Consórcio entre lavoura e pecuária aumenta a produtividade
Pecuaristas investem em lavouras em consórcio com as pastagens para manter produtividade

Setor primordial para a sociedade e para a economia do País, a pecuária atingiu recorde em 2022, com o crescimento de 4,3% e o total de 234,4 milhões de cabeças de animais. E para manter ou aumentar a produtividade da atividade, pecuaristas do Noroeste paulista contam que impulsionam o manejo com as pastagens, optando por consórcio entre lavoura e pecuária. As técnicas para a recuperação de pastagens ou de áreas degradadas trazem vantagens nos sistemas integrados à pecuária.
Segundo dados da Embrapa, as áreas de pastagens naturais e plantadas no País totalizam 160 milhões de hectares. Desse total, 58 milhões de hectares são considerados em boas condições para cultivo, 66 milhões de qualidade intermediária e 35 milhões em degradação severa. A recuperação de pastagens, além da produção pecuária, inclui o cultivo de lavouras e o replantio de florestas, segundo os pesquisadores.
“Costumo fazer uma analogia entre uma casa que precisa ser reformada ou até mesmo derrubada para uma nova construção com o pasto danificado pela erosão, que está com o solo descoberto e com plantas invasoras. Assim como a casa, a pastagem pode ser recuperada, após um diagnóstico feito por técnicos”, explica Patricia Menezes Santos, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste.
A pesquisadora explica que é importante verificar as condições da pastagem e o que está enfraquecendo o solo ou o capim. “Muitas vezes, em pastagem que precisa da recuperação, o pecuarista precisa apenas ajustar o número de animais no pasto. Com menos bovinos, o pasto pode voltar até mesmo sem nenhuma interferência”.
Sistema com parceria
No Brasil, pecuaristas adotam os sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP), com bastante frequência. Neste caso há a integração entre os componentes agrícola e pecuário, em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área e por vários anos. “Muitos pecuaristas fazem uma parceria com o agricultor, já que se exige tecnologia para o plantio de lavouras, como as de grãos, que são mais comuns neste sistema”, diz Patricia Menezes Santos, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste.
A parceria com o agricultor é para que seja realizado o plantio do capim, sendo ainda mais comum o consórcio com a soja, o milho ou o sorgo. “Esse agricultor cuida da lavoura e colhe depois os grãos. Também é importante observar qual cultura agrícola é melhor para o plantio de determinada região”, diz.
“A soja, que fixa nitrogênio no solo, é muito interessante neste modelo de pecuária, inclusive mais sustentável, porque provoca menos carbono ao meio ambiente”, conta o pecuarista Maurício Bellodi.
Na fazenda de Osmair Guareschi, pela primeira vez será feito o sistema de ILP. Ele plantou a lavoura de soja em uma área de 80 hectares. “Planta-se a soja, depois a semente de capim e, quando formos colher essa soja, o capim já está nascendo, e então coloca o gado a pasto”.
Para o pecuarista, o sistema traz rentabilidade com a soja, além de fazer a reforma do pasto, corrigindo o solo e eliminando plantas invasoras e pragas. “Por outro lado, na época da seca, a pastagem está garantindo o alimento para o rebanho”. (CC)