Evento discute cultura como direito da população
A 5ª Conferência Municipal de Cultura acontece entre hoje, 12, e quinta-feira, 14, na Casa de Cultura Dinorath do Valle. Ana Carla Fonseca fará palestra de abertura

A 5ª Conferência Municipal de Cultura de São José do Rio Preto terá início hoje, 12, às 19h, na Casa de Cultura Dinorath do Valle. Com o tema “Cultura – Política de Estado para o Desenvolvimento Econômico, Social e Humano”, o evento seguirá até a quinta-feira, 14, com o objetivo de propor uma reflexão sobre o papel da cultura como direito fundamental e motor de transformação.
Para participar, basta se inscrever gratuitamente no site www.riopreto.sp.gov.br/conferenciacultura. No link, é possível acessar ainda o material de apoio, minuta do regimento, além de temas, eixos e subeixos do evento. A participação é gratuita e aberta a toda a sociedade civil e representantes do poder público. O credenciamento será feito presencialmente hoje, antes da abertura do evento.
CONFERÊNCIA
A atividade compõe uma das etapas da implementação do Sistema Municipal de Cultura, conforme previsto na Lei Municipal nº 13.521/2020 e no Regimento Interno do Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC), responsável por participar da organização e aprovação do regimento e da programação.
Durante o evento, os participantes irão debater propostas em quatro eixos temáticos: Plano Municipal de Cultura, Conselho Municipal de Políticas Culturais, Financiamento da Cultura e Acesso à Cultura. Cada eixo será discutido em grupos de trabalho que vão elaborar diagnósticos, reflexões e proposições de políticas públicas para o setor. As deliberações aprovadas em plenária irão compor o relatório final da conferência, que contará com mediação de Luanda Bonadio, especialista em economia criativa e gestão cultural.
O secretário de cultura, Robson Nilson Vicente, afirma que a 5ª Conferência Municipal de Cultura dá continuidade a avanços obtidos em edições anteriores. “As conferências anteriores ajudaram a consolidar leis de fomento, fortalecer editais e ampliar a participação da comunidade nas decisões da cultura. Também conseguimos descentralizar ações e valorizar a diversidade artística da cidade. Agora, queremos dar um passo a mais: transformar essas conquistas em ações permanentes e fazer com que cheguem cada vez mais ao dia a dia do munícipe.”
ABERTURA
Ana Carla Fonseca, referência internacional em economia criativa, cultura e desenvolvimento urbano, irá ministrar a palestra de abertura hoje, 12, às 20h. Economista, administradora pública, mestre em Administração e doutora em Urbanismo, além de diretora da Garimpo de Soluções, empresa pioneira nas áreas de economia criativa, cultura, cidades e desenvolvimento territorial, ela irá abordar como a criatividade pode impulsionar não apenas o setor cultural, mas também gerar impactos econômicos, sociais e urbanos.
A economia criativa, segunda Ana Carla, é formada por produtos e serviços que utilizam a criatividade humana para gerar diferenciação e valor agregado — um ativo que não pode ser facilmente copiado ou transferido. Dentro desse conceito, a economia da cultura ocupa papel estratégico, somando potencial econômico, relevância social e a capacidade de agregar valor às cadeias produtivas tradicionais, como moda agrega à indústria têxtil, e arquitetura à construção civil.
O impacto vai muito além dos artistas. Técnicos, produtores culturais, advogados, contadores, iluminadores e até vendedores ambulantes se beneficiam da movimentação gerada por eventos e produções culturais. Essa cadeia gera empregos, estimula a economia local e fortalece o sentimento de pertencimento, criando um ambiente mais fértil para a inovação.
Para cidades como Rio Preto, que são polos universitários e hospitalares, investir em economia criativa significa atrair e reter talentos, promover turismo, valorizar espaços públicos e reforçar a identidade cultural. Para ela, não existe desenvolvimento econômico sem social, nem social sem econômico. Essas dimensões caminham juntas, e a cultura, integrada à economia criativa, é uma poderosa alavanca para essa transformação.
Segundo a palestrante, um ecossistema cultural ativo também contribui para manter os talentos locais, evitar o êxodo e tornar a cidade mais atrativa para novos profissionais. O resultado, explica, vai além do setor cultural, refletindo-se no desenvolvimento urbano, na valorização dos espaços e até no aumento da segurança, por meio de uma cidadania mais ativa e engajada.
DESAFIOS
Ana Carla afirma ainda que um dos principais desafios para que políticas culturais sobrevivam a mudanças de gestão e mantenham resultados consistentes é que elas sejam, de fato, políticas públicas e não apenas governamentais. Isso significa construí-las com base na “quadrupla hélice”, envolvendo setor público, setor privado, sociedade civil e academia.
Outro ponto, segundo ela, é que políticas de economia criativa precisam ser transversais, conectando cultura, desenvolvimento, educação e turismo, com diálogo constante entre secretarias e setores. Ana Carla defende também que o planejamento preveja resultados de curto, médio e longo prazo, equilibrando ritmo e fôlego: entregas rápidas mantêm o entusiasmo da população, enquanto as de médio e longo prazo consolidam mudanças estruturais. Essa combinação, afirma, é essencial para garantir a longevidade e a efetividade das ações culturais.
Serviço:
5ª Conferência Municipal de Cultura. De hoje, 12, a quinta-feira, 14, das 19h às 23h, na Casa de Cultura Dinorath do Valle. Informações: www.riopreto.sp.gov.br/conferenciacultura.