Escritora de Rio Preto participa da 23ª Flip com roda de conversa sobre perimenopausa
A escritora Carol Petrolini lançou recentemente a obra “Depois da Última Lua”, que trata sobre a fase de transição que antecede a menopausa, e participa da Festa Literária Internacional de Paraty

A escritora rio-pretense Carol Petrolini participa da 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), nesta sexta, 1º, levando à programação uma roda de conversa sobre seu novo livro, “Depois da Última Lua”, que trata sobre a perimenopausa - a fase de transição que antecede a menopausa. O evento, que acontece a partir das 8h, é aberto ao público.
O tema é uma continuidade de sua trajetória literária. A autora, que anteriormente escreveu uma obra voltada à primeira menstruação, "A Lua de Alice". O livro aborda os ciclos femininos de uma forma sensível e educativa, mas sempre ressaltando as fases do corpo feminino e a importância do diálogo aberto sobre esses processos.
“A menopausa, ela acaba sendo só um marco para falar de muito mais coisas. Porque do mesmo jeito que a primeira menstruação marca na adolescência e na puberdade, a menopausa, ela também é um marco na idade madura. Nessa passagem, a mulher começa a se deparar de uma forma mais evidente com as questões do envelhecimento, com as diferenças no corpo e notar que já não é mais como era antes, a produtividade também passa a ficar diferente”, explica a escritora.
“Mas o que fazer com isso? Porque se a gente olhar pelo que a sociedade nos cobra, a gente vai se sentindo como se só tivesse se perdendo. O livro aborda essas questões de perda: ‘tô perdendo juventude’, ‘tô perdendo beleza’, ‘tô perdendo produtividade’. A personagem fica tentando entender isso tudo que está acontecendo com ela”, acrescenta.
Na roda de conversa, com a participação de Daniela Águas, além de apresentar o conteúdo do livro, Carol busca promover um espaço de escuta e troca entre mulheres, ampliando o debate com base em vivências pessoais reais.
Segundo Daniela, há muita importância em tratar desse tema em conjunto com outras mulheres. Pois acredita que, além de ser pouco falado, é sempre necessário muita busca para encontrar o mínimo de algo que explique de verdade o que acontece com a mulher que passa ou irá passar por esta fase.
“Eu acredito que na sociedade, em geral, ainda não há essa abertura, tanto em relação à primeira menstruação, como em relação à menopausa. A mulher é silenciada pelas próprias mulheres. Não é difícil elas terem esse diálogo. É uma questão cultural”, diz.
“Além da história que a Carol conta no livro, ela traz muita informação em relação a essa questão da perimenopausa, dentro do próprio livro. Então, a ideia da roda é ampliar isso, com troca de ideias, troca de experiências com as outras mulheres. Espero que todas possam falar sem medo, sem vergonha”, afirma Daniela.
A escritora ainda ressalta que, em seu livro, fez questão de que a personagem também se encontrasse com outras mulheres em meio ao seu processo de perimenopausa.
“A cada capítulo, a personagem se encontra com outras personagens. Com a médica, que ela vai buscar informações, que é prima dela, ela se encontra com a melhor amiga, com a colega de trabalho e com a mãe dela, no fim, que tem um papel muito importante”, conta.
“A partir disso, cada uma dessas personagens vão trazendo o relato delas. Ao final de cada capítulo tem um depoimento dessas outras personagens, que contam um pouco sobre como elas estão passando por essa fase. A ideia era não trazer uma história única, para que muitas mulheres diferentes pudessem olhar e se identificar com essas questões. Por mais que ele seja um livro de ficção, ele também traz bastante informação. Então, eu falo até que é um livro meio híbrido”, completa Carol.
Ainda na sexta, 1º, acontece uma mesa de autógrafos, das 18h às 20h, na “Casa Escreva, Garota”, localizada na Travessa Gravatá, 56 C/D, no Centro Histórico.
A escritora e psicóloga reafirma seu compromisso em dar visibilidade a temas muitas vezes silenciados e contribuir para que mais mulheres encontrem acolhimento e informação sobre os ciclos do próprio corpo.
“A minha expectativa é usar o livro ‘Depois da Última Lua’, como uma mediação pra gente falar desse tema, do envelhecer como mulher hoje, da questão da menopausa dentro do contexto e da passagem do tempo na vida da mulher junto com as mulheres”, finaliza.
*Estagiária sob supervisão de Bruno Ferro