Diário da Região
MEMÓRIA

Fernando Marques inaugura o Museu da Imagem e do Som de Rio Preto

Com um acervo construído ao longo de cerca de três décadas, o entusiasta da memória de Rio Preto presenteia a cidade com um museu que conta a história do audiovisual

por Hárlen Felix
Publicado em 05/08/2021 às 17:47Atualizado em 06/08/2021 às 08:12
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Fernando Marques com a câmera lambe-lambe do saudoso fotógrafo Heleno Castro, de Rio Preto, uma das peças que ocupam a sala do MIS dedicada à fotografia (Johnny Torres)
Fernando Marques com a câmera lambe-lambe do saudoso fotógrafo Heleno Castro, de Rio Preto, uma das peças que ocupam a sala do MIS dedicada à fotografia (Johnny Torres)
Fernando Marques apresenta a peça mais antiga do acervo do MIS Rio Preto: uma vitrola do início do século 19, que era acionada por meio de corda, sem energia elétrica (Johnny Torres)
Fernando Marques apresenta a peça mais antiga do acervo do MIS Rio Preto: uma vitrola do início do século 19, que era acionada por meio de corda, sem energia elétrica (Johnny Torres)
Fernando Marques na sala do MIS Rio Preto dedicada ao cinema, que traz, logo na entrada, o cartaz de 'Abrasasas', de Reinaldo Volpato, filme que colocou a cidade no circuito nacional nos anos 1980. Na foto, ele mostra o cartaz de 'Trama de Sangue', de João Albino, primeiro curta-metragem rio-pretense (Johnny Torres)
Fernando Marques na sala do MIS Rio Preto dedicada ao cinema, que traz, logo na entrada, o cartaz de 'Abrasasas', de Reinaldo Volpato, filme que colocou a cidade no circuito nacional nos anos 1980. Na foto, ele mostra o cartaz de 'Trama de Sangue', de João Albino, primeiro curta-metragem rio-pretense (Johnny Torres)
Fernando Marques e Maria Emília Pereira em frente ao MIS Rio Preto, que abriga, além do museu, um bistrô e espaço para a realização de atividades culturais e educacionais (Johnny Torres)
Fernando Marques e Maria Emília Pereira em frente ao MIS Rio Preto, que abriga, além do museu, um bistrô e espaço para a realização de atividades culturais e educacionais (Johnny Torres)
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Músico, videomaker e entusiasta da história rio-pretense, Fernando Marques traz fresco na memória a lembrança das primeiras peças que conquistou para dar início ao acervo do Museu da Imagem e do Som de Rio Preto, o MIS Rio Preto, um projeto que vem sendo desenvolvido por ele há cerca de três décadas. Nos anos 1970, o fotógrafo e cinegrafista Nelson Marques Alves, o saudoso Muca, repassou ao filho todos os equipamentos que usava profissionalmente, entre eles câmeras e projetores. Com eles, Fernando chegou a produzir seu primeiro curta em 1979, “Breu”, que venceu um festival em Brasília e rendeu ao rio-pretense alguns dias de prisão por criticar governos fascistas em plena ditadura militar.

De lá pra cá, Fernando tem acumulado um generoso material que conta um pouco da história do audiovisual e de Rio Preto. E, neste sábado, 7, esse acervo ganha exposição permanente com a inauguração do MIS Rio Preto. O novo museu rio-pretense, cujo projeto é se tornar uma fundação, para que seu acervo pertença à comunidade, ocupa o espaço de um imóvel de Alaur Pereira, nome que marca o desenvolvimento do saneamento básico em Rio Preto. O local foi cedido por sua filha, a educadora Maria Emília, namorada de Fernando, que será responsável por um bistrô que funcionará junto ao museu.

A proposta é conceber um museu dinâmico, que abrigue exposições, palestras e encontros, dialogando com artistas e educadores de Rio Preto. Além das salas de exposição, há um espaço aberto, sob uma frondosa mangueira, dedicado a essas atividades. “Queremos que o MIS Rio Preto seja ocupado pelos artistas e pela comunidade”, sinaliza ele, que inaugura um museu justamente num momento em que a memória do audiovisual brasileiro sofreu um trágico golpe com o incêndio que atingiu um galpão da Cinemateca de São Paulo na semana passada. “A ficha ainda não caiu. E saber que parte da memória do audiovisual rio-pretense também está lá, na Cinemateca. É algo muito triste.”

Para Fernando, a comunidade rio-pretense nunca deu valor à memória da cidade, algo que ele pretende reverter com o MIS Rio Preto. “Essa é a minha colaboração para preservar a história de Rio Preto, assim como seu Jesualdo D'Oliveira fez em Mirassol”, destaca.

Devido à pandemia da covid-19, o museu atenderá, em sua fase inicial, apenas pessoas que já iniciaram o processo de imunização, sendo exigido o uso de máscara e respeitando os atuais protocolos sanitários. Mas, assim que a pandemia acabar, Fernando pretende dar início a uma série de eventos, entre eles um cineclube que movimentará a pequena sala de projeção do MIS Rio Preto.

Neste sábado, 7, o MIS Rio Preto abre suas portas das 9h às 13h, e no domingo, 8, das 9h às 12h. O museu está localizado na  Rua Albuquerque Pessoa, 189, próximo ao Colégio São José.