A difícil rotina do pedestre em Rio Preto
Motoristas e motociclistas não respeitam faixas e lombofaixas



A cena lembra a de uma competição. O tempo, entre 15 e 30 segundos em média. De um lado, motoristas ao volante; do outro, os pedestres. E entre os dois, aquela demarcação característica no asfalto, em riscas brancas verticais, de um território nem sempre amigável. A faixa de pedestre é representativa do quanto o trânsito está longe de ser um lugar seguro. Não por acaso, o tema que o Observatório Nacional de Segurança Viária definiu para o próximo "Maio Amarelo" surge como um alerta: "Nós somos o trânsito".
O Diário constatou na prática esse clima muitas vezes tenso no trânsito. Atravessar na faixa de pedestres e nas lombofaixas pode ser uma decisão arriscada, como comprovaram os comerciantes Julio César Batista e Valquiria Perpétua Batista, nesta quinta-feira, 25, ao tentar atravessar a lombofaixa em frente ao Poupatempo, na rua Antonio de Godoy. A cena foi flagrada pela reportagem. "Embora seja obrigatório o motorista dar passagem para o pedestre, o carro não parou em nenhum momento, veio para cima de nós," disse Valquiria.
O funcionário público Fernando Chaddad e sua colega de trabalho Rafaela da Silva Moraes dizem que em um dia de chuva, ao atravessar o cruzamento da avenida Alberto Andaló com a rua Jorge Tibiriçá, quase foram atropelados. "Mesmo nós atravessando na faixa, o motorista cruzou para entrar na avenida, e quase me atropelou. Se não fosse eu gritar, ele tinha nos atropelado" disse Fernando.
No cruzamento da rua Marechal Deodoro com a Bernardino de Campos, a psicóloga Taila Tanani dos Santos contou que tem medo de atravessar, mesmo quando o sinal está aberto para os pedestres. "Geralmente, quando o sinal já está vermelho, os motoristas passam mesmo assim, tenho que dar um passo para trás, senão corro o risco de ser atropelada."
A secretária Marilda dos Santos Oliveira diz ter bastante dificuldade para atravessar a rua nas lombofaixas. "Quase sou atropelada. Eles não respeitam, e ainda acham ruim quando vamos atravessar, ficam buzinando. Os motoqueiros principalmente."
De acordo com o assessor do Guarda Civil Municipal, Roger Assis, no ano passado, a Guarda aplicou cinco multas para os motoristas que não respeitaram a faixa de pedestre. As multas são médias e custam R$ 130,16.
A partir do final de abril deste ano, os pedestres também poderão ser alvos de multa, caso sejam flagrados atravessando a rua fora da faixa. A multa, regularizada pelo Denatran é de R$ 44,19.
Formas de proteção
A lombofaixa é a mistura de lombada com faixa de pedestre. Elas têm quatro metros de largura e 15 centímetros de altura, e têm como objetivo obrigar o motorista a diminuir a velocidade, de forma que facilite a travessia dos pedestres. Segundo o coordenador de Mobilidade, Amaury Hernandes, 13 lombofaixas serão instaladas na cidade neste ano.
Outra forma de proteção foi iniciada pelo Secretaria de Trânsito no ano passado, no cruzamento da rua Voluntários de São Paulo com a rua Independência. No programa Vermelho Total, todos os semáforos permanecem vermelho por oito segundos, dando mais tempo para os pedestres atravessarem a rua com maior segurança. Segundo Hernandes, há projeto de expansão do programa para outros pontos da cidade.
Maio Amarelo
Assim como em 2017, o tema de 2018 do "Maio Amarelo" propõe o envolvimento direto da sociedade nas ações e propõe uma reflexão sobre uma nova forma de encarar a mobilidade. Trata-se de um estímulo a todos os condutores, seja de caminhões, ônibus, vans, automóveis, motocicletas ou bicicletas, e aos pedestres e passageiros, a optarem por um trânsito mais seguro.