‘A Palavra que Resta’, de Stênio Gardel, marca primeiro encontro do clube de leitura da casa de criar, em Rio Preto

Um sopro de resistência artística sopra da rua Nelson Freitas, 745, no Parque Residencial Laureano Tébar. É ali que vive e pulsa a casa de criar, espaço independente de arte e formação, comandado com afeto e ousadia pela escritora Carolina Manzato e pelo artista visual juny kp!. Em 2025, a casa completa uma década de existência — tempo de luta, experimentação e comunidade. Para celebrar esse percurso, a programação do projeto “casa de criar: manutenção, resistência e corpo ativo” ganha fôlego com encontros que atravessam corpo, palavra e imagem.

Neste sábado, 26, às 16h, o primeiro encontro do clube de leitura da casa inaugura uma frente de diálogo literário. Conduzido pelo professor e pesquisador Raul Medeiros, mestre e doutorando em Letras pelo Ibilce/Unesp, o clube abre os trabalhos com o romance “A Palavra que Resta”, estreia arrebatadora do escritor cearense Stênio Gardel, publicada em 2021.

Vencedor do National Book Award 2023 na categoria melhor obra traduzida de literatura, o livro mergulha na trajetória de Raimundo, homem analfabeto que, ainda jovem, teve seu amor secreto brutalmente interrompido — e que passou 50 anos guardando uma carta que nunca pôde ler. A escrita sensível e magnética de Gardel conduz os leitores pelos caminhos de um passado marcado pela dor do ocultamento, mas também pelo poder de reinvenção.

“O clube de leitura da casa é voltado para a formação de leitores literários, com um convidado apresentado uma obra e um autor a cada encontro da programação”, explica Carolina Manzato.

Videoclipes

Na segunda-feira, 28, às 19h, é a vez do videoclipe ganhar a cena. Em mais uma edição do projeto “videoclipe: encontros fragmentados”, juny kp! propõe uma imersão na linguagem e na estética do audiovisual musical, com foco na produção da chamada nova MPB — esse território de experimentações sonoras e visuais que ressignifica o popular contemporâneo.

“Encontros fragmentados” prevê sete edições ao longo do ano. Duas delas integram o projeto “casa de criar: manutenção, resistência e corpo ativo”, e as outras cinco fazem parte da iniciativa “Hip Hop em Rio Preto: volta às origens, rumo ao futuro”.

Uma proposição de mundo

O projeto que marca os 10 anos da Casa de Criar também celebra a reforma estrutural do espaço, com foco na ampliação da acessibilidade e da inclusão. A proposta é clara: abrir portas, janelas e possibilidades para todos os corpos, vozes e sensibilidades.

Ao longo de 2025, a casa realizará uma série de ações que entrelaçam formação, arte e convivência. Além do clube de leitura e dos encontros de videoclipe, estão previstas atividades como a “matinê da casa”, os “encontros para dançar” — que estimulam a conexão entre corpo e mente —, exposições com vernissages e visitas guiadas, as projeções urbanas do @projetonacidade e as “rodinhas literárias”, pensadas especialmente para as infâncias.

Toda a programação é gratuita. O projeto é viabilizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (Pnab), do Ministério da Cultura, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de São José do Rio Preto.