Diário da Região
LIVRO

Coletânea reúne viagens que transformaram vidas

Na obra 'Longe de Casa', a editora Ponto Z apresenta relatos marcantes de viagens que transformaram a vida de seus autores.

por Dandara Caroline
Publicado há 4 horasAtualizado há 1 hora
O prefaciador, Caio Emanuel, na charmosa Chefchaouen — a famosa Cidade Azul (Arquivo pessoal)
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O prefaciador, Caio Emanuel, na charmosa Chefchaouen — a famosa Cidade Azul (Arquivo pessoal)
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A Editora Ponto Z lança, neste sábado, 6, no Riopreto Shopping, às 9h, seu 61º livro publicado em seis anos. “Longe de Casa” reúne relatos de viagens reais, imaginárias ou marcantes, escritos por autores que transformaram deslocamentos em experiências que mudam a forma de ver o mundo.

Entre os autores está o prefaciador Caio Emanuel, 27 anos, que já visitou 42 países. No último ano, realizou 41 voos internacionais e mudou-se de Madri para Nova Iorque. No prefácio, ele conta como viajar o ensinou a viver com menos e com mais leveza: “Aprendi a minimizar muita coisa. Já viajei mais de um mês com apenas uma mochila. E não troco isso por nada”, afirma.

Caio relembra experiências como sua primeira viagem sozinho para a Ásia, a emoção de assistir ao Eurovision na Suécia e a primeira vez em que viu a Torre Eiffel ao lado da mãe, em 2010, memórias que, segundo ele, moldaram quem é hoje. Caio conta que virou até piada entre os amigos que sempre perguntam, “em que país você está agora?”, “Vai estar aqui no dia X?”

“Eu sinto que essas despedidas não são despedidas nesse estilo de vida, mas sim um 'até mais'. A diferença é que eu não sei quando vou ver meus amigos de novo, mas eles sabem que em algum momento eu vou voltar”, comenta.

Entre profundezas e descobertas

O livro traz ainda o relato da mergulhadora Maria Ângela Figueiredo, cuja vida mudou após uma viagem ao Havaí. “Na primeira imersão, voltei e vi tudo diferente. O sol, a praia… parecia outro planeta. É como um mundo interior crescendo”, conta.

Para ela, o mergulho é também sobre cuidado e comunidade. “É um esporte em que todos se ajudam. Um nó, um cilindro, uma checagem de ar… sempre há alguém cuidando de você.”

Entre as histórias que viveu, lembra do dia em que foi convidada para um casamento na Alemanha simplesmente por emprestar uma moeda a uma desconhecida, um desses encontros improváveis que só a estrada proporciona.

Coroação de um sonho

Entre as autoras, está Rita Trindade, que relata a viagem que fez a Paris com seu filho Álvaro. A ideia surgiu quando ele tinha 16 anos. Rita pensava em trocar de carro para um modelo mais barato porque queria, enfim, realizar uma viagem internacional. Ao ouvir isso, Álvaro perguntou se iriam para Paris e, brincando, imitou o sorriso da Mona Lisa. A semente do sonho estava plantada.

Quando os dois finalmente chegaram ao Museu do Louvre, Rita se emocionou diante do quadro que o filho tanto queria ver. Ela conta que aquele momento foi a coroação de anos de trabalho, esforço e dedicação, e que o sonho de Álvaro acabou se tornando também o dela. “Foi como chegar ao topo do mundo. Um momento único e mágico”, afirma.

Rita diz que escrever é essencial em sua vida. Ela carrega o lema “escrever para não esquecer”, em memória da mãe, que teve Alzheimer. E explica que viajar com Álvaro, que tem síndrome de Down, sempre é especial, e que decidiu registrar essa experiência inspirando outras mães:

“Queria mostrar que ter um filho com síndrome de Down não é o fim do mundo. Dá para viver muito bem e feliz”, completa.

Um mosaico de caminhos

O editor da obra, Edmilson Zanetti, destaca que o livro acolhe todos os tipos de deslocamento, inclusive os que nunca saíram do papel. “Tem autor que escreveu sobre viagens imaginárias. E isso também marca uma vida”, afirma.

Os relatos passam por Vietnã, Ilha da Madeira, Alemanha, Itália, Escócia, Cuba, Rússia, Índia, Japão, Bali, Tailândia, Israel, Egito, África do Sul, Ilha da Páscoa, Tahiti e dezenas de cidades brasileiras, formando um mosaico diverso de paisagens e sentimentos.

Estagiária sob supervisão de Salomão Boaventura