Avicultores da região de Rio Preto apostam em ano favorável ao frango de corte
Cepea estima que preços da carne de frango e do animal vivo devem continuar firmes em 2022; avicultores da região procuram eficiência para controlar altos custos com a produção



A produção de frango de corte deve se manter firme no mercado no primeiro semestre de 2022, com ritmo aquecido das vendas da proteína no País e com a exportação do produto. Conforme estimativa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), a demanda pela carne de frango deve ser favorecida ainda pela preferência no mercado doméstico, mais barata quando comparada com a bovina e a suína. Neste cenário, produtores estimam perspectivas positivas, mas buscam eficiência para driblar os altos custos da produção nas granjas.
Na avaliação do Cepea, os preços dos cortes de frango e do animal vivo devem se manter firmes neste ano, amparados pela manutenção do consumo da proteína no mercado interno e das vendas para outros países. No ano passado, as exportações com a carne de frango tiveram aumento de 9%, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Porém, tanto o Cepea como a ABPA avaliam que os custos que os produtores tiveram, em 2021, foram muito elevados, principalmente com a alimentação (milho e farelo de soja) fornecida nos alojamentos dos frangos.
A tendência de custos altos para o setor da avicultura deve se manter neste ano e os pesquisadores do Cepea ainda consideram que os valores que encarecem a produção de frango de corte devem ser repassados tanto nas vendas ao consumidor, como no valor do animal vivo. Além dos insumos com a ração, produtores demonstram preocupação com o impacto do custo da energia elétrica para a manutenção das granjas.
“Para manter a granja climatizada temos um custo muito alto com a energia elétrica, e desde o ano passado os reajustes com essas tarifas têm impactado os custos na produção de frango de corte”, diz o avicultor Murilo Gil. Porém, a perspectiva para a produção deste ano é de demanda alta no consumo da carne de frango, tendo em vista os altos custos com a arroba do boi.
Com 60 mil aves em alojamento e média de 360 mil aves de corte no ano, Murilo diz que o negócio ainda é seguro, mas as incertezas permanecem em um ano ainda sob efeitos da pandemia de coronavírus e das eleições. “Os preços do frango vivo vem se mantendo no mercado a R$ 5 o quilo, mas os insumos com a alimentação ainda devem ser muito altos neste ano, com todos estes desafios. O produtor deve se manter cauteloso, não podemos pensar em grandes investimentos”, diz.
O produtor Renato Gaspar Martins considera que 2022 deve ser diferente, com melhores perspectivas para a produção de frango de corte, em relação ao ano passado. “No ano passado os preços com insumos foram altos e chegou a faltar matéria-prima para o aquecimento dos aviários. Mas agora o produtor deve estar mais preparado, com investimentos e atento aos custos operacionais.”
Os custos de produção continuam altos para o avicultor neste ano, segundo Fábio Berti. “A energia elétrica só está sendo menos impactada para quem consegue investir em energia solar para as granjas, caso contrário, o custo para o produtor fica muito comprometido”. A despesa com pellets, matéria-prima usada nas granjas para o aquecimento das aves, também tende a continuar alto, prevê Fábio.
Busca por eficiência é meta
As perspectivas são de altas demandas para a produção de frango de corte, em 2022, de acordo com a produtora rural Luciana Abeid Ribeiro Dalmagro. No entanto, Luciana também analisa os altos custos com a produção de aves, como a escalada de preços com os insumos e a energia elétrica.
O cenário do ano passado foi de margem de lucros apertada para o produtor e Luciana afirma que prefere ter um olhar agora com uma perspectiva “sem margem de erros nos resultados deste ano”.
“É agora que devemos ser mais eficientes nas nossas fazendas. Não podemos ter perdas e devemos pensar em cada resultado com os investimentos que minimizem os preços das tarifas de energia elétrica”, pontua. Luciana disse que vem, a cada ano, investindo nas placas de energia solar para reduzir os custos com a produção de 3 milhões de aves anuais em granjas da família, uma das estratégias de eficiência no gerenciamento dos aviários.
Um foco que merece atenção de quem trabalha em sistema de integração com os frigoríficos, como no caso de Luciana, é a energia elétrica. Esta despesa representa 18% dos custos para manter todos os sistemas de funcionamento dos alojamentos. “Tem que ser eficiente. O cenário está apertado para todo mundo: para o produtor, para a indústria e para o consumidor”. (CC)
Para ABPA, crescimento da avicultura será maior
O diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luis Rua, disse que a venda da carne de frango no ano passado foi de um volume recorde em exportação, com os envios de 4,6 milhões de toneladas do produto. O aumento representou 9% das exportações brasileiras em relação ao mesmo período de 2020. Em 2022, o diretor acredita que os números com o setor devem superar em até 4% os volumes comercializados no ano passado.
“É bom lembrar que não faltou carne de frango no Brasil no ano passado e o consumo, que em 2020 foi de 45,2 quilos, em 2021 fechamos com um volume de 46 quilos de carne de frango consumidas pela população”. Luis destaca que com todas as incertezas da economia brasileira e da pandemia de Covid-19, que ainda continua neste ano, a produção de frango deve se manter estável e com previsões de crescimento do setor.
As exportações com a carne de frango são mecanismos, segundo o diretor da ABPA, que demonstram o setor mais aquecido. “A proteína do frango foi exportada em 2021 para 140 países. Além disso, temos que lembrar que o Brasil mantém o status livre de Influenza aviária, uma doença que prejudicou o abate de frangos em alguns países, no ano passado”, diz o diretor.
Os desafios com os preços dos insumos devem se manter, segundo a análise de Luis. Ele disse ainda que pelo menos no primeiro semestre deste ano, não há previsão para que os custos com a alimentação à base de milho e farelo de soja, para as aves, tenha uma baixa de preços. “Por outro lado, o produtor deve sentir menos o movimento especulativo sobre os custos de in sumos, e ainda há boas perspectivas com o andamento da safrinha de grãos”. (CC)