As mudanças de hábito aceleradas pela pandemia do coronavírus fizeram com que tendências, antes restritas a alguns nichos de mercado, passassem a ser cada vez mais adotadas. Esse fenômeno mexeu também com o mercado de trabalho e tornou evidente alguns cargos até então latentes.

São profissionais ligados às áreas de tecnologia, mercado financeiro, vendas e marketing, recursos humanos, finanças e contabilidade, que passaram a ser mais disputados pelo mercado e que têm possibilidade de conseguir empregos com salários que se aproximam de R$ 30 mil.

A projeção faz parte de um levantamento da 14ª edição do Guia Salarial 2022 Robert Half, empresa especializada em recrutamento e seleção. O estudo apresenta as principais tendências de recrutamento e de setores em alta, além das posições em destaque em diferentes áreas do mercado de trabalho.

De acordo com o levantamento, as empresas que lideram as contratações são as das áreas de tecnologia, bens de consumo, varejo, agronegócio e logística (destaque, também, para as startups de diferentes segmentos).

Segundo Amanda Adami, gerente da operação da Robert Half no interior de São Paulo, alguns desses cargos não se tratam, necessariamente, de profissões novas. Podem ser cargos que já existiam, mas que passam a lidar com novos temas. Como, por exemplo, o profissional de infraestrutura em tecnologia, que precisou dar suporte para que as empresas conseguissem manter parte dos colaboradores em home office.

“Era uma tendência que a área de tecnologia da informação liderasse as contratações do ano e isso ficou muito mais evidente por conta da pandemia, já que muitas empresas precisaram correr atrás para contratar esses servidores. Isso vai se manter no ano que vem”, argumenta.

De acordo com o levantamento, entre os cargos mais buscados pelas empresas, atualmente, estão os de desenvolvedores, arquitetos de soluções, profissional de dados, de infraestrutura e segurança da informação.

No setor industrial, o profissional de planejamento de produção deve estar entre os mais cobiçados pelas empresas em 2022. Segundo Amanda, o desarranjo no sistema das cadeias produtivas provocado pela pandemia exige que as empresas passem a investir em planejamento. “Devido aos problemas de matéria-prima, é preciso cada vez mais pensar o quanto a empresa está estruturada. É preciso planejamento para produzir seu produto, o que independe do segmento da empresa”.

Ela explica que a pandemia também destacou a importância dos profissionais de recursos humanos, e o de planejamento financeiro. “Essa foi uma área muito parecida com a área de planejamento de produção. É o profissional que traduz a parte produzida em números e, esses números, em tomada de ação mais estratégica da empresa”.

Mais flexíveis

A evolução do trabalho remoto abriu novas opções de emprego para muitos profissionais, que agora podem se candidatar para funções em outras cidades, sem a necessidade de deslocamento. Segundo Amanda, essa é outra tendência que foi acelerada pela necessidade do distanciamento social e que deve continuar, mas agora sem a desculpa da pandemia.

Ela reforça que boa parte dos trabalhadores percebeu que é possível ter uma boa qualidade de trabalho atrelado a uma boa qualidade de vida. “Se as empresas não entenderem que elas precisam aplicar esse modelo de trabalho híbrido, ela não vai conseguir atrair bons profissionais, como também não reterá os próprios funcionários. Isso vai ser uma tendência, pensar que a qualidade do seu profissional não depende de onde ele está sentado fisicamente”.