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'Novo' IR terá impactos para empresas

por Agência Estado
Publicado há 2 horas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sanciona a lei que amplia a faixa de isenção do IR (Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sanciona a lei que amplia a faixa de isenção do IR (Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)
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Especialistas apontam que a nova lei do Imposto de Renda (IR), sancionada nesta quarta-feira, 26, trará impactos relevantes para o setor privado. Para além do fim da isenção dos dividendos a partir do próximo ano, que já tem movimentado tomadas de decisões, o texto impõe um prazo para deliberação dos lucros que não é compatível com a realidade contábil das empresas.

A lei que zera o Imposto de Renda às pessoas que ganham até R$ 5 mil e beneficia quem recebe até R$ 7.350, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça, retoma a tributação de dividendos após 30 anos de isenção. O texto estabelece que a partir de janeiro de 2026 o pagamento, entrega ou creditamento de lucros e dividendos de uma pessoa jurídica à pessoa física superior a R$ 50 mil estará sujeito a uma retenção de 10% de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF).

Como foi confirmado pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, a lei foi sancionada na íntegra por Lula, seguindo o que foi aprovado pela Câmara e pelo Senado.

O projeto garante a isenção de Imposto de Renda sobre os lucros e dividendos apurados em 2025, mas somente se a distribuição tenha sido aprovada até 31 de dezembro — preocupando as empresas, uma vez que os lucros apenas são de fato reconhecidos após a virada do ano. A lei diz que o pagamento desses dividendos deve ocorrer entre 2026 e 2028.

Impactos

Logo após aprovado pelo Congresso Nacional, o texto já começou a fazer com que as empresas corressem contra o tempo para deliberar e pagar os dividendos, aproveitando a isenção antes do fim do ano. O impacto disso, segundo especialistas, é a reestruturação de capital das empresas para ter caixa e efetuar o pagamento.

“Embora muitas empresas já tenham iniciado as discussões sobre a deliberação de dividendos, com a aprovação da Lei esse movimento se intensificará, levando as empresas a discutirem com seus acionistas eventual política de remuneração dos sócios”, afirma Carlos Eduardo Orsolon, sócio do Demarest Advogados.

Para Mauricio Braga Chapinoti, sócio de Gasparini Barbosa e Freire Advogados, "as empresas terão que reestruturar seu capital, provavelmente migrando para instrumentos de dívida, para reduzir o impacto e atrair capital".

Para os especialistas, a nova regra pode incentivar um endividamento das empresas, uma vez que a tributação sobre os juros poderá ser inferior em relação aos dividendos. Diante disso, segundo fontes ouvidas pela reportagem, bancos já estão propondo empréstimos para as empresas aumentarem o caixa e conseguirem aproveitar ainda mais os últimos dias da isenção