Diário da Região
CURTA METRAGEM

Alexandre Estevanato inicia temporada de estreia de ‘Meu Superman’

Curta-metragem protagonizado por Moacyr Franco e Emmilio Moreira propõe reflexão sobre o impacto familiar do Alzheimer a partir da relação entre pai e filho

por Salomão Boaventura
Publicado em 10/09/2025 às 11:50Atualizado em 10/09/2025 às 14:51
Moacyr Franco e Emmilio Moreira em cena de “Meu Superman” (Reprodução)
Moacyr Franco e Emmilio Moreira em cena de “Meu Superman” (Reprodução)
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Neste mês, o cineasta Alexandre Estevanato inicia as sessões de estreia “Meu Superman”, seu segundo curta-metragem que aborda a doença de Alzheimer e as dificuldades das famílias que muitas vezes se veem em desespero e sem instruções de como proceder no dia a dia.

Em Rio Preto, as exibições serão realizadas no Cinépolis do Plaza Avenida no próximo domingo, 14, às 10h30, com combos de pipoca e refrigerante para as 50 primeiras pessoas; no dia 19, às 19h, no Senac, que também exibe o curta “Memórias de Pelúcia”, produzido por alunos do Senac; O Instituto Rio-pretense dos Cegos recebe a exibição do filme no dia 24, às 9h30, em sessão inclusiva, com recursos de acessibilidade; ainda no dia 24, às 14h, o Centro de Atendimento Especializado da Saúde da Mulher recebe a exibição do curta. A entrada é de graça.

Para a gerente de marketing do Plaza Shopping, Simone Ponce, a escolha do shopping como local de estreia, pelo segundo ano consecutivo, reforça sua conexão com iniciativas culturais e sociais. “Temos orgulho de abrir nossas portas para projetos que unem arte e conscientização. Receber Meu Superman é proporcionar ao nosso público uma experiência única e emocionante, dentro de um espaço que valoriza cultura e entretenimento”, afirma.

A produção do curta-metragem Meu Superman foi viabilizada pelo fomento da PNAB (Política Nacional Aldir Blanc), do Governo Federal e do Ministério da Cultura, por meio do Chamamento Público n.º 04/2024, da Secretaria Municipal de Cultura de Rio Preto.

Alzheimer

Em sua nova produção, Estevanato traz a reflexão do para o universo masculino, a partir da relação de um filho que cuida de seu pai com Alzheimer.

“A ideia do roteiro deste filme surgiu exatamente para essa contemplação do masculino, do homem que cuida e não abandona. É muito comum a mulher ser colocada na posição de cuidadora sem pedir isso; ela é colocada na posição de cuidadora dos pais, dos sogros, dos irmãos. É pouco comum a gente explorar o cuidado masculino, nós vivemos numa sociedade machista. Então, decidi falar sobre isso, trazer à tona o viés do masculino que fica, que cuida, que ajuda, porque isso existe e tem que ser falado, tem que ser mostrado”, explica.

Elenco

Entre os protagonistas do curta, está o cantor e ator Moacyr Franco, que interpreta Osvaldo. “Já me convidaram outras vezes para fazer personagem com Alzheimer, mas o Estevanato me mostrou uma proposta diferente. É um roteiro intimista e ele sabe exatamente o que quer em cena. Isso direcionou meu trabalho de atuação”, conta Moacyr.

O filme conta com a participação do ator paulistano Emmilio Moreira, que já atuou em novelas como “Orgulho e Paixão” (2018) e “A Dona do Pedaço” (2019). O elenco também é composto por atores de Rio Preto, como Cássia Heleno (Roberta), Manoel Neves Filho (Cido), Daniel Neves (Osvaldo Jovem) e Gustavo Pavani (Rogério Jovem).

Com “Meu Superman”, Estevanato acumula mais uma produção protagonizada por grandes nomes da dramaturgia nacional, entre eles Nicette Bruno e Milton Gonçalves.

“Trabalhar com o Moacyr Franco foi maravilhoso. Dizer que dirigi Moacyr Franco é uma pretensão muito grande da minha parte. Eu apenas direciono e o Moacyr faz o resto. O Moacir é engraçado, irreverente e leve. É uma pessoa leve de se trabalhar, está sempre de bom humor no set e isso só engrandece o nosso trabalho e faz com que a equipe se sinta bem, se sinta à vontade. O Moacyr Franco realmente é uma joia rara, uma preciosidade que eu ganhei pra atuar no meu filme”, diz Estevanato.

Segundo filme sobre Alzheimer

O tema do Alzheimer já foi tratado por Alexandre Estevanato em 2018, no premiado “Minha mãe, minha filha”. O curta, protagonizado pelas atrizes Ewa Wilma e Helena Ranaldi, apresenta a história de uma filha que cuida de sua mãe com Alzheimer.

“Nós temos agora dois filmes que falam sobre esse tema. O público clama muito por isso, porque para todo lado que a gente olha, para toda a família que a gente conversa, alguém tem uma história sobre a doença de Alzheimer para contar”, comenta.

Estevanato conta que o Alzheimer impacta sua vida de maneira direta. “A minha avó paterna desenvolveu a doença de Alzheimer e a minha família conviveu durante mais de nove anos. Primeiramente, a minha mãe cuidou da minha avó paterna, mas minha mãe partiu antes mesmo da minha avó. Ela continuou doente de Alzheimer, passando por todas os estágios tristes que a doença tem, até que aí chegou o fim da vida dela”, recorda.

“A gente viveu esse luto em vida que a doença vai trazendo, vai tirando a pessoa de perto da gente, mesmo com ela ao nosso lado. Isso é muito doloroso. Acho que isso despertou em mim essa vontade de querer falar sobre o assunto”, conclui o diretor.