Agronegócio impulsiona economia com mais tecnologia no campo
Produtores rurais da região buscam maior produtividade para atender demanda; PIB cresceu em 2025, puxado pelo avanço de 11,6% da agropecuária

Mais uma vez a economia brasileira é impulsionada pela agropecuária, com destaque para a pecuária, e crescimento de 11,6% do setor. O levantamento é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado na semana passada, com dados que apontam o aumento de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado do ano até o terceiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. Na avaliação de especialistas, o produtor rural busca cada vez mais a tecnologia para produzir alimentos, reflexo que vem alavancando o agronegócio nos últimos anos.
O levantamento aponta que a agropecuária registrou crescimento de 10,1% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. Além da contribuição positiva da pecuária, dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado em novembro pelo IBGE, indicam aumento na produção e produtividade de culturas com maior peso na safra do período, como milho (23,5%), laranja (13,5%), algodão (10,6%) e trigo (4,5%). Por outro lado, a cana-de-açúcar apresentou retração de 1,0%.
O economista Ary Ramos, de Rio Preto, explica que nos últimos anos houve uma transformação do agronegócio brasileiro, ou seja, dentro das porteiras houve o incremento da tecnologia, o que aumenta a produtividade das culturas por terra. “Tudo isso repercute em maior produtividade no campo, integrado com estrutura de crédito e taxa de juros baixos, subsidiada pelo estado, tendo reflexo positivo para a agropecuária”, afirma.
Ele destaca ainda que houve uma melhora na renda do trabalhador brasileiro, apesar de ainda ser baixa, a economia do País vem crescendo e com isso aumenta o consumo de alimentos, com o agronegócio vendendo mais os produtos. E a partir do tarifaço imposto pelo governo norte-americano às exportações brasileiras, Ary destaca que o governo federal buscou novos mercados para comercializar os alimentos, como a carne bovina, por exemplo, e resultou em menos impacto para a agropecuária.
Pesquisa científica
O ganho de produtividade no campo, segundo o economista, também deve ser avaliado com a importante contribuição das pesquisas científicas que direcionam o manejo das culturas da agropecuária. “Com mais pesquisas, o produtor consegue melhorar a produção dos alimentos. E as pesquisas são muito sólidas no Brasil, como ocorre com a Embrapa, que possui papel importante neste sentido”, pontua.
Para o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, os resultados refletem o fortalecimento da política agrícola e a ampliação das oportunidades para o setor. “O desempenho do agro mostra a força do produtor brasileiro, que segue inovando e ampliando a produção com sustentabilidade. Esse crescimento é resultado direto do acesso ao crédito e da abertura de mercados, que garantem mais competitividade ao nosso País”, destacou.
Investimentos para produzir
Na região Noroeste, a pecuária de corte mantém produtores que apostaram nos investimentos da fazenda para atender a demanda por carne bovina. O ciclo pecuário em 2025 teve movimento de alta dos preços da arroba do boi e ainda uma menor oferta de fêmeas, o que também impactou na valorização dos bezerros.
A pecuarista Gabriela Rodrigues, de Rio Preto, atua tanto na pecuária de corte quanto na de leite e diz que os investimentos na fazenda são importantes para aumentar a produtividade dos animais. Ela conta que faz as três etapas da pecuária de corte, com a cria, a recria e a engorda dos bovinos, sendo ideal ainda manter o gado sempre em conforto térmico. “Investimos em um barracão coberto, por exemplo, para os animais poderem ficar na sombra”, pontua.
Além da pecuária de corte, entre os destaques de ganho de produtividade avaliados pelo IBGE, a produção de laranja também está no ranking das culturas mais produtivas. Na região, produtores também investiram em tecnologia para produzir mais, apesar da queda de safras da fruta registradas nos últimos dois anos.
O citricultor José Claudio Ruiz conta que investiu em sistemas de irrigação para produzir mais a fruta. “Porém ainda não temos água suficiente de rios, mas irrigar as áreas de laranja é essencial para a produção de laranja da nossa região”, destacou.
Pecuária avançou mais que a soja
Ao contrário do primeiro trimestre de 2025 que avançou no crescimento do PIB também puxado pelo agronegócio e teve a soja como destaque, no acumulado do ano, a pecuária de corte impulsionou ainda mais a economia do País. Além do consumo interno pela carne bovina ter aumentado, o Brasil é o maior exportador do produto e se destaca no mercado internacional.
Na análise de Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), os dados do IBGE mostram que, em um ano em que a economia avança com mais força, o agronegócio consolida esse movimento e a pecuária segue sendo o destaque do setor.
“Tivemos um ano de grande dinamismo na produção de carne bovina, com abates fortes e uma indústria operando em alta. As exportações avançaram com intensidade, superando marcas anteriores, mas sem comprometer o abastecimento nacional, já que cerca de 70% da nossa carne permanece no mercado interno”, ressaltou Perosa.
Ele pontua ainda que essa combinação mostra a robustez da cadeia produtiva da pecuária de corte, que gera divisas externamente, garantindo ainda oferta e preços acessíveis no mercado interno. “Isso movimenta a economia em milhares de municípios e sustenta milhões de empregos ao longo de toda a cadeia. Quando a pecuária responde, o Brasil inteiro sente o efeito positivo".