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Qualidade de mudas e porta-enxertos representam produtividade

Investimentos em mudas e porta-enxertos que possuem melhoramento genético dão mais uniformidade para as culturas e adiantam o ciclo de produção; esse é o foco de produtores da região

por Cristina Cais
Publicado em 18/05/2022 às 02:00Atualizado em 18/05/2022 às 08:36
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Viveiro conta com 1,5 milhão de mudas de citros em Mendonça (Divulgação)
Viveiro conta com 1,5 milhão de mudas de citros em Mendonça (Divulgação)
Mudas de seringueira do viveiro de Gilson Pinheiro (Divulgação)
Mudas de seringueira do viveiro de Gilson Pinheiro (Divulgação)
Jabuticaba branca amadurece e fica com a casca verde: fruta tem atraído interessados (Divulgação)
Jabuticaba branca amadurece e fica com a casca verde: fruta tem atraído interessados (Divulgação)
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Mudas e porta-enxertos de qualidade podem fazer toda a diferença para os produtores e acertar nesta escolha pode trazer mais lucratividade no momento do plantio. Especialistas explicam que as mudas que possuem melhoramento genético ou porta-enxertos, como nos citros e em frutíferas, dão mais uniformidade para as culturas, além de adiantarem o ciclo de produção. Nos seringais, produtores também investiram em novos clones de mudas que dão mais produtividade ao cultivo da borracha natural.

Segundo o diretor do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), engenheiro agrônomo Gerson Cazentini Filho, os processos de enxertia ou de mudas desenvolvidas com melhoramento genético (de propagação vegetal) possuem características importantes para os produtores que vão plantar frutíferas e citros.

“Vemos a importância da cultura de citros, como na laranja, que possui a técnica da enxertia, onde são plantas da mesma espécie e se faz porta-enxerto com o limão-cravo, por exemplo. A enxertia proporciona a uniformidade da árvore, dos frutos, já que possui características genéticas da planta originária e também antecipa o ciclo de produção”, afirma Gerson.

Em Mendonça, a produtora rural Carina Ayres administra o viveiro com 1,5 milhão de mudas de citros (laranja, limão e tangerina), produzidas anualmente. Com a experiência de mais de 30 anos no setor - trabalhando com mudas de citros e de cana-de-açúcar - Carina lembra que o bom desempenho do pomar começa com o plantio de mudas sadias, de métodos fitossanitários aplicados pelos 230 funcionários que trabalham no local.

“Aqui tudo é muito controlado, começando pelas normas sanitárias para que as mudas estejam livres de pragas e doenças. As vendas destas mudas vão para grandes indústrias e produtores do Brasil todo”, conta Carina, destacando ainda que o viveiro é protegido por ambiente com telas.

Carina afirma que o viveiro possui um banco de sementes e produz porta-enxertos com qualidade genética, importantes para a produtividade dos citros, como os de laranja. Como também é essencial ao plantio, segundo Carina, porta-enxertos que vão definir as variedades da laranja, de acordo com o clima da região em que o citricultor está cultivando o pomar.

Investimento necessário

O citricultor José Claudio Ruiz diz que é importante adquirir mudas de qualidade para os pomares de laranja, sendo um fator limitante do sucesso da produção de laranja a não utilização de mudas e porta-enxertos de bons investimentos. “No início do plantio costumo investir no preparo do solo, com o uso de fertilizantes e nutrição adequada, e em mudas de laranja selecionadas”, afirma.

De cultura perene, a laranja tem árvores que podem ser produtivas por 15 ou 20 anos e José Cláudio ressalta que esse é um dos fatores pelos quais o citricultor não deve economizar em investimentos com as mudas de laranja. “Em um tempo maior e diferente de outras culturas, não precisamos comprar mudas a cada ano”.

Precocidade nos seringais

Novas mudas de seringueiras têm sido desenvolvidas em pesquisas de melhoramento genético para atender a demanda da produção de borracha. No Noroeste Paulista, que responde por 60% da produção brasileira de seringueiras, produtores vêm investindo em clones de seringueiras que são mais precoces e produtivos.

De acordo com o engenheiro agrônomo e proprietário de viveiro de seringueiras em Votuporanga, Gilson Pinheiro, o clone de seringueira é o resultado da propagação vegetativa de uma planta matriz. “Esses clones, que estão sendo pesquisados pelo Instituto Agronômico (IAC), são mais precoces e produtivos. E as enxertias que são feitas através destas plantas dão maior padrão para as árvores”.

Januário Antônio Gorga Filho plantou 1,2 mil mudas da nova variedade do IAC há cinco anos e já está sangrando as árvores para a produção de borracha. “O mais importante é essa precocidade. A árvore com outras variedades começa a produzir a partir de sete anos, e com essa, ganhei dois anos para extrair o látex”. (CC)

Produção de frutas com enxertia

O produtor João Sestari na produção de mudas com técnicas de enxertia (Divulgação)
O produtor João Sestari na produção de mudas com técnicas de enxertia (Divulgação)

Mais de duas centenas de árvores são cultivadas no pomar do produtor João Sestari, em Santa Rita d’Oeste. Ele conta que sempre gostou muito das árvores que produzem frutas e que tudo começou quando trabalhou em Campinas, com pesquisadores do IAC. Hoje, além de uma coleção de mudas de manga de diversas e raras espécies, ele produz jabuticaba, mamão, manga, banana, abacate, entre outras mudas cultivadas com as técnicas de enxertia.

As mudas de jabuticaba são as que João mais comercializa e têm atraído muitos interessados ao pomar. “Aprendi com o pesquisador que as técnicas de enxertia produzem frutas mais precoces, diminuindo bastante o ciclo de muitas frutas, como por exemplo, a jabuticaba, que demora muito para produzir se não utilizar a enxertia”.

Entre as frutas diferentes do sítio do produtor, ele destaca a jabuticaba branca, que quando amadurece, fica com a casca verde. “É uma jabuticaba muito saborosa. Mas considero ainda a manga chok anan, uma variedade tailandesa, especial. É uma manga sem fibra, resistente a doenças e que produz o ano inteiro”, pontua.

Ademilson Canato, da Casa da Agricultura de Santa Rita d’Oeste, conta que as árvores e técnicas são muito raras na região, já que João consegue o plantio de várias frutas de diferentes variedades em uma mesma árvore. Segundo Ademilson, o produtor também plantou cacau em consórcio com as plantas de banana, abacate e canistel (ou sapota amarela). “A produtividade das frutas é alta também, como a do mamão formosa, que produz frutos enormes”. (CC)