Além de alimentar o gado, capineiras impulsionam a lucratividade
Produção de alimento para o gado, como as capineiras e a silagem, ajuda na rentabilidade de agricultores e sustenta a alimentação de bovinos durante o período de seca


A falta de pasto em época de período mais seco pode causar prejuízos para os criadores de gado de leite e de corte, principalmente no Noroeste paulista, onde o clima, além de seco, é de altas temperaturas. Medidas como o uso de capineiras e de silagem são estratégias importantes para alimentar o rebanho, favorecer o custo de produção e ainda impulsionar lucratividade para produtores que investem na comercialização destes alimentos para os animais.
Receba notícias do Diário no seu e-mail: cadastre-se aqui
De acordo com especialistas, a capineira é uma área cultivada com gramínea de alta produção, utilizada exclusivamente para corte, sendo que a silagem é a técnica de conservação ou preservação de alimentos para uso na alimentação dos animais. “Ainda é época para oferecer as capineiras como capiaçu, cana ou milho nos processos de silagem para o rebanho de corte e de leite neste período em que falta a pastagem”, explica o veterinário Ricardo Santos Silva, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) de Catanduva.
A estratégia em planejar a alimentação dos bovinos se faz mais do que necessária, segundo o veterinário, neste cenário em que tanto os preços da arroba do boi foram menores, e a produção leiteira também foi impactada por valores mais baixos pagos aos pecuaristas. “Tanto quem produz a silagem para comercializar como o produtor que não fez o planejamento de alimentos para o gado podem ter algum prejuízo neste sentido”, diz Ricardo.
Os danos provocados pela falta de alimentação causam prejuízos para a produção de bovinos como a quebra na produção de leite e a perda de peso do animal em confinamento. O veterinário comenta que todos os materiais são importantes, com vantagens e desvantagens para a escolha do tipo de capineira ou a silagem que o produtor irá oferecer ao rebanho, sendo importante o criador identificar, junto aos técnicos, que tipo de alimentação é mais interessante para a produção que ele tem.
Organização e qualidade
“Normalmente, na nossa região, a característica do inverno é seco, sem chuvas que sustentem a pastagem para os animais, sendo importante complementar o trato dos animais com a silagem. A orientação é que o produtor tenha uma organização para manter a silagem, se for produzir ou tenha que comprar, já que na época da seca a silagem fica mais cara para quem for comprar”, conta o agrônomo Carlos Rosa, da Casa da Agricultura (Cati), de Nova Aliança.
Caso o pecuarista produza em sua propriedade a silagem, plantando e cultivando as culturas como capiaçu, milho, milheto, sorgo, entre outras, Carlos explica que é preciso ficar atento à qualidade do material ensilado. “A qualidade começa desde o plantio, evoluindo durante o crescimento da cultura e, o principal, para o ponto de colheita ideal”, afirma. Carlos lembra ainda que o produtor deve estar atento para o corte destes materiais, tamanhos que devem ser adequados para o trato digestivo do animal.
Produção e compra
Na propriedade de Thiago Cruciol, em José Bonifácio, a silagem oferecida para a criação de gado de leite se faz necessária o ano todo, já que ele não deixa os animais a pasto. “Eu tanto produzo aqui a silagem, quanto compro esse alimento”, diz Thiago, que fez um investimento de R$ 85 mil na produção de silagem de cana-de-açúcar, apenas em um período do ano.
“O investimento em silagem é alto, chega a atingir R$ 500 mil no ano. Porém, sempre falo que é importante para a produção leiteira, a vaca em produção precisa de uma dieta muito equilibrada para ter boa lactação”, conta Thiago. Ele diz ainda que para o volume diário de leite de 2,1 mil litros da sua produção leiteira, a silagem de milho entra como a principal, representando 60% entre outros materiais usados na alimentação do rebanho.
“É muito trabalho para suprir o alimento das vacas leiteiras, além do volumoso, que é a silagem, uso ainda 18 quilos de cevada na suplementação alimentar. Tudo com orientação de um zootecnista, que nos ajuda a controlar a nutrição dos animais”, completa. (CC)
Produtores identificam procura menor

Produtores que investiram na venda de silagem conseguem melhor rentabilidade com o negócio na época da seca, quando os pecuaristas precisam de mais alimento para o rebanho, pela falta de pastagem. Porém, nesta safra, a comercialização de silagem teve um impacto da ordem de 30% a 70% a menos com o negócio.
Como os preços da arroba do boi e do leite caíram, os produtores de silagem afirmam que o pecuarista economizou mais na compra destes alimentos. “Além disso, no ano passado choveu mais, teve mais pasto para o gado”, conta Marco Antonio Ayres Alves, de Nova Aliança. Na produção de silagem de milho de Marco, a queda foi de 30% em comparação ao ciclo passado.
Marco se especializou na produção de silagem de milho que ele produz o ano todo e comercializa para pequenos pecuaristas e para lojas de produtos agropecuários. “Como tenho parceiros que plantam o milho verde em pivô, a produção é o ano todo. Comecei a fazer para alimentar os animais da minha propriedade, os amigos gostaram e me pediam para a propriedade deles, e o negócio cresceu. Hoje tenho equipamento para ensacar a silagem, dois funcionários, com produção diária entre 600 a 700 sacos de silagem de milho”.
Já Anderson Esteves, de Urupês, se especializou na produção de silagem de diferentes materiais, exercendo a atividade na propriedade dos pecuaristas. “Eu faço todo o trabalho de colher, cortar e ensilar as culturas de capiaçu, cana-de-açúcar ou de milho”. Neste ano, Anderson diz que a produção da silagem teve queda de 70%, principalmente pela baixa de preços da arroba do boi.
Apesar de menor rentabilidade nesta safra, os produtores de silagem ressaltam que o negócio é lucrativo. Marcos diz que ensila sacos de 25 quilos de silagem de milho e comercializa uma média de 40 sacos, o que rende R$ 550 a tonelada. “Muitos produtores não têm área para cultivar as culturas da silagem, então a procura é muito boa”. Para Anderson, a cobrança do serviço é por hectare trabalhado, com custo de R$ 700 a hora. (CC)