Exportações crescem 17% entre janeiro e outubro na região de Rio Preto
Volume negociado pelas principais cidades do Noroeste paulista chegou a US$ 2,7 bilhões nos dez primeiros meses do ano; venda de açúcar continua sendo destaque regional


O volume de exportação nas principais cidades do Noroeste paulista cresceu 17% entre os meses de janeiro e outubro deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado. Nos dez primeiros meses do ano, as empresas da região negociaram US$ 2,7 bilhões para o exterior, enquanto no ano anterior haviam sido comercializados US$ 2,3 bilhões.
O cálculo levou em consideração o desempenho de 40 municípios da região que ultrapassaram a marca de US$ 1 milhão exportados.
Novamente, o destaque ficou para as cidades produtores de cana-de-açúcar, que ocupam o topo da lista. Para especialistas, o saldo é positivo e a expectativa é de que números se mantenham altos em 2024.
O destaque foi a cidade de Catanduva, que exportou US$ 326,5 milhões. O volume é 31% superior ao valor vendido para o exterior no mesmo período do ano anterior. Esse desempenho manteve a cidade no topo da lista regional das cidades exportadoras e garantiu a 38ª posição no ranking estadual.
Entre os produtos mais comercializados estão o açúcar (61%) e o café (22%). A China teve a maior procura por produtos catanduvenses, com participação de 21,4%. Na sequência aparecem Arábia Saudita (9,2%) e Índia e Marrocos (ambos com 7%).
Economista e presidente da Associação Comercial Empresarial (ACE) de Catanduva, Marcos Escobar atribui o bom desempenho da cidade ao seu perfil agroindustrial. “O mundo está precisando de alimentos, de produtos que são oriundos da agricultura e do agronegócio. E Catanduva tem um DNA muito forte para o comércio exterior”, afirma.
Conflitos
A cidade novamente manteve o protagonismo porque o açúcar e o café estão com uma demanda internacional muito forte e o produto brasileiro ganhou mais evidência com o conflito entre Rússia e Ucrânia, afirma o despachante aduaneiro da Caribbean Express, Paulo Narciso Rodrigues.
“Nós fomos bastante favorecidos com a guerra, que abriu muitos mercados. A China está comprando de tudo em termos de commodities e muitos negociadores chineses estão procurando a região para se instalar e comprar a produção regional”, diz.
Mas não foi apenas o conflito europeu que contribuiu para abrir as portas de empresas locais para o mercado estrangeiro. Ainda segundo o especialista, durante o governo de Donald Trump a relação diplomática entre Estados Unidos e China ficou bastante abalada, e o entrave entre as duas superpotências abriu o mercado para exportadores de móveis da região. “Uma vez lá, as vendas não vão parar”, afirma Narciso.
Ainda de acordo com Escobar, a projeção é de que Catanduva feche o ano com o volume de US$ 415 milhões em exportações. “O açúcar está com preços excepcionais no mercado internacional, além disso devemos continuar exportando o café, o limão e o óleo de amendoim. As estimativas colocam que teremos no ano que vem, pelo menos, um crescimento de 10% em cima dessas exportações”.
Rio Preto
As exportações das empresas de Rio Preto atingiram US$ 38,2 milhões nos dez primeiros meses do ano, o maior volume para o intervalo desde 1997. Na comparação com 2022, o crescimento ficou na ordem de 22% ao se comparar com os US$ 31,8 milhões daquele ano. Apesar da alta, a cidade ocupa apenas a 61ª colocação no ranking de exportadores do Estado.
Catanduva tem evento
Principal potência no mercado de exportação, a cidade de Catanduva recebe nesta quarta-feira, 29, a terceira edição do Nace - Núcleo ACE de Comércio Exterior. O evento é organizado pela Associação Comercial e Empresarial de Catanduva.
Segundo os organizadores, o objetivo do fórum que deve reunir cerca de 200 empresários da região é fomentar o comércio exterior entre os empresários locais.
Segundo Marcos Escobar, presidente da ACE, o segmento de exportação tem se tornado uma área bastante relevante e um grande gerador de empregos e receitas para os municípios.
“Nós temos um parque agroindustrial muito forte na nossa região, formado por usinas de açúcar e etanol, indústrias de café, de fruticultura e pecuária. É bem diversificado”, afirma Escobar.
Durante o encontro, os participantes acompanharão palestras de renomados profissionais e especialistas em mercado internacional, como o ex-Secretário da Fazenda de São Paulo, economista e membro do conselho superior da Fiesp, Felipe Salto.
O evento também terá a participação do atual secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais, Júlio Ramos.
Ainda para Escobar, o fórum tem o objetivo de potencializar ainda mais o desempenho das empresas na exportação de seus produtos ou na importação de insumos de maneira mais competitiva em termos de custos. “O mundo está precisando de alimentos e nós temos condições de atender essa demanda”. (FN)