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Estações climáticas em propriedades ajudam produtor a se orientar

Sistemas meteorológicos direcionam o trabalho dos produtores rurais quanto a chuvas, umidade do ar, temperatura, entre outros; na região Noroeste paulista há estações instaladas em 20 cidades

por Cristina Cais
Publicado em 14/06/2022 às 23:06Atualizado em 15/06/2022 às 08:41
Estação climática instalada em Bebedouro (Divulgação)
Estação climática instalada em Bebedouro (Divulgação)
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Dados sobre o clima são importantes ferramentas para o produtor conduzir os plantios, colheitas e os cuidados com as plantações e as criações de animais em uma propriedade rural. O tempo pode mudar de sol para chuva ou de frio para calor, rapidamente, trazendo prejuízos para as lavouras. Quem está no campo e precisa acompanhar o clima pode contar com as estações meteorológicas instaladas em 20 cidades do Noroeste Paulista, totalizando 239 unidades em todo o estado de São Paulo.

As estações meteorológicas fazem parte da Rede Data Clima, que disponibiliza informações on-line sobre o clima, coordenada pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). As informações, essenciais para os produtores, que podem monitorar chuva, umidade relativa do ar, temperatura e outros dados climáticos, em um negócio que é feito normalmente a céu aberto.

Produtor Marcelo Franzine: prejuízo com incêndios (Divulgação)
Produtor Marcelo Franzine: prejuízo com incêndios (Divulgação)

“O sistema é totalmente automatizado, com dados coletados a cada 20 minutos nas diversas estações e transferidos por um chip de telemetria. O produtor pode contar com os dados das últimas 24 horas, além da síntese de dados históricos que ficam armazenados no sistema”, explica o pesquisador aposentado do IAC e presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (Fundag), Orivaldo Brunini.

Os produtores têm acesso gratuito, pelo site ciiagro.org.br, segundo Brunini, a balanços hídricos, por exemplo, que podem contribuir na tomada de decisões para o manejo da agropecuária. As estações meteorológicas estão automatizadas há mais de três décadas.

Estação meteorológica construída recentemente em Viradouro (Divulgação)
Estação meteorológica construída recentemente em Viradouro (Divulgação)

Recentemente, Brunini afirma que foram feitos investimentos com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro) para cinco novas estações nos municípios de Altair, Bebedouro, Viradouro, Terra Roxa e Jaborandi, que contabilizam um total de R$ 235 mil gastos com os equipamentos, além de outros custos para a instalação do sistema meteorológico. “É um suporte agrícola necessário para o produtor em época de plantio, colheita, para o manejo da irrigação e os estudos com os riscos de incêndios nas propriedades”.

Região de Rio Preto

Em propriedades da região de Rio Preto e em locais do IAC-Apta (órgãos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo), estão instaladas as redes meteorológicas, como em Mirassol, Nova Granada e Monte Aprazível.

De acordo com Romilson Yamamura, técnico de pesquisa do IAC, o equipamento consiste em uma torre de três metros de altura onde estão instalados os sensores que captam os dados e enviam para a central, localizada em Campinas.

Ele explica que o produtor pode ter acesso aos dados das últimas 24 horas, como as de temperaturas, umidade relativa do ar e ventos (direção e velocidade). No caso da situação climática do vento, o produtor precisa solicitar o acesso.

Produtores abrem as propriedades

Fernando Kachan ressalta importância da informação (Divulgação)
Fernando Kachan ressalta importância da informação (Divulgação)

Na propriedade do produtor Fernando Kachan, em Nova Granada, uma estação meteorológica integra a rede clima do IAC, a quem ele atribui uma importante ferramenta para o manejo entre os vizinhos do local. “É sempre bom destacar que a rede não nos dá a previsão de tempo, como muitos produtores pensam. Mas sim os dados coletados em 24 horas, entre as 7h de um dia e o mesmo horário do dia posterior”, ressalta.

Para as plantações, Fernando diz que é muito interessante o dado que mostra a umidade do solo, além de orientar o produtor se será bom para determinadas culturas o plantio. Há também a orientação do clima para fazer a adubação e pulverizações. “Hoje nós temos muita chuva de manga (chuvas mal distribuídas), sendo interessante o produtor acompanhar os dados para os plantios futuros”.

Desde 2014, a estação meteorológica de Cardoso está instalada no sítio do pecuarista Cláudio Mitsuo Shiota. “Nesta região, temos muitos produtores que utilizam o sistema de irrigação, sendo importante acompanhar os dados climáticos para quando for preciso ligar ou desligar o sistema que irriga as propriedades”, afirma Cláudio.

Cláudio, que também é o engenheiro agrônomo responsável pela Casa da Agricultura de Cardoso, diz ainda que em situações de frente fria, como as que estão passando a região, o produtor também pode acompanhar a temperatura mínima para saber qual decisão tomar para no caso de geadas que atingem a plantação. (CC)

Incêndios preocupam

No ano passado, o produtor Marcelo Franzine teve 65 mil árvores de seringueiras queimadas pelo fogo na fazenda em Tanabi. Com o prejuízo provocado pela perda do seringal, neste ano a preocupação é maior, à medida que o tempo fica mais seco e os incêndios se tornam mais comuns na região. “Estamos até pensando em investir em uma estação meteorológica aqui na fazenda”, completa.

Ao acompanhar as temperaturas, além de redes de clima e dos equipamentos considerados essenciais para a agricultura, como o pluviômetro, Marcelo lembra que não é tão fácil lidar com os incêndios. “Temos tudo aqui para o combate ao incêndio, mas é tudo tão rápido quando o fogo atinge a fazenda, que fica realmente muito difícil controlar o seringal”.

A pesquisadora do IAC e especialista em climatologia Angelica Prela Pantano lembra que com o acompanhamento dos dados o produtor pode acessar a umidade relativa do ar, por exemplo. “Se for período seco e ficou muito tempo sem chover naquela região, o produtor pode ficar atento, sabendo que já é uma condição mais propícia para os incêndios. Ele deve fazer então a limpeza da propriedade e ter os aceiros, importantes para a proteção contra o fogo”, afirma Angelica. (CC)