Diário da Região
INVESTIGAÇÃO

Vídeo mostra agressão a aluno autista em escola de Rio Preto

Vítima, que tenta se defender de socos na cabeça, recebeu a mesma punição que o agressor

por Joseane Teixeira
Publicado em 05/12/2024 às 16:48Atualizado em 05/12/2024 às 17:18
Agressão a aluno autista foi filmada por colegas de classe (Reprodução)
Agressão a aluno autista foi filmada por colegas de classe (Reprodução)
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A Polícia Civil instaurou procedimento para apurar a conduta de um adolescente de 13 anos que foi filmado agredindo um jovem autista de 14 anos na escola estadual Leonor Carramona, localizada no bairro Vitória Régia, em Rio Preto. As imagens mostram que a violência acontece dentro da sala de aula.

“A escola me ligou dizendo que meu filho tinha trocado agressões com um colega de sala. Achei estranho porque ele não tem esse tipo de comportamento. Dois dias depois recebi um vídeo que mostra ele sendo agredido. Mesmo assim, ele foi punido”, diz a mãe Yara Cavalcanti Alves.

O caso aconteceu na semana passada. Segundo Yara, ao chegar em casa, percebeu que o filho tinha um “galo” na cabeça. Após muita insistência, ele acabou revelando que não houve briga. Na verdade, ele havia sido agredido a socos pelo colega de sala.

“Questionei a escola e a resposta que recebi é que meu filho se machucou sozinho ao se jogar no chão”, conta.

A mãe relata que um amigo de sala se comunica com o filho por meio do celular dela. Foi quando, dois dias depois da violência, ela recebeu o vídeo gravado por estudantes.

As imagens mostram a vítima caída no chão, tentando se proteger dos socos na cabeça, enquanto outros alunos gritam e dão risada. Não há nenhum adulto no local.

'Impotência'

“Comecei a chorar compulsivamente. Era como se eu estivesse sendo agredida. A sensação de impotência é muito grande”, disse.

Yara explica que o filho tem laudo de Transtorno do Espectro Autista e TDAH. Assim como o agressor, ele foi suspenso da escola por um dia, mas se recusa a retornar para a sala de aula.

“Ele disse: ‘pra mim, chega. Não aguento mais sofrer’. Meu filho está em estado depressivo e não vejo atitude por parte da escola para evitar a violência física e psicológica que ele está sofrendo. O agressor está frequentando as aulas normalmente”.

Ocorrência

O boletim de ocorrência, registrado como lesão corporal, foi encaminhado para o 7º Distrito Policial.

Questionada, a Secretaria Estadual de Educação informou que lamenta o ocorrido e repudia qualquer forma de violência dentro e fora da escola. “Assim que a situação na unidade foi percebida, a equipe de gestão acionou os responsáveis pelos alunos para mediação e encaminhou o caso para o Conselho Tutelar”, consta em nota.

Ainda de acordo com a Secretaria, uma psicóloga vai prestar suporte aos alunos envolvidos.

“A equipe local do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar acompanhará o caso, atuando com ações para conscientização, combate ao bullying, racismo e intensificar ações da cultura de paz de toda comunidade escolar”, finaliza.