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Produtores de batata-doce da região estão animados com a demanda aquecida

Mercado aquecido, apesar das dificuldades com o clima, anima produtores da região que cultivam a raiz; ser um carboidrato saudável é um dos atrativos aos consumidores

por Cristina Cais
Publicado em 01/09/2021 às 00:48Atualizado em 01/09/2021 às 08:22
Plantação do batata-doce no município de Braúna (Divulgação)
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Plantação do batata-doce no município de Braúna (Divulgação)
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Com maior produtividade e qualidade significativa, produtores rurais de batata-doce ampliaram as áreas de cultivo e investiram em tecnologia para o plantio da quarta hortaliça mais cultivada no Brasil. O consumidor também tem procurado mais pela raiz, principalmente pelo fato de ser considerada uma fonte de carboidrato saudável.

Diante deste cenário, o município de Braúna, no Noroeste Paulista, é o principal produtor no Estado, com produção de 16,2 mil toneladas anuais, de acordo com os dados de 2020 da Produção Agrícola Municipal (PAM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estado que apresenta a maior produção nacional é o Rio Grande do Sul, com 175,0 mil toneladas, seguido pelo estado de São Paulo, com 140,7 mil toneladas. No estado de São Paulo, segundo a pesquisa, que os principais municípios produtores são Braúna, com 16,2 mil toneladas, e Presidente Bernardes, com 10,5 mil toneladas.

No campo, os produtores de batata-doce tiveram problemas com as adversidades climáticas da região, como estiagem prolongada e geada. Porém, com o manejo adequado à cultura e a maior demanda do mercado, esses fatores acabaram favorecendo os bons preços praticados no último mês.

O produtor Everson Segantini diz que “a batata-doce está em falta no mercado, e muitos produtores tiveram problemas com a seca e a geada, mas quem soube fazer um bom trato cultural, acabou tendo lucro”. Em Embaúba, na região de Catanduva, o produtor planta mensalmente um hectare, com rendimento de 1,2 mil caixas.

Para atender o mercado, Everson cultiva a batata-doce da casca roxa, da variedade canadense, a mais aceita pelo mercado. Ele diz que precisa cuidar bem para que a batata-doce não apresente formato entortado ou arredondado, que podem significar falta de qualidade. “O mercado quer um produto na banca que seja vistoso, então faço bem o manejo”.

Everson também investiu em um equipamento para lavar a raiz. “Assim, não preciso vender para o atravessador. Foi um bom investimento e já entrego o produto limpo”. O produtor também destacou que o uso de tecnologias, como as variedades de batata-doce, contribuiu para a melhor produtividade no campo. “Tem uma muda desenvolvida pela Embrapa que é mais resistente a vírus e pragas”, destacou.

Em outro município da região de Catanduva, os irmãos Ricardo Luís e Carlos Quadre plantam quatro hectares mensalmente, em Pindorama. Ricardo está satisfeito com o cultivo da hortaliça, apesar dos custos elevados com a produção. É que a lavoura de batata-doce exige maquinário para o plantio e colheita, tornando a produção mais viável para a comercialização no mercado. “O preço do óleo diesel que usamos no trator e da energia elétrica, para o sistema de irrigação, elevam os custos com a plantação”, afirmou Ricardo.

Alimento fitness

Considerada um carboidrato saudável, a batata-doce ficou mais famosa entre os consumidores que apreciam treinamentos em academias. Rica em fibras, possui carboidrato de baixo índice glicêmico, segundo a nutricionista funcional Flávia Pinto César. “Isso significa que os carboidratos da batata-doce vão ser absorvidos de forma gradual pelo organismo, contribuindo para dar saciedade, além de controlar a glicemia”.

Como a batata-doce libera a energia aos poucos, a hortaliça tem a preferência das pessoas que praticam exercícios físicos e esportistas “porque libera a energia para o treino, é um carboidrato considerado bom”. Flávia pontua ainda que as fibras colaboram para o controle do colesterol, além de exercer ação antioxidante no organismo. (CC)

Braúna, a capital da batata-doce

Com pouco mais de 5 mil habitantes, segundo o último dado do IBGE, Braúna concentra uma grande produção de batata-doce, o que levou os produtores rurais a considerarem a capital nacional de produção da hortaliça. De acordo com o engenheiro agrônomo da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS-Cati), de Braúna, Adivaldo Avelhan More, estima-se mais de 50 produtores, que produzem em média 800 hectares do produto no período de 12 meses.

“A produtividade é de aproximadamente 800 caixas de batata-doce por hectare, com a característica de que o produtor planta e colhe todos os dias. Com isso, sai daqui a batata-doce comercializada em todos os estados brasileiros, até mesmo nos que são de maior produção, como o Rio Grande do Sul e os estados do Nordeste”.

Aos poucos, o produtor rural Gilberto Danelucci foi aumentando a área de plantio no sítio em Braúna. Ele começou com uma lavoura pequena e hoje planta 140 hectares de batata-doce, um aumento de 50% nos últimos dez anos. “O mercado está ótimo e a demanda pela batata-doce vem aumentando”, diz Gilberto, atribuindo a maior procura ao clima seco. “Aqui não chove há pelo menos quatro meses, então fica mais difícil produzir a batata-doce, pois não são todos os produtores que possuem irrigação”. (CC)

Pesquisas buscam produtividade

Mais produtivas e bem coloridas. Estas são as pesquisas que o Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo, vem desenvolvendo desde 2016. “A importância da pesquisa é proporcionar à população uma batata-doce com mais nutrientes, como a de polpa alaranjada, por exemplo, que possui elevado índice de betacaroteno”, explicou Valdemir Antonio Peressin, pesquisador do IAC.

O betacaroteno é um pigmento natural, de cor laranja, presente em alguns alimentos como na cenoura. “Uma vez consumido, transforma-se em vitamina A no organismo, uma vitamina essencial ao bom funcionamento do sistema imunológico, além de outros benefícios para a saúde humana”, disse Peressin.

A pesquisa também apresentou outras cinco cultivares de batata-doce colorida. As novas variedades apresentam casca e polpa roxa (IAC 1049); casca rosada clara e polpa amarelo pálido (IAC 417); casca roxa e polpa amarelo pálido (IAC 21); casca roxa e polpa amarelo pálido (IAC 198); casca roxa e polpa amarelo pálido (IAC 1308). Algumas, segundo o pesquisador, possuem as mesmas tonalidades, mas com características de sabor, de nutrientes e de produtividade diferentes. (CC)