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Técnicos vão alertar sobre doenças que podem destruir cultura da banana

Técnicos do Ministério da Agricultura virão a 16 propriedades da região Noroeste Paulista no mês que vem para alertar sobre doenças que podem comprometer a produção da banana no Brasil

por Cristina Cais
Publicado em 18/08/2021 às 01:24Atualizado em 18/08/2021 às 01:30
Bananal em produção: fungo é disseminado por mudas de bananeira e pode chegar às plantações em calçados e nas rodas de veículos (Divulgação/Wilson Moraes)
Bananal em produção: fungo é disseminado por mudas de bananeira e pode chegar às plantações em calçados e nas rodas de veículos (Divulgação/Wilson Moraes)
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Dezesseis municípios da região do Noroeste Paulista irão receber em setembro técnicos da Superintendência Federal de Agricultura de São Paulo (SFA/SP) - órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) - para monitorar propriedades rurais e garantir o status livre da Raça 4 Tropical da Fusariose da Bananeira no Brasil e do Moko da Bananeira no Estado. Como essas doenças podem comprometer o cultivo da banana, os produtores serão orientados sobre os riscos e a prevenção no manejo da cultura.

O Estado de São Paulo é o principal produtor de banana do País e terá 24 municípios vistoriados pela equipe técnica do Mapa. Na região do Noroeste Paulista, a equipe irá fazer o levantamento em oito municípios da região de Jales, quatro da região de Fernandópolis e quatro da região de Andradina. “A raça 4 Tropical da Fusariose (FOC R4T), também conhecida como Mal do Panamá, é um fungo que, quando atinge o solo, é devastador e extermina toda a plantação de bananas”, explica o engenheiro agrônomo e fitopatologista da SFA-SP, Wilson da Silva Moraes.

Wilson, que também é responsável pelo levantamento anual de FOC R4T e Moko da Bananeira no Estado de São Paulo, diz que embora a doença da raça 4 Tropical não tenha chegado ao Brasil, há uma preocupação em prevenir a população e os produtores rurais, principalmente porque a doença já chegou, em 2019 a Colômbia e neste ano atingiu as plantações de banana do Peru. “Temos que alertar a população. Muitas pessoas viajam e trazem plantas ornamentais ou mudas de bananeiras e também podem trazer a doença em seus calçados”. A FOC R4T persiste no solo por até 40 anos.

O fungo é disseminado por mudas de bananeira e pode chegar às plantações pelos calçados da população e nas rodas de veículos que circulam entre as fronteiras dos países, onde há os focos da doença. “Temos que triplicar os cuidados, pois não há cura para a FOC R4T e nenhum tipo de agrotóxico. Não há medida curativa, apenas preventiva para a doença”, destaca.

A Raça 4 Tropical da Fusariose da Bananeira é um fungo que, através do solo, infecta o pé da banana pelas suas raízes, impedindo o transporte de água e nutrientes para a parte aérea da planta, provocando sua morte. O Moko da Bananeira é uma bactéria que contamina as plantas de bananas também pelo solo, com sintomas muito parecidos aos da FOC R4T. A doença atingiu plantações da região Norte do Brasil, sem registros no estado de São Paulo.

Região produtora

A banana maçã está quase extinta do mercado em decorrência da Raça 1 do Fusarium (nome cientifico), já que a variedade é altamente suscetível à doença. “Para pragas e doenças, o importante sempre é a prevenção e o melhoramento genético, com variedades mais resistentes ao ataque de fungos e bactérias. Por isso, a Embrapa desenvolveu a variedade de banana maçã, mais resistente a doenças, que é a BRS-Princesa”, disse Wilson da Silva Moraes, engenheiro agrônomo e fitopatologista da SFA-SP.

A variedade BRS-Princesa tolera mais as intempéries do clima, como o frio e a falta de água com o tempo mais seco. A variedade de banana prata também teve uma nova variedade desenvolvida pela Embrapa, a BRS Platina. “Até então se acreditava que a banana nanica era a mais resistente, mas a raça 4 ataca também a nanica e todas as outras variedades”.

Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor de bananas do mundo, com área de 466 mil hectares e produção estimada de 6,7 milhões de toneladas. O estado de São Paulo é o maior produtor, com 1 milhão de toneladas por ano, cultivadas em 50 mil hectares, sendo 76,4% na região do Vale do Ribeira. Para orientar os produtores, Wilson afirmou que o Mapa lançou a publicação “Diálogos para a prevenção da Raça 4 Tropical da Fusariose em bananeiras”, que pode ser acessada gratuitamente no site do Mapa. (CC)

Variedade quase extinta

A banana maçã está quase extinta do mercado em decorrência da Raça 1 do Fusarium (nome cientifico), já que a variedade é altamente suscetível à doença. “Para pragas e doenças, o importante sempre é a prevenção e o melhoramento genético. Por isso, a Embrapa desenvolveu a variedade de banana maçã, mais resistente a doenças, que é a BRS-Princesa”, disse Wilson da Silva Moraes, engenheiro agrônomo e fitopatologista da SFA-SP.

A variedade BRS- -Princesa tolera mais as intempéries do clima. A banana prata também teve uma variedade desenvolvida, a BRS Platina. (CC)