Suspeita de fraude em concurso da Polícia Civil trava posse de 50 aprovados de Rio Preto
Ao todo são 1,4 mil aprovados em São Paulo, sendo 50 em Rio Preto, aguardando a posse como investigador da Polícia Civil

Cinquenta aprovados no concurso para investigador da Polícia Civil de Rio Preto foram impedidos de posse após a homologação ser suspensa por ordem judicial. A Justiça suspendeu o resultado do Concurso Público de Provas e Títulos após o recebimento de denúncias de irregularidades na prova oral. Ao todo, são ofertadas 1.250 oportunidades para Investigador, distribuídas em diferentes regiões do estado e com exigência de nível superior. O salário inicial é de R$ 5.879,68.
Segundo a denúncia, houve suposto favorecimento de candidatos devido ao uso, por um examinador, de material supostamente originado de um cursinho.
João Pedro Pópoli Basso, 24 anos é um dos futuros investigadores que está contando com a posse. Atualmente ele é professor de Biologia e Química, mas teve que sair de uma das escolas para ter mais tempo para a prova oral, o que acabou comprometendo a parte financeira. “Estou nas minhas últimas semanas como empregado. Daqui pra frente, fico na dependência do concurso para poder voltar a receber qualquer coisa e ter mais estabilidade”, relatou.
Outra afetada em Rio Preto é Thayná Barbosa Brianez, que sempre sonhou em seguir carreira policial. “Em 2022 intensifiquei os estudos, fui aprovada na polícia penal temporária de Minas Gerais e assumi em janeiro de 2023, mas logo comecei a me preparar para o concurso de investigador. Passei nas etapas iniciais, encerrei meu contrato em agosto de 2024 para me dedicar exclusivamente à prova oral e em março de 2025 fui aprovada. Estou há mais de um ano desempregada aguardando decisão judicial, enquanto outros cargos já tomaram posse”, desabafa.
Fábia Demarqui Albertoni Volpe de 37 anos, largou o trabalho em uma multinacional para se dedicar ao certame. “Após passar na primeira fase em fevereiro de 2024 decidi deixar meu cargo, tornei-me professora, após 15 anos de formada, para ter mais tempo para estudar. Nosso apelo é para que o certamente tenha andamento. Entrar para a Civil é vocação. Queremos celeridade, porque além de nós, toda a sociedade padece”, compartilhou.
Argumentos
Segundo uma das representantes da Comissão de Aprovados no Concurso IP PCSP/23, Beatriz Maciel, a Comissão esclareceu que o conteúdo não era sigiloso nem irregular, sendo apenas um compilado de perguntas recorrentes da própria Academia de Polícia Civil (Acadepol).
Beatriz destaca que a juíza de 1ª instância indeferiu a liminar por falta de indícios, porém o relator suspendeu cautelarmente a homologação para aprofundar a análise, sem anulação ou constatação de fraude. Também foi apurado que o examinador atuou por poucos dias e aprovou e reprovou em proporções equilibradas, e a Corregedoria concluiu não haver irregularidades.
“Estamos atuando de forma intensa e responsável para garantir a máxima celeridade processual. Representamos os mais de 1.410 candidatos aprovados no certame, dando voz a essas pessoas para que nosso direito de tomar posse seja garantido. Desejamos que tudo seja devidamente esclarecido”, disse Beatriz.
SSP
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que todas as etapas do concurso já foram finalizadas pela polícia, que aguarda a decisão da Justiça para prosseguimento do processo.