Pablo Simpson lança livro com 'poemas estradeiros'
'O tio da caminhonete' traz 'road poems' que dialogam com a obra de Alberto Caieiro, o heterônimo de Fernando Pessoa


Professor do curso de Letras do Ibilce/Unesp, em Rio Preto, o carioca Pablo Simpson prepara-se para lançar "O tio da caminhonete" (Editacuja), livro que marca a retomada de suas publicações literárias após um hiato de quase 15 anos. "Tenho vários livros dedicados à pesquisa de temas e autores, além de traduções de obras para o português, mas fazia muito tempo que não publicava algo meu, apesar de sempre estar escrevendo", conta ele.
O novo livro de Simpson traz, como ele mesmo define, "road poems" (poemas estradeiros) que dialogam com a obra de Alberto Caieiro, o "heterônimo ingênuo" do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935), em especial "O Guardador de Rebanhos" (1925). "São poemas que acompanham a trajetória desse 'tio da caminhonete', suas vivências na estrada. São versos mesclados com prosa que constroem uma estrutura narrativa na obra."
Para o autor, "O tio da caminhonete" trata de um personagem que se desloca, algo que as pessoas estão impossibilitadas de fazer em tempos de pandemia. "É curioso abordar essa temática do descolamento em um momento como esse", aponta Simpson, que deu vida aos poemas do livro logo no início da pandemia, entre março e abril do ano passado.
"O tio da caminhonete" faz parte da Coleção Caravelas, iniciativa da editora Editacuja que coloca a literatura em sintonia com outras linguagens artísticas. O livro de Simpson, por exemplo, tem ilustrações assinadas pelo artista Fernando Morato, áudios que podem ser acessados por QR Code e ainda trilha sonora no Spotify. "É um projeto bastante ousado, que envolve uma série de poetas e artistas brasileiros", destaca.
O lançamento oficial deverá ser feito até o final do mês, envolvendo os artistas e autores da coleção. Mas o livro já disponível em pré-venda no site da Editacuja.
Deguste
13
No bar do Omar eu não serei feliz
nem na Mangueira se eu quiser sambar
abro a jaqueta jeans, pego os bigodes
com dedos frouxos úmidos do mar.
Na Vila Madalena o anis'tini
com vodka sambuca black pernod
é bom demais: melhor beber aqui
com a taça verde em cima do capô.
Poema do livro 'O tio da caminhonete', de Pablo Simpson