Diário da Região
INVESTIGAÇÃO

Segurança que matou homem em bar de Rio Preto já foi preso por porte de arma

Em outra ocorrência, em fevereiro deste ano, um leiturista afirmou ter sido ameaçado de morte após cortar o gás do suspeito, que se identificou como policial militar

por Joseane Teixeira
Publicado há 6 horasAtualizado há 2 horas
Keven Novaes (Reprodução / Redes sociais)
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Keven Novaes (Reprodução / Redes sociais)
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Apontado pela Polícia Civil como autor dos disparos que mataram o serralheiro Geovani Svolkin da Silva, 31 anos, na noite deste domingo, 26, durante uma confusão em um bar de Rio Preto, o segurança Keven Ígor Silveira Novaes, 25, registra três ocorrências criminais relacionadas a arma de fogo – em uma delas, ele foi preso em flagrante com uma pistola extraviada de um agente penitenciário.

Keven, que trabalha em uma empresa de segurança privada, é alvo de inquérito instaurado nesta segunda-feira, 27, pelo delegado Marcelo Ferrari, do 1º Distrito Policial, para investigar o crime de homicídio qualificado.

Vídeos publicados nas redes sociais mostram uma confusão generalizada entre homens e mulheres na noite deste domingo, 26, em um bar da rua Independência, no bairro Vila Bom Jesus.

Em determinado momento, Keven vai até o carro e pega uma arma. Clientes do bar verbalizam que ele está armado. Após dois estampidos, ele retorna ao veículo e, antes de fugir, grita algo como “vem brigar com polícia, desgraça”.

Cápsulas apreendidas no local indicam que o segurança pode ter utilizado uma pistola ponto 40 para matar Geovani.

Ao Diário, o delegado Marcelo Ferrari informou que testemunhas serão intimadas para esclarecerem a motivação da briga.

Confraternização

Geovani foi morto durante confraternização familiar para celebrar o aniversário de 62 anos da mãe.

Em seu último stories publicado no Instagram, ele escreveu que o pedido da mãe foi que os filhos cuidassem dela.

“O pedido foi cuidar de você e assim vai ser”, escreveu em uma foto acompanhado de familiares.

Geovani está sendo velado no cemitério de Potirendaba, onde será sepultado ainda nesta segunda-feira, 27.

Keven fugiu após o crime e ainda não foi localizado.

Reincidente

A reportagem apurou que é a quarta vez que Keven é alvo de investigação da Polícia Civil.

Em fevereiro deste ano, um leiturista registrou boletim de ocorrência contra o segurança após ser ameaçado de morte com uma arma.

A vítima relatou que seguiu até um condomínio fechado de Rio Preto para cortar o gás de um morador inadimplente. Dois dias depois, o leiturista retornou para religar e foi surpreendido pelo segurança, que apontou uma arma para ele, exigiu seu nome completo e tirou várias fotos do rosto dele, alegando ser policial militar.

Em julho de 2022, o segurança foi preso em flagrante, em Nipoã, com uma pistola calibre 380 com a numeração raspada. A suspeita é de que a arma pertencia