Diário da Região
MÚSICA

Elis Bohrer revisita obra de Johnny Alf em espetáculo gratuito em Rio Preto

Espetáculo une música, performance e reflexões sobre ancestralidade, espiritualidade e questões sociais

por Salomão Boaventura
Publicado há 5 horasAtualizado há 2 horas
Cantora Elis Bohrer conduz tributo que mistura clássicos, canções autorais e participação de artistas convidados (Divulgação)
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Cantora Elis Bohrer conduz tributo que mistura clássicos, canções autorais e participação de artistas convidados (Divulgação)
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A obra sofisticada e pouco reconhecida de Johnny Alf, um dos arquitetos da bossa-nova, volta ao palco em “A Bossa de Johnny”, espetáculo gratuito que será apresentado no sábado, 6 de dezembro, no Teatro do CEU das Artes Aristides dos Santos, no bairro Nova Esperança, em Rio Preto. Com sessões às 16h30 e às 19h, a montagem aposta em música, performance e diálogo social para revisitar o legado do pianista, cantor e compositor.

Idealizado e protagonizado pela cantora Elis Bohrer, o projeto percorre clássicos do repertório de Alf, além de canções autorais da artista, que dialogam com ancestralidade, espiritualidade e justiça social. A direção musical é de Maurício Zacharias e a apresentação reúne uma banda e dois convidados especiais: o ator e bailarino David Balt e a artista plástica e cantora Laine Deide. A formação conta ainda com Marcos Suzuki, no baixo elétrico, e Rogério Pinheiro, na bateria e nos arranjos.

Ao retomar o trabalho de Alf, a montagem reforça a relevância do músico como figura central na história da música brasileira. Suas composições, marcadas por harmonias complexas, melodias longas e forte influência do cool jazz e do bebop, sintetizam uma fase de experimentação em que samba e jazz se encontraram de modo pioneiro no País. A encenação destaca ainda temas recorrentes na obra do artista, como amor, fé e o cotidiano da classe trabalhadora.

Contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc, por meio da Secretaria Municipal de Cultura de Rio Preto, o projeto também lança luz sobre a invisibilização de artistas negros na música brasileira. Johnny Alf, músico negro e gay, é apresentado como exemplo emblemático dessa desigualdade histórica, cujo reconhecimento amplo só veio mais tarde. A montagem aborda ainda questões como o racismo religioso, aproximando música e performance de debates atuais.

Como ação formativa, “A Bossa de Johnny” realizou duas oficinas da boneca Abayomi na Casa SP Afro Antônio Pompêo, conduzidas por Elis Bohrer, reforçando o caráter educativo e comunitário da iniciativa.

Serviço

“A Bossa de Johnny” acontece neste sábado, 6, às 16h30 e 19h, no Teatro do CEU das Artes Aristides dos Santos — Rua Robson Lopes Diaveiro, s/n, Nova Esperança. Entrada: gratuita. Classificação: livre. Acessibilidade: tradução em Libras

Ficha técnica

Direção executiva, figurino, assessoria de imprensa e voz: Elis Bohrer

Direção de movimento, atuação e dança: David Balt

Roteiro: Elis Bohrer e David Balt

Direção musical e piano: Maurício Zacharias

Cenário e convidada: Laine Deide

Percussão: Cairo Francisco

Baixo elétrico: Marcos Suzuki

Bateria e arranjos: Rogério Pinheiro

Iluminação: Reni Trombi

Sonorização: Xico Mendes

Fotografia: Leidiane Bergo

Pesquisa: Gabriela Pinto

Projeção de imagens: Esu Mayê

Tradução em Libras: Simone Nascimento

Costura: Analice Miranda

Apoio: Cia. Apocalíptica