Diário da Região
COMODIDADE

Na pandemia, empreendedores apostam na 'bag delivery' em Rio Preto

Em tempos de vendas online, empreendedores de confecções apostam no contato direto – a sacola em casa – para personalizar atendimento

por Michelle Monte Mor
Publicado em 19/07/2021 às 22:08Atualizado em 20/07/2021 às 07:44
Empreendedora Josi Canovas reforçou medidas de higiene no envio da bag às clientes (Johnny Torres)
Empreendedora Josi Canovas reforçou medidas de higiene no envio da bag às clientes (Johnny Torres)
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A pandemia do coronavírus afetou diversos segmentos da economia, mas o varejo como um todo foi o mais prejudicado. De acordo com números da Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, a queda acumulada em 2020 foi de quase 23%, na comparação com 2019. No entanto, apesar da crise de saúde e econômica, algumas empreendedoras conseguiram driblar as dificuldades causadas pelo isolamento social e fazer crescer o negócio durante a pandemia.

Para isso, além de utilizar ferramentas disponíveis na internet, comerciantes que trabalham com moda investiram na bag delivery (sacola de roupas entregue em casa) para manter o contato com a clientela e deixar o atendimento mais próximo e personalizado. A empreendedora Josi Canovas é um exemplo em Rio Preto. Em outubro de 2020, ela resolveu deixar o mercado da comunicação para se dedicar ao ramo de moda. “Com a pandemia, decidi montar uma loja para ficar mais perto das minhas duas filhas. Abri a Donas Boutique Feminina em casa. E hoje, além do espaço físico, ofereço o bag delivery, pois muitas clientes preferem assim pela praticidade, segurança por causa da pandemia e falta de tempo”, afirma Josi.

Com a opção de bag delivery, as clientes selecionam as peças que mais gostaram e recebem a sacola em casa, para experimentar com calma. Sem a necessidade de sair e sem custo. “Tem muita cliente que adora a bag, pela comodidade, por poder provar as peças em casa e também por falta de tempo. É possível escolher até 20 peças no nosso site para provar ”.

Por conta da pandemia, intensificou os cuidados com a bag. “Higienizo as mãos com álcool, passo na malinha toda e passo as roupas no vapor, antes de levar e quando voltam da cliente”.

A empresária Anice Moreira também conseguiu manter seu negócio e aumentar as vendas durante a pandemia. Dona da marca Assédio, Anice, que trabalha com moda há 25 anos, revende peças que compra em São Paulo. “Já cheguei a ter sete lojas. No início da pandemia estava com duas e resolvi fechar para focar nas vendas online com a ajuda do Instagram e pelo WhatsApp, pois já tinha dois grupos grandes. Hoje tenho cinco grupos de clientes nesse aplicativo. O segredo para manter o negócio foi fidelizar os clientes e oferecer novidades diariamente. As pessoas me procuram, marcam hora e eu levo as peças até elas”, comenta.

A empresária revela que o atendimento personalizado faz toda a diferença. “Dou atenção, conquisto as clientes. Com a pandemia tive que mudar a minha forma de comprar também. Vou uma vez por mês para São Paulo, mas recebo roupas diariamente. O comodismo e a necessidade de ficar em casa abriram as portas para o meu negocio crescer. Afinal, com a pandemia, ninguém quer sair e se arriscar”, afirma.

Outra empresária que precisou mudar seu negócio por causa da pandemia foi Neide Pinheiro, proprietária da Neide Viagens. Sua agência oferecia quatro viagens semanais para São Paulo, para lojistas de Rio Preto. Com o isolamento social, os comerciantes pararam de viajar e Neide teve de adaptar seu serviço.

“Fiquei um mês parada no inicio da pandemia. Mas após perceber o novo comportamento dos clientes, que continuavam a pedir mercadorias, resolvi oferecer um novo serviço: o transporte de mercadorias. Os produtos chegam em menos de 24 horas. Com esse novo serviço consegui manter e melhorar meu negócio”.

Digital e presencial se completam

O comercio online virou protagonista e cresceu durante a pandemia. Em apenas oito meses de 2020, a participação do e-commerce no varejo de moda global passou de 16% para 29%. Nesse contexto, explorar novos territórios no universo digital passou a ser compulsório. Vale investir em social commerce, atendimento personalizado por vídeo, grupos de WhatsApp e ações promocionais em redes sociais.

“Hoje eu tiro fotos e faço vídeos de todos os produtos que recebo. Publico nas redes sociais, WhatsApp e e-commerce. A internet é um grande catálogo de moda. Além disso, as pessoas escolhem pele internet e nós levamos até elas”, explica a empreendedora Fabiana César, dona da loja Ponto Chic.

Fabiana trabalha com moda há mais de 20 anos, começou como sacoleira e teve loja física por 11 anos. Segundo ela, quem soube ser maleável e se reinventou, conseguiu ganhar espaço e crescer na pandemia. “O que mudou foi a forma de consumo. Meu negócio cresceu 15% durante essa pandemia, pois eu já fazia esse trabalho na internet e consegui pontencializá-lo nesse período de distanciamento social, oferecendo também o delivery de peças.”

Planejar e investir na qualidade do atendimento e no marketing são estratégias indispensáveis para quem deseja aumentar as vendas e fidelizar os clientes. Depois de perder o emprego logo no início da pandemia, em 2020, a microempresária Mayara Fernanda da Silva, da Boutique da Preta, resolveu investir no ramo de roupas, negócio que funcionava como segunda fonte de renda. “Sempre trabalhei com online e agora montei um e-commerce, marketplace e loja no Instagram. Utilizo muito as redes sociais e bag delivery também. As pessoas selecionam as peças, eu separo e levo a sacola até elas”.

Antes da pandemia, Mayara buscava a mercadoria em Goiânia, GO. Agora, sem viajar, faz tudo via Whatsapp e recebe pelos Correios.

“Quando perdi o emprego fiquei desesperada. Senti muito medo de não dar conta, do futuro. Mas a pandemia acabou alavancando meu negócio de roupas e me deu um gás, já que o consumidor passou a comprar mais online, sem precisar sair de casa para ir até a loja. Hoje sobrevivo assim, das vendas online e da bag delivery. . (MMM)