Setor sucroenergético e produtores rurais aceleram o uso de tecnologia na região de Rio Preto
Plataforma Iniciativa de Agricultura Sustentável é uma das iniciativas que vem sendo aplicadas por empresas e certificando produtores rurais

As possibilidades em tecnologia são infinitas e estão na mão do produtor rural e das empresas que atuam na produção de cana-de-açúcar. O uso de tecnologia digital pode ocorrer em várias etapas do manejo do canavial, envolvendo produtividade, redução de custos e, mais recentemente, sustentabilidade nas plantações. A plataforma Iniciativa de Agricultura Sustentável é uma das iniciativas que vem sendo aplicadas por empresas e certificando produtores rurais às práticas de gestão de negócio e sustentabilidade em canaviais.
A plataforma internacional SAI (Sustainable Agriculture Iniative) é uma organização independente e vem avaliando a qualidade das matérias agrícolas das unidades agrícolas da Tereos. No Noroeste Paulista, estão concentradas sete unidades de processamento e uma refinaria do grupo. “Há alguns anos a Tereos tem trabalhado em práticas sustentáveis com os produtores em áreas de produção própria da empresa. E há três anos, resolvemos expandir a plataforma para os fornecedores”, diz Renato Zanetti, superintendente de Excelência Operacional da Tereos.
Como 48% da cana processada pela empresa vem dos produtores, é importante ter uma plataforma que contribua para as boas práticas do produto e tenha o foco na sustentabilidade. Além disso, ele afirmou que o produtor soma ganhos na gestão da propriedade com a certificação do SAI. Ao adotar algumas práticas propostas pela plataforma, Renato avaliou que o produtor tem um negócio mais eficiente, um cuidado maior com os funcionários, agrega valor na sua operação e tem maior respeito pelo meio ambiente.
Carlos Simões, diretor de negócios agrícolas, supply chain e TI da Tereos, explicou que para os produtores, o SAI promove uma melhor gestão da propriedade e de atendimento aos critérios relacionados à legislação. “Há uma melhora nas técnicas de preservação do canavial, melhor aproveitamento das terras e maior qualidade do produto. Para o produtor conseguir o reconhecimento é necessário garantir a conformidade em aspectos relacionados à gestão da propriedade, solo, águas, resíduos, defensivos agrícolas, agroquímicos, entre outros.”
Atualmente, seis produtores avaliados nesta iniciativa de sustentabilidade fazem parceria com a empresa do setor sucroenergético e foram certificados em todas as perspectivas deste tipo de manejo, baseados na plataforma internacional. A produtora rural e CEO do Grupo Junqueira Rodas, Sarita Junqueira Rodas, está certificada junto ao SAI e diz que “é uma forma do produtor mostrar as suas práticas sustentáveis dentro da propriedade e na gestão do seu negócio”.
Na visão de Sarita, a sustentabilidade vai muito além de produtividade do manejo no canavial, sendo um compromisso com o futuro dos negócios e da sociedade também. “Nas nossas propriedades, as práticas sustentáveis sempre foram muito inseridas. Com a implantação da plataforma, nós adequamos os processos com maior clareza e das regras propostas pelo SAI, dentro das particularidades de cada produtor rural”, concluiu Sarita.
Produtores conectados
Uma pesquisa aplicada em 2020, com a participação de mais de 500 agricultores de todos os estados brasileiros, apontou que o uso de tecnologia em propriedades está cada vez mais presente. A pesquisa realizada pela Embrapa, em parceira com o Sebrae e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontou que 84% dos agricultores brasileiros já utilizam ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio na produção agrícola.
Essas ferramentas digitais são utilizadas em atividades gerais com o objetivo de ajudar no planejamento e na gestão da propriedade, de acordo com os pesquisadores da Embrapa. A pesquisa avaliou ainda que boa parte dos produtores rurais já utiliza outras tecnologias, a partir de sensores remotos e de campo, eletrônica embarcada, aplicativos ou plataformas digitais para fins específicos em uma cultura ou sistema de produção.
Para o produtor rural Alexandre Pinto César, os recursos em tecnologia estão avançando e devem ser definitivos no campo com a chegada da conectividade em 5G. “Existem, na cultura de cana-de-açúcar, vários softwares que fazem o controle de insumos, de combustível da máquina e de plantio para os produtores. E para as empresas do setor, há um controle muito eficiente dessa tecnologia, que monitora todo o trabalho no canavial”, afirmou Alexandre.
Alexandre disse que nas propriedades, utiliza com mais frequência o sistema de GPS, com georreferenciamento, para o plantio das mudas de cana. Com o recurso do software, o produtor faz todo o planejamento de novas plantações do canavial. “É uma técnica muito bacana, com grande benefício para a produtividade e economia do processo de plantio”. As linhas de cana, com a técnica de plantio inseridas no GPS da máquina, são melhores aproveitadas na colheita, segundo Alexandre. (CC)
De olho nos incêndios

As mudanças climáticas, o tempo seco, as geadas e os incêndios afetaram muito as culturas agrícolas em 2021, e ainda um pouco mais, a cana-de-açúcar. É que há uma exposição maior do canavial a todas essas situações climáticas. Com este cenário, os produtores e empresas estão mais atentos às tecnologias que podem contribuir na produção agrícola. Uma das ferramentas, o monitoramento de incêndios ou queimadas dos canaviais, está no radar do dia a dia do canavial.
A GMG Ambiental, empresa que atua no monitoramento destes incêndios, faz o acompanhamento de 4,5 milhões de hectares de canaviais em tempo integral para os produtores e usinas. Segundo a responsável comercial pela GMG, Flávia Nunes Bressanin, a ferramenta permite que os produtores tenham acesso a todos os dados necessários para diminuir a ocorrência de incêndios no campo. Nos meses de julho e agosto, quando o tempo está mais seco e há maior incidência de fogo nos canaviais, Flávia avaliou entre 20 a 30 focos de incêndio, diários na região de Rio Preto.
“É um sistema muito robusto de tecnologia, em que avaliamos desde o campo até as centrais de monitoramento das propriedades, quando há o alerta para um foco de incêndio”. Com a ferramenta, Flávia disse que é possível avisar os brigadistas de incêndio, que ficam em pontos estratégicos das propriedades ou usinas, contribuindo na agilidade da informação sobre qualquer foco de incêndio. (CC)