Brechós ganham mais espaço no mercado e buscas por itens de segunda mão crescem 572%
Levantamento do Sebrae, com base em dados da Receita Federal, mostra que a abertura de estabelecimentos que comercializam produtos de segunda mão teve um crescimento de 48,58% entre os primeiros semestres de 2020 e 2021

Consumir de forma mais consciente, economizar e encontrar itens diferenciados e até exclusivos. Estes são apenas alguns dos benefícios apontados por quem costuma comprar em brechós. E esse ramo de negócio está em alta. Por causa da pandemia de Covid, muitas pessoas precisaram rever seus hábitos de consumo. Outras aproveitaram o período de isolamento para criar um negócio on-line e ajudar no orçamento. Segundo dados da ferramenta de buscas do Google, as pesquisas por peças de segunda mão cresceram 572% no Brasil entre os primeiros semestres de 2019 e de 2022.
Levantamento do Sebrae, com base em dados da Receita Federal, mostra que a abertura de estabelecimentos que comercializam produtos de segunda mão teve um crescimento de 48,58% entre os primeiros semestres de 2020 e 2021. E esse comércio foi facilitado nas redes sociais. Em Rio Preto, apesar de não existir dados sobre o número de brechós na cidade, com uma busca rápida no Google ou nas redes sociais é possível encontrar dezenas. E de vários perfis.
Apaixonada por moda e brechó, Sandra Regina Paixão enxergou nesse ramo uma nova forma de empreender. Há seis meses, ela abriu o Paixão por Brechó. “Com a pandemia resolvi unir essas duas paixões e empreender. Além de ser uma fonte de renda, o brechó é uma oportunidade para renovar o guarda-roupas com um custo baixo”.

Mesmo com a loja física, Sandra afirma que seu forte é a internet. “As pessoas nos procuram porque oferecemos peças de qualidade, atuais e com preço acessível”. São cerca de 1,2 mil peças femininas entre roupas, calçados e acessórios que custam entre R$ 9,90 e R$ 110. “A economia chega a 60% em peças e modelos atuais, podendo chegar a até 80%. Nada melhor do que a cliente poder fazer permuta de algo que não lhe serve mais por um produto que será útil e, da mesma forma, fazendo a moda circular”.
Em 2019, ao concluir a faculdade de moda, Naielle Granzotto, hoje empresária, criou o Ayē Brechó. “Os brechós são um meio de consumir de forma consciente, encontrar relíquias vintage, dar nova vida a peças descartadas e tornar possível que elas contem novas histórias. Aqui temos peças entre R$ 20 e R$ 250. Comprar em brechó tem inúmeros benefícios, é muito mais do que pagar menos por algo. Percebo que cada vez mais pessoas buscam repensar suas formas de consumo e questionam sobre a procedência dos produtos que consomem”.

Segundo ela, o seu público é composto em sua maioria, por mulheres jovens. “Nosso atendimento é presencial, na loja física e on-line, por meio do Instagram, WhatsApp e site. Nós só compramos peças em bazares e instituições que revertem os lucros para projetos sociais. Temos em torno de 250 peças e a reposição é feita diariamente”, revela.
Consumo consciente está em crescimento

O consumo consciente está em evidência nas redes sociais. Principalmente quando falamos sobre a venda de roupas usadas. No Instagram, por exemplo, a busca pela hashtag “brechó” gera cerca de 2,9 milhões de resultados. De acordo com um estudo da Revista Brasileira de Pesquisas de Marketing, Opinião e Mídia, os principais compradores são do gênero feminino entre 18 e 25 anos. De olho nesse mercado, a empresária Simone Hernandes resolveu investir nesse modelo de negócio, quando deu início ao Brechic, pouco antes da pandemia, apenas com amigas. “Comecei com roupas minhas, fazendo a cada três meses. Hoje funciona 10 dias por mês, sempre com roupas diferentes. Um formato que investi e deu certo”, revela.
No Brechic, todas as peças custam R$35. “Temos peças que novas custariam até R$ 700, R$ 800, óculos de cerca de R$ 1 mil. Geramos sustentabilidade, menos lixo, reciclagem, oportunidade de compra de forma mais justa e colaborativa. As pessoas estão se encantando com os brechós, tendo uma nova visão, as roupas são novas, conservadas, muitas estão sem uso ou com etiquetas. Acabou a história do bazar da pechincha com roupas empoeiradas, sujinhas, poídas. Brechó é uma tendência que veio para ficar”.
Com quatro filhos, a empresária Monica Cavallari era freqüentadora assídua de brechós infantis. No entanto, nunca encontrou nenhum que tivesse peças para ela. Foi quando, em 2011, resolveu investir no ramo e abriu o Baú Brechó. “Ou eram lojas com peças muito caras, ou brechós sem muito cuidado. Eu queria um lugar que tivesse peças atuais, de marcas renomadas, num ambiente organizado e limpo, e com precinho que eu pudesse comprar várias peças de uma única vez. Foi então que decidi abrir um brechó”.
Com um estoque de quase 5 mil peças, o Baú Brechó tem peças adulto e infantil, entre roupas, sapatos, bolsas, óculos de sol e acessórios. “As peças mais baratas são infantis, a partir de 9,90. As mais caras são bolsas de grife original a R$ 297. O conceito do Baú Boutique Brechó é: peças e ambiente de boutique, com preço de brechó. Praticamos valores médios onde a economia pode chegar a 90% do valor de mercado de uma peça nova. Se você vai a uma loja de departamentos, todas as peças são muito parecidas e repetidas. Num brechó, podemos encontrar peças mais exclusivas, diferentes”, afirma. (MMM)