Rebanho leiteiro recebe forrageiras de inverno como alimento na região de Rio Preto
Para garantir a nutrição adequada, rebanho leiteiro recebe, como alternativa, forrageiras de inverno como trigo, aveia e azevém durante o período mais seco e de baixas temperaturas


Pecuaristas se preparam para alimentar os animais com variedades de pastagem, comuns ao clima mais frio, e que mantêm a energia das vacas leiteiras. Em propriedades da região, o pasto com as forragens tropicais fica mais restrito aos animais com as baixas temperaturas. Neste cenário, os especialistas recomendam as forrageiras de inverno, como alternativa para manter uma nutrição com bons índices de proteínas para o rebanho.
A técnica alternativa para o clima seco e mais frio do ano é o cultivo de forrageiras conhecido como sobressemeadura em áreas de pastagens tropicais. Para os produtores, os animais ganham pastagem de boa qualidade e eles economizam com o custo de produção, usando menos soja, um produto que é mais caro e é bastante recomendado para a suplementação de dieta bovina.
No município de Bady Bassitt, pecuaristas estão investindo na sobressemeadura com a orientação do engenheiro agrônomo Silvio Henrique Pomaro, que atua na Casa da Agricultura. Ele explica que a alternativa com as forrageiras de trigo estão sendo cultivadas, desde que o produtor tenha o sistema de irrigação.
“As forrageiras precisam de umidade para o desenvolvimento, por isso a necessidade de água da irrigação no pasto e ao mesmo tempo resolvem o problema de déficit hídrico, pois crescem bem com as baixas temperaturas e tempo mais seco”, conta o agrônomo. Para o cultivo, Silvio diz que o produtor faz a sobressemeadura em forrageira tropical, como a mombaça, em pastejo rotacionado (quando as vacas alternam o pastejo e o descanso).
Como as forrageiras tropicais, da variedade mombaça, interrompem o crescimento no inverno, a técnica da sobressemeadura se tornou uma alternativa a mais para o alimento do rebanho leiteiro. “É bem simples também para o produtor, que joga a semente de trigo, variedade que estamos usando em Bady Bassitt, por cima da forrageira tropical e os próprios animais, quando pastejam, fazem o plantio da forrageira de trigo”, afirma Silvio.
Investimentos
Há oito anos, os produtores Luiz e Lucas Nardim, pai e filho, trabalham com o gado leiteiro e com a produção de 500 litros de leite por dia. Lucas explica que trabalha com o sistema pastejo rotacionado, e os animais recebem uma alimentação suplementar quando estão no cocho. “No ano passado investi em sistema de irrigação, em piquete rotacionado. Está funcionando muito bem pois nesta época de entressafra o capim fica escasso”, destaca o produtor.
Neste ano, além do investimento em irrigação para a pastagem, Lucas ainda investiu na forrageira de inverno, o que contribuiu para diminuir os custos com alimentos concentrados para as 28 vacas que estão em lactação. Ele comenta também que por ser uma leguminosa a base de trigo, a forragem tem maior índice de proteína e o gasto é menor com alimentos concentrados. “Quando chega o inverno temos menos luz solar e temperatura baixa, então o capim tropical não se desenvolve tão bem, e a forrageira da variedade de trigo resolveu bem a dieta dos animais”.
Produtor se antecipa
No ano passado, o produtor Renato Bovoni, de Paraíso, na região de Catanduva, teve problemas com a pastagem, que acabou sendo toda queimada com as fortes geadas. Neste ano, ele investiu na técnica do plantio de forragens de aveia e de azevém. “São plantas resistentes às baixas temperaturas e neste inverno não deixei de plantar”, destaca Renato.
Eder Augusto Duarte utiliza a sobressemeadura de aveia e azevém no sítio em Urupês. “Fiz no começo de maio e de acordo com a rotação dos piquetes, as vacas vão pisando na semente e já fazem o plantio da aveia. Em 28 dias os animais já começam a se alimentar com essas forrageiras de aveia. Já faço há quatro anos e acho uma boa alternativa para essa época”.
Com três geadas no ano passado, Eder lembra que as outras variedades de capim não resistiram às baixas temperaturas. “Mas as forragens com a aveia permanecem verdes, mesmo se tiver uma geada. É como se fosse um seguro para a gente, com este alimento que fica no meio da forrageira de mombaça (tropical), que não se cresce no frio”, completa Eder. (CC)
Técnica aumenta em mais de 20% a proteína

Não é tarefa fácil para o produtor manter a boa qualidade de alimentos em período de entressafra e de clima mais seco. De acordo com o médico veterinário da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de Catanduva, Ricardo Santos Silva, quando o produtor investe em uma técnica como a sobressemeadura, além de reduzir os custos com a produção, o rebanho vai ter um índice de mais de 20% de proteína com as forragens de inverno.
Ricardo recomenda a técnica por ser uma alternativa para os meses de temperatura baixa, de dias mais curtos e de menos luminosidade. O produtor deve fazer a sobressemeadura a partir de meados de abril, quando a temperatura começa a cair na região, com duração de três meses, em média, para as forragens de trigo, aveia branca e azevém.
“Em comparação com outros alimentos, como o capiaçu, que possui 6% de proteína e a cana-de-açúcar, com 2%, as forrageiras de inverno possuem até 22% de proteína”, diz Ricardo, ao comparar a técnica com outras suplementações alimentares para o rebanho bovino. Outra vantagem é quando o produtor não precisa usar trator para o plantio das forrageiras, que são feitas manualmente no pasto, um custo a menos com óleo diesel.
Os custos com as sementes de trigo, aveia e azevém também são menores, segundo Ricardo, o que colabora com a lucratividade da produção de leite. Para cada hectare plantado, o quilo da aveia custa R$ 3,00 (são usados cerca de 100 quilos) e de azevém, custa R$ 9,00 (50 quilos por hectare). E com o trigo, em Bady Bassitt, o custo do quilo da semente ficou em R$ 2,80, recomendado usar 120 quilos da semente para a sobressemeadura. (CC)