Diário da Região
ESTRADAS

Projeto cultural registra histórias de chapas e promove workshops gratuitos em Rio Preto  

Fotógrafo Santiago Garcia transforma cotidiano de chapas em memória documental no projeto “E aí, meu Chapa?”

por Salomão Boaventura
Publicado há 4 horasAtualizado há 1 hora
“E aí, meu Chapa?” dá voz e imagem a trabalhadores invisíveis das estradas (Santiago Garcia/Divulgação)
“E aí, meu Chapa?” dá voz e imagem a trabalhadores invisíveis das estradas (Santiago Garcia/Divulgação)
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Com uma câmera analógica em punho e os pés firmes nas estradas da região de Rio Preto, o fotógrafo e professor universitário Santiago Naliato Garcia decidiu mirar sua lente em um ofício quase invisível. No projeto cultural “E aí, meu Chapa?”, ele documenta a rotina dos chapas, trabalhadores que auxiliam caminhoneiros no carregamento e descarregamento de mercadorias em rodovias e centros de distribuição pelo Brasil.

“Foi a curiosidade de ouvir essas histórias e fotografar essas pessoas que me levou a escrever esse projeto”, explica Santiago, que percorreu trechos da BR-153 e da rodovia Washington Luís para registrar encontros e rostos marcados pela estrada. A iniciativa foi viabilizada com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura de Rio Preto, Ministério da Cultura e Governo Federal.

Além da pesquisa fotográfica, o projeto promove uma série de workshops gratuitos, com 80 vagas disponíveis. As atividades começam no dia 17 de setembro, às 18h30, no Espaço Café com Propósito, dentro da Mostra Arq Design, no Riopreto Shopping. No dia 26, às 15h, a oficina será realizada na UNIP, durante o evento Rota – Circuito das Bibliotecas Rio-Pretanas, envolvendo estudantes em discussões que incluem a produção artesanal de livros. O ciclo se encerra em 30 de setembro, às 14h, na sede da Nação Valquírias, onde crianças e adolescentes atendidos pela instituição terão contato com o universo da fotografia documental.

Segundo o fotógrafo, todo o processo foi realizado em película, da captura à revelação manual, com uma curadoria voltada para criar uma narrativa visual consistente. O resultado será publicado em um livro com ISBN registrado, ampliando o alcance do trabalho.

“Esse é um projeto que eu sempre quis fazer, pensando em atividades de foto documentarismo, que a gente conhece muito por Sebastião Salgado. A gente vive tendo contato com as obras dele e de outros fotógrafos; assim, esse registro de algum segmento da população, essa documentação de um período da existência de determinada profissão, é uma coisa que me chamava atenção”, diz Garcia.

A motivação, segundo ele, também nasceu do risco de desaparecimento dessa atividade. “O motivo de fotografar os chapas é porque fui vendo que tinha cada vez menos chapas nas estradas. Eu via muitas placas, mas poucas pessoas. Então, veio a ideia de procurar essas placas, ver se eu encontrava as pessoas e fazer esse registro fotográfico enquanto ainda existe essa atividade na beira da pista”, completa