Lojas do segmento erótico registram aumento nas vendas em Rio Preto
Mais tempo em casa levou casais a investirem no relacionamento e impulsionou venda de sexy toys


Muitos setores foram prejudicados pelos efeitos da pandemia de coronavírus, mas também houve aqueles que estão sendo fortalecidos. É o caso do mercado erótico, que registra alta nas vendas desde o ano passado, quando as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa. Pesquisa nacional revela que, no pico da pandemia, entre março e maio do ano passado, houve alta de 50% na venda de vibradores, cenário que se confirma nas lojas especializadas de Rio Preto e vem sendo mantido.
Levantamento do portal MercadoErotico.Org mostra que mais de um milhão de vibradores foram comercializados durante a pandemia no País. Mulheres casadas na faixa de 25 a 35 anos foram as que procuraram o item para obtenção de prazer. E para quem busca um sexy toy como esse, há uma variedade enorme de tipos, modelos e preços. Segundo os revendedores do setor, é possível gastar entre R$ 40 e R$ 1,8 mil no acessório, mas os modelos mais vendidos em Rio Preto são de até R$ 700.
Segundo Paula Aguiar, autora da pesquisa e ex-presidente da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico (Abeme), o mercado está otimista porque as pessoas estão em casa e precisam inovar no relacionamento. "Quem tem presença forte na internet e delivery está se saindo bem", disse.
Segundo o empresário Igor Bezerra, da Fantasy Boutique Erótica, a pandemia estimulou os casais a investirem no relacionamento amoroso já que no auge não era possível viajar, sair. "Com isso, as pessoas passaram a comprar mais acessórios para aquecer a relação. E isso faz muito bem aos casais".
Ele afirma que na sua empresa houve alta nas vendas, com destaque para os vibradores. Ao mesmo tempo, as mulheres buscam também lingeries de luxo, o que representa cerca de 50% do faturamento da boutique. "As vendas ocorrem pelo site, Whatsapp e na loja. Com o atendimento das consultoras pelo Whatsapp a pessoa recebe as informações e não ficam tímidas", afirmou.
A empresária L.C. é consumidora na loja de Igor. Ela conta que depois de conseguir quebrar os tabus que costumam pesar sobre o tema, ela passou a frequentar a boutique e foi muito bem acolhida. L.C. foi casada durante 25 anos e é mãe de quatro filhos. "Gosto muito de comprar lingeries, para mim mesma. A mulher tem de sentir bem com ela mesma, valorizada."
O resultado desse movimento de descoberta foi em cadeia, entre as amigas, que passaram a se tornar empoderadas em relação a si mesmas e consumidoras de brinquedos e acessórios sexuais. "Elas entenderam que podem se dar prazer muito mais que imaginam. Entenderam os benefícios dos produtos e passaram a usar sem julgamentos", afirmou.
Para Mirna Zelioli, da Santa Ajuda Boutique Erótica, o atendimento pelos aplicativos de mensagem facilita muito a venda e cria um relacionamento mais próximo com o cliente. "Na loja física as vendas caíram, mas pelo Whatsapp, Instagram e Mercado Livre cresceram três vezes."
A empresária conta que mulheres na casa de 30 a 60 anos são as principais consumidoras e que esses artigos são para serem usados em relações heterossexuais, o que mostra que mulheres desse grupo têm ficado cada vez menos resistentes às novidades. "Não se trata de comprar um vibrador para uma mulher carente. Ao contrário, é para a mulher empoderada. Um casal que tem liberdade sexual dá conta de enfrentar todos os seus problemas".
Mirna diz ainda que o mercado anda tão aquecido que há uma série de pessoas interessadas em aprender como empreender na área, já que o investimento inicial não precisa ser tão alto e pode significar a independência financeira. Para isso, ela oferece cursos de capacitação na área. "A perspectiva é de manter o mercado aquecido, já que quem conhece um produto se interessa por voltar e conhecer outros".
A empreendedora Idalessandra Veríssimo trabalha como autônoma no ramo há anos. Ela confirma o aumento nas vendas - com oscilação entre os meses - mas afirma que seu público no período foram as mulheres mais jovens e solteiras, que teriam de ficar um tempo sem se relacionar e também temiam fazê-lo em função da Covid. "Faço vendas e atendimentos online, o que deixa as clientes mais confortáveis, já que muitas ainda tem vergonha de entrar numa loja", disse.
Indústria de cadeiras
Rio Preto também tem uma indústria de cadeiras eróticas. Entretanto, esse mercado ainda é mais destinado a empresas do setor e não consumidores finais. O empresário Marcelo Valentim Montalvão tem uma indústria de equipamentos fitness e decidiu há alguns anos agregar novos produtos, já que os equipamentos e máquinas para a produção são do mesmo segmento. "Vendemos móveis e artefatos eróticos para motéis e casas especializadas", diz.
Segundo Marcelo, as vendas dos produtos ultrapassam as fronteiras regionais e se concentram mais em outros Estados. Na região, apenas para motéis. Os preços das cadeiras, do tipo sofá ou feitas em ferro, variam de R$ 700 a R$ 2 mil. "Durante a pandemia cheguei a desenvolver um modelo de cadeira residencial, mas ainda não pegou. O mercado está melhorando, mas ainda há muita resistência."
O empresário conta que as vendas só não cresceram porque em determinados período de 2020, os motéis acabaram enfrentando as restrições e não puderam abrir. (LM)