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Feitos artesanalmente, os ladrilhos hidráulicos voltam a aparecer em projetos contemporâneos

Símbolo da arquitetura brasileira, os ladrilhos hidráulicos ressurgem como aposta criativa e resistente para compor pisos, paredes, bancadas e móveis com personalidade

por da Redação
Publicado em 23/05/2025 às 11:09Atualizado em 23/05/2025 às 11:09
Ladrilhos hidráulicos ressurgem como aposta criativa e resistente para compor pisos, paredes, bancadas e móveis com personalidade (Juliana Deeke/Rawi Arquitetura + Design)
Ladrilhos hidráulicos ressurgem como aposta criativa e resistente para compor pisos, paredes, bancadas e móveis com personalidade (Juliana Deeke/Rawi Arquitetura + Design)
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Com origem na Europa no fim do século XIX, os ladrilhos hidráulicos conquistaram espaço em diferentes países e se tornaram um ícone da arquitetura brasileira. Após décadas de relativo esquecimento, essas peças artesanais voltaram com força nos projetos de interiores, especialmente em cozinhas, banheiros e até salas e quartos, onde imprimem personalidade e estilo.

Produzidos manualmente, os ladrilhos são compostos por cimento, quartzo, pó de pedra e pigmentos, o que confere variedade de cores e desenhos. Segundo o arquiteto Raphael Wittmann, cada peça é feita de forma artesanal, uma a uma, o que reforça seu caráter exclusivo.

A arquiteta Laís Covizzi explica que o formato mais comum é o de 20x20 centímetros e destaca que o custo mais elevado das peças se deve ao processo manual e ao tempo necessário para sua produção. "Por serem peças produzidas artesanalmente e pelo tempo que levam para serem produzidas, possuem um valor mais elevado", diz. Ainda segundo ela, as características técnicas também são atrativas: "As peças possuem alta resistência e características antiderrapantes, oferecendo segurança mesmo quando molhadas. A instalação é feita com junta seca para evitar qualquer tipo de espaçamento entre elas, e não se pode bater com martelo de borracha, pois há o risco de provocar marcas e surgimento de trincas".

Depois de terem seu auge entre as décadas de 1930 e 1940, os ladrilhos hidráulicos voltaram a ser valorizados não só por sua estética, mas também pela versatilidade. Os desenhos geométricos e florais, as cores vibrantes e a variedade de texturas permitem liberdade criativa, conferindo aos ambientes um ar clássico, retrô, rústico ou contemporâneo. "Além desses atributos, podemos adotá-los em diferentes ambientes, como quartos, salas, banheiros e cozinhas", afirma Wittmann.

A arquiteta Ana Manso chama atenção para os cuidados durante a instalação e manutenção das peças, essenciais para sua durabilidade. "Os principais cuidados na instalação são: preparação da base, que deve ser limpa, nivelada e seca; utilização de uma argamassa de qualidade e também de espaçadores para manter o alinhamento entre eles; respeitar seu tempo de cura e secagem de pelo menos 24 horas e, por fim, a aplicação de um impermeabilizante adequado ao produto, protegendo contra manchas e umidade".

Wittmann reforça a necessidade de atenção durante o manuseio. "É crucial que a instalação seja feita com cautela para evitar sujeiras nos ladrilhos. Trata-se de um material de cimento poroso, portanto, qualquer sujeira deve ser prontamente removida".

Embora seja comum aplicar a resina após o rejunte, o arquiteto explica que o processo pode ser feito antes, como forma de proteção contra manchas. "Após a aplicação do rejunte, é necessário aguardar aproximadamente uma semana para que o ladrilho seque completamente antes de aplicar a resina", complementa.

Para manter os ladrilhos em boas condições, o uso de produtos químicos deve ser evitado. Por serem porosos, eles podem ser danificados com facilidade. Ana Manso aconselha cuidados adicionais: "É interessante utilizar feltros ou protetores de borracha nos pés dos móveis para evitar arranhões nos ladrilhos", finaliza.