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CULTURA

Pokémon GO completa 5 anos com público fiel

Jogo de celular da famosa franquia japonesa de games mantém a sua popularidade em Rio Preto e região, atraindo pessoas de diferentes gerações e perfis

por Hárlen Felix
Publicado em 08/07/2021 às 22:54Atualizado em 11/07/2021 às 19:42
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Lucca de Boni não assiste ao anime, mas joga o app (ricardo Boni/divulgação)
Lucca de Boni não assiste ao anime, mas joga o app (ricardo Boni/divulgação)
Danny Aoki é um treinador assíduo (Divulgação)
Danny Aoki é um treinador assíduo (Divulgação)
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Em todos os lugares do planeta, o que inclui Rio Preto e região, existe um mundo paralelo habitado por seres fantásticos de todos os tipos, uma espécie de Mundo Invertido de "Stranger Things" sem Demogorgon, mas com Mewtwo, Tiranitar, Zapdos, Giarados e outros monstros tão terríveis quanto, alguns fofinhos e conhecidos até por quem nunca passeou por essa realidade ficcional pela tela do aparelho de celular, como Pikachu. Pokémon GO, o aplicativo de jogo com os personagens criados na década de 1990 pelo designer Satoshi Tajiri - e que povoam o imaginário das últimas gerações graças a uma série de anime -, completa cinco anos em 2021. Quando surgiu, o jogo mobilizou uma legião de jovens na cidade, que deram um chega pra lá na preguiça para caminhar por lugares como Centro ou Represa à caça de pokémon (assim mesmo, no singular), como esses monstrinhos são conhecidos no aplicativo.

Apesar de uma trajetória repleta de altos e baixos, Pokémon GO se mantém lucrativo na franquia de mídia, que nasceu como jogo para o console Game Boy e migrou para o Nintendo 4, virou desenho animado, filme, cartas de RPG e outros tantos subprodutos. Em plena pandemia, no ano passado, o jogo de celular faturou US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,5 bilhões), algo que não era esperado já que a sua dinâmica está baseada no deslocamento, no caminhar pelos lugares em busca de pokémon para "treinar". No entanto, os criadores lançaram mão de uma série de recursos, como batalhas a distância, para manter treinadores e treinadoras (ou seja, a galera que joga Pokémon GO) conectados.

Em Rio Preto, Pokémon GO continua mobilizando pessoas dos mais diferentes perfis, de gente que já era fã do jogo no Game Boy e do anime como o agente de organização escolar Danny Aoki, de 33 anos, e outros como o estudante Lucca Peixe de Boni, de 8, que nunca assistiu ao desenho animado, mas teve interesse pelo jogo de celular por meio do canal Coisa de Nerd no Youtube, dos youtubers Leon Martins e Nilce Moretto. "É uma forma de se distrair porque a gente caça pokémon, batalha. Você é motivado a sair, a passear, e isso é muito legal. E dá pra jogar em casa também, batalhando com outros treinadores", diz o garoto, que sempre sai acompanhado dos pais quando joga.

"Gosto da possibilidade de me transportar para uma realidade totalmente diferente da minha. Jogando Pokémon, eu consigo me encontrar em um personagem buscando aventura. O jogo proporciona isso a nós, treinadores, principalmente porque tudo que tem no jogo, como Poképaradas e Ginásios, são baseados em coisas do mudo real", comenta Danny, que baixou o app logo que foi lançado e nunca deixou de jogar.

Para quem está pensando em baixar o Pokémon GO, Danny dá suas dicas: "O jogo em si não tem muito segredo. Existem muitos criadores de conteúdos que explicam basicamente tudo que vai acontecer no jogo e o que fazer. Fora isso, pegar dicas com um amigo que joga também pode ser útil. Minha mãe começou a jogar ano passado, hoje ela joga mais do que eu. De vez em quando falo uma coisa ou outra que ela não sabe, e assim vai aprendendo. Ela já está até me ensinando algumas coisas também, acredita?"

Resumidamente, o Pokémon GO se baseia no colecionismo para manter seus usuários conectados. O objetivo de treinadores ou treinadoras é completar a Pokédex, uma espécie de álbum de figurinhas para ser preenchido. Detalhe: são 807 monstrinhos. Para melhorar (ou piorar), o jogo cria versões diferentes de um pokémon original, o que dificulta ainda mais fechar toda a coleção. Por exemplo, todo pokémon tem uma versão chamada Brilhante, e encontrá-la durante uma caçada é uma tarefa que depende de um pouco de sorte e muita dedicação.

