pela internet e receber em casa. “Quem não tinha, teve que se adaptar e não pode voltar atrás porque o cliente se acostumou”, afirma Sabrina.
Segundo o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São José do Rio Preto e Região (Sinhores), Paulo Silva, a pandemia trouxe mudanças significativas que não serão esquecidas mesmo após ultrapassar esse período. “No segmento gastronômico, além do álcool em gel, do cardápio digital e do fortalecimento do delivery, certamente a união construída nesse período de grande dificuldade permanecerá. A frase juntos somos mais fortes nunca fez tanto sentido”, disse.
Ao cenário pós-pandêmico, devem ser fortalecidos os small good business (pequenos negócios de sucesso). São negócios de nicho que oferecem atendimento personalizado e conveniência para grupos específicos de pessoas, como por exemplo dentro de um condomínio, no bairro e nos espaços de convivência. “Não se assuste se voltarmos a ter mais sapateiros, alfaiates, leiteiro, serviços gourmet a domicílio, vendas de porta a porta, entre outros”, afirma D´Andrade.
Novidades que vão ficar
Quem chega ao No.Cafee é surpreendido com algumas presenças charmosas. Para marcar os assentos que não devem ser ocupados para manter o distanciamento, ao invés de cartazes ou aquelas fitas de interdição se depara com ursinhos de pelúcia, numa ação que tem chamado a atenção dos clientes. “Os clientes amaram tanto que fotografam ou compram para levar para casa. Um deles ganhou nome: Ted e ficou muito famoso nas redes sociais”, afirmou a proprietária Marisa Borsato.
Segundo ela, a ideia surgiu neste ano, justamente para se adequar a um dos decretos municipais que limitava a quantidade de clientes permitida no espaço. Além dessa inovação, a casa surgida no ano passado, em plena pandemia, já veio com iniciativas como cardápio virtual acessado via QR code e delivery. “Os clientes já se habituaram a fazer pedidos. Nossos toasts, hambúrgueres, risotos e panquecas são os campeões de venda no delivery.”
Na APP Sistemas, o trabalho remoto começou em março do ano passado. De lá para cá, só ganhou força. Segundo Gerson Pedrinho, Diretor de Tecnologia, mesmo com o fim da pandemia, a modalidade vai ficar em sistema híbrido. Parte da equipe – em operações que exigem interação – vai para a empresa, outra parte fica em casa. “Vai ser uma escolha. Quem tiver instalações adequadas e quiser ficar em casa, pode ficar, quem for de fora de Rio Preto, trabalha de casa. Vou sugerir também que possam ir dois ou três meio períodos à empresa por semana para não perder o contato”, disse.
A queda de paradigmas causada pela pandemia foi o início da contratação de profissionais de outras cidades, como São Paulo, Curitiba e Florianópolis. Dos cerca de 60 funcionários, dez não moram aqui. “Os ganhos do home office são redução de custos com ar-condicionado e de aluguel (para quem for para local menor), além do ganho de tempo e menos gastos com combustíveis pelos funcionários. A desvantagem é perder a cultura organizacional e os riscos para a saúde com a falta de contato”, disse.
No Buffet Fauze Karam, que retomou as atividades presenciais neste fim de semana, os convidados que chegarem serão recepcionados com aferição de temperatura, displays de álcool gel e tapetes sanitizantes. Além de público reduzido a 60% da capacidade total do espaço, a festa vai até o limite de horário: 23h. “Além de luvas plásticas e proteção de aparadores, o álcool gel será uma presença em todos os espaços. Equipes de limpeza serão intensificadas e o distanciamento entre as mesas observados além de, claro, o uso das máscaras nos ambientes comuns”, diz Fauze Karam, dono do espaço.
Segundo a empresa, o funcionamento foi possível devido às observações e alvarás que atestem a atividade, além da intensificação do controle das as pessoas envolvidas no processo. “Todas as pessoas que estiverem trabalhando antes, durante e após os eventos deverão observar a limpeza de pés, mãos e o uso de máscaras. Todas estas medidas vieram para ficar. Garantiremos a segurança não apenas de nosso público, mas de toda a nossa equipe”, disse o empresário.
Lançado há três meses, o e-commerce da Multi Elétrica, loja que atua no segmento de elétrica e hidráulica, já era um projeto da empresa, mas foi impulsionado pela pandemia. Já são 4 mil produtos à venda. “A decisão se deu principalmente devido aos novos hábitos de compra do consumidor. A empresa ou comércio que não está na internet não aparece e perde vendas e identificamos neste espaço uma grande oportunidade de expansão”, afirmou Sabrina Aissa, gerente de marketing.
Outras iniciativas da empresa, fundada em 2020 e que conta com 70 funcionários, foram a inserção de mais opções para o relacionamento direto com o consumidor, com um departamento de call center e atendimento por whatsapp, além de aumentar a frota para melhorar o prazo de entrega. (LM)