Arquitetura adaptada para a terceira idade
Projetos para residências visam deixar os ambientes mais acessíveis e sem oferecer riscos aos idosos
A população brasileira está envelhecendo. Prova disso é um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que mostrou que, até 2100, os idosos podem representar cerca de 40,3% dos brasileiros. Com essa tendência de envelhecimento de considerável parte da população, os arquitetos já pensam em projetos destinados às residências, de forma a atender as necessidades dessa fase da vida e proporcionar maior conforto e qualidade de vida aos idosos.
Esse foi o desafio encontrado pelo arquiteto Bruno Moraes que, a pedido de uma cliente, precisou reformar um apartamento de 95 m², para uma cliente da terceira idade. Segundo ele, as preocupações da Dona Darcy, uma cliente da terceira idade, mas que ainda esbanja disposição, é com a mobilidade que possa a vir a ser prejudicada nos próximos anos, o que a levou a buscar um projeto com uma estrutura pensada na acessibilidade.
“No apartamento da Dona Darcy, para conquistar uma circulação mais fluída, sala e cozinha foram integradas por meio da demolição de uma parede. Uma porta também foi retirada, permitindo a conexão da varanda, que recebeu a mesa de jantar, com o estar”, explica o arquiteto.
Ele conta ainda que, no dormitório da moradora, também foram feitas várias modificações, a fim de ampliar o espaço de passagem, como a mudança da cama para mais próxima da janela para liberar espaço e a criação de um closet, para a organização de suas roupas, assim como o banheiro da suíte, que também foi pensado para garantir uma boa circulação.
“Tanto o banheiro da suíte, quanto a sua porta de acesso e o box do banho foram ampliados. A alteração ocorreu por um pedido dela, como uma preparação para necessidades futuras. Assim, caso um dia precise utilizar cadeiras de rodas, ela usufruirá de maior conforto”, conta Bruno.
Na região de Rio Preto, a arquiteta Luana Ulliam explica que tem feito projetos para adaptar as casas de pessoas com pais idosos, que levam os pais para morar com eles para que possam estar perto para atenderem as necessidades deles. Ela explica que um dos principais pedidos é o quarto com banheiro acessível
“Os clientes com pais idosos já têm tido essa preocupação de fazer sempre um quarto acessível, com espaço amplo e circulação em volta da cama, além de portas com, no mínimo, noventa centímetros de diâmetro, para permitir a passagem de cadeira de rodas. No banheiro, instalação de barra, tapete de borracha e piso antiderrapante, para que essas pessoas possam ter um pouquinho mais de autonomia, além da nivelação do piso, para que não haja degraus”, explica.
(Colaborou Júlia de Britto)
6 dicas para tornar o imóvel mais acessível para a terceira idade
Revestimentos: É preciso investir em revestimentos antiderrapantes para evitar escorregões, bem como eleger modelos de fácil limpeza, seja para o caso de o próprio idoso realizá-la sozinho, ou para alguém que cuide da residência.
Layout e mobiliário: Uma recomendação interessante é evitar a disposição de muitos objetos no meio do caminho, pois isso dificultará o deslocamento do morador idoso.
Circulação: Pensando em uma locomoção segura, o ambiente não deve dispor de passagens apertadas, como também vãos de portas estreitos ou objetos que possam atrapalhar o deslocamento.
Barras de apoio: Principalmente com relação ao banheiro ou outras áreas molhadas, uma dica é incluir barras de apoio nas paredes para que o idoso possa se equilibrar e, até mesmo, conseguir tomar banho sozinho.
Fechadura eletrônica: Já imaginou se um idoso que mora sozinho passa mal? É essencial que algum familiar tenha uma cópia das chaves, ou então, invista em fechaduras eletrônicas. Com a senha, o acesso ao imóvel para a prestação do socorro é facilitada.
Altura dos móveis: Antes da compra, é recomendado ir até a loja pessoalmente e verificar os tamanhos disponíveis – e, se possível, levá-los para realizar uma experiência in loco. Outra solução é trabalhar com móveis sob medida.