Além disso, há pokémons que aparecem somente em determinadas regiões do planeta, o que torna a experiência ainda mais instigante - imagine ter em sua coleção um monstrinho capturado dentro do Louvre ou na Times Square. No entanto, é possível capturar espécies de outras regiões em eventos especiais (geralmente pagos) ou criando amizade com usuários de outros lugares, para realizar trocas de pokémon.

O aplicativo também é alvo de hackers, que criam programas para burlar as regras do jogo, permitindo ao usuário fazer capturas em qualquer país sem sair de casa e evoluir rapidamente dentro do jogo. Mas quem é jogador raiz não curti tal estratégia. "Atualmente estou no nível 43. Nunca usei programas para subir de nível mais fácil ou algo do tipo. Não julgo quem usa, cada um se diverte como preferir, mas, pra mim, usar hacker acabaria com todo o propósito do jogo e o deixaria sem graça. Na vida, prefiro conquistar meus objetivos, no jogo não seria diferente", destaca o agente escolar de Rio Preto.

Jogo já rendeu até campanhas solidárias

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Eventos do jogo na cidade renderam ações solidárias (Reprodução)
Eventos do jogo na cidade renderam ações solidárias (Reprodução)
Danilo de Oliveira Figueiras é uma das referências do Pokémon GO em Rio Preto (Thamirys Rattigueri/Divulgação)
Danilo de Oliveira Figueiras é uma das referências do Pokémon GO em Rio Preto (Thamirys Rattigueri/Divulgação)

O professor Danilo de Oliveira Figueiras, de 26 anos, é uma espécie de influencer do Pokémon GO em Rio Preto. Veterano e no nível 50 (o máximo a ser alcançado no jogo), ele baixou o aplicativo no primeiro dia de seu lançamento, em 2016, e, desde então, já comandou eventos na cidade, administrou grupos de WhatsApp, deu dicas nas redes sociais e ainda oportunizou ações para dar uma forcinha a entidades de diferentes perfis.

"A gente aproveitava os encontros que eram feitos no Centro e na Represa Municipal durante os eventos mensais do jogo para pedir doações. Já arrecadamos alimentos, roupas e rações para animais. É claro que isso não está rolando mais desde o ano passado, por causa da pandemia. Estou respeitando o distanciamento, jogando apenas em casa, mas o jogo já movimentou muita gente em Rio Preto", conta o professor.

Fã do anime na infância, Danilo nunca havia jogado Pokémon na versão do videogame. "Curto jogar no celular. É prático e as funções são bastante atrativas. Para quem tem pré-disposição para colecionar, já teve álbum de figurinhas ou cartas de RPG, por exemplo, o Pokémon GO pode ser até viciante [risos]", diz ele. "No entanto, o que mais me motivou é essa questão do coletivo, da possibilidade de estar junto de outras pessoas, de encontrar os amigos e sair para caminhar e caçar pokémon."

Curiosidades

Pokémon é a 2ª franquia de games mais bem sucedida de todos os tempos, atrás somente de Super Mario Bros.

Pokémon é a única marca de videogame que já estampou a capa da revista norte-americana Time

Dois personagens icônicos da franquia, Meowth e Pikachu são opostos. Pikachu é sempre associado a um roedor, enquanto que Meowth é um felino. No anime, os dois são inimigos mortais. Na Pokédex, o número de Pikachu é 25 e o de Meowth, 52

Em 2020, a Pokémon Company fez uma votação global em parceria com o Google para eleger os pokémon favoritos dos fãs. Mimikyu foi o terceiro mais votado, Lucario o segundo e Greninja (foto) venceu com mais de 140 mil votos

Os monstrinhos foram inspirados em insetos. Satoshi Tajiri disse, em entrevista à revista Time, que ele e outras crianças da sua época passavam horas coletando e examinando insetos, um hobby infantil muito comum no Japão

O Brasil já venceu o Campeonato Mundial de Pokémon Trading Card Game. Em 2011, Gustavo Wada brilhou na categoria Junior, sendo o único brasileiro até então

Pokémon terá parque temático. A Universal Studios vai inaugurar um parque temático da Nintendo em Orlando, Flórida, em 2023, que inclui atrações de Mario e Pokémon