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Levantamento aponta crescimento da indústria do setor de máquinas agrícolas

Nas revendas da região de Rio Preto, tratores têm maior procura; outra opção é o aluguel dos equipamentos

por Cristina Cais
Publicado em 04/10/2022 às 00:36Atualizado em 04/10/2022 às 01:06
Máquinas foram investimentos feitos por Marcelo Arruda (Divulgação)
Máquinas foram investimentos feitos por Marcelo Arruda (Divulgação)
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As vendas de tratores e colheitadeiras de grãos registraram aumento de 20% neste ano em comparação ao ano passado. De acordo com os produtores, com o crescimento das produções de grãos em todo o País, os investimentos em máquinas agrícolas acompanharam a demanda do agronegócio. Na indústria, levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) aponta que neste ano o setor de máquinas agrícolas teve melhor desempenho nas vendas.

Na avaliação de Osmair Guareschi, com a pandemia do coronavírus, as indústrias de máquinas agrícolas estão ainda com atrasos para a entrega de tratores e colheitadeiras, os mais procurados pelos produtores rurais. Proprietário de revenda de equipamentos agrícolas em Rio Preto e na região, Osmair explica que as vendas cresceram 20% neste ano, mas poderiam ser maiores se não tivesse um atraso da indústria para a entrega.

Além disso, muitos componentes e implementos agrícolas são fabricados por países atingidos pela guerra do leste europeu. Segundo Osmair, há muita falta destes componentes fabricados pela Rússia. Outros são fabricados pela China, onde se interrompeu a fabricação por conta da pandemia.

“Vários modelos de tratores do nosso portfólio estão demorando até nove meses para serem entregues pela indústria e chegarem até o cliente. Se não fosse isso, as vendas que hoje oscilam entre 10% e 12%, poderiam ser 30% maiores”, afirma. Osmair diz ainda que em suas revendas há uma maior falta de plantadeiras e pulverizadores, que atendem as culturas de grãos e cana-de-açúcar, lavouras de maiores demandas na região do noroeste paulista.

Mais caras

Em outra revenda de Rio Preto, o responsável pelas vendas de máquinas agrícolas, Flávio Ricardo Gouveia, diz que as entregas de máquinas agrícolas comercializadas no mês de março deste ano foram entregues a partir de julho. “As indústrias não conseguem entregar as máquinas e implementos agrícolas para as revendedoras. Falta pneu, módulo de farol, entre outros componentes, para a fabricação destes equipamentos”, completa.

Os preços das máquinas agrícolas também impactaram nas vendas que Flávio estima 20% maiores neste ano em comparação a 2021. “Os tratores, de vários portes, e principalmente, as colheitadeiras, tiveram preços altos para o produtor. Um trator que custava R$ 110 mil, hoje custa R$ 250 mil. A colheitadeira, de R$ 550 mil, passou a ser vendida por R$ 1,2 milhão”.

Exportações em alta

De acordo com a diretora de economia e estatística da Abimaq, Cristina Zanella, os dados do levantamento realizado em agosto demonstram maior desempenho nas exportações de máquinas e equipamentos brasileiros, um crescimento anual de 28%. No mercado interno, o setor acumula queda de 6,9% neste ano em comparação ao mesmo período do ano passado.

“Alguns setores, no entanto, continuam com bom desempenho no mercado interno, como o de máquinas agrícolas e da construção civil. Ainda não é suficiente para anular a queda de setores que fabricam componentes, por exemplo. Com esses números, esperamos para 2023 uma queda na receita líquida de vendas, da ordem de 2,9%”, comenta Cristina.

Para o gerente de relações institucionais da Miac, indústria da cidade de Pindorama, Luiz Antonio Vizeu, o setor de implementos agrícolas cresceu 10,9% até o mês de junho em relação ao mesmo período do ano passado. “É um excelente desempenho do setor se considerarmos que em 2021 crescemos mais de 40%”.

Segundo Vizeu, alguns tipos de implementos, com maior tecnologia, podem estar ainda com problemas de falta de componentes. “Mas de uma maneira geral as entregas estão se normalizando”, conclui. (CC)

Compra e aluguel

Produtores têm investido em plantio de grãos, um mercado de commodities que atrai por maior rentabilidade. E o investimento em máquinas vem acompanhando o aumento das produções, como a soja - com 1,26 milhão de área plantada em todo o estado de São Paulo. A maior parte de agricultores faz a compra dos equipamentos, mas também investe em aluguel de máquinas agrícolas.

O produtor André Seixas, que cultiva soja na região de Rio Preto, afirma que tem maior demanda de trator na época do plantio e faz a opção por locação desse equipamento. “As janelas para o plantio de grãos geralmente são curtas, precisamos de equipamentos como plantadeiras e tratores. Eu prefiro fazer com prestadores de serviços”, diz André. Mas neste ano, o produtor destaca que investiu na compra de um pulverizador para usar na plantação do grão.

Luiz Carlos Ribeiro, de Orindiúva, optou por investimentos em quatro tratores e um pulverizador. Da linha uniport, o pulverizador para a aplicação de defensivo químico é um equipamento com mais tecnologia, e custou R$ 1 milhão há um ano, quando o produtor fez a compra. “É uma máquina muito eficiente e trabalho bastante nas lavouras de soja e cana com este pulverizador”.

Na região de Catanduva, o produtor Marcelo Arruda comprou um pulverizador para trabalhar na plantação de soja, investimento de R$ 800 mil. “Já utilizei a prestação de serviços também, alugando as colheitadeiras em outras safras. É normalmente assim que funciona, quando não se tem a máquina, a gente opta por aluguel”. (CC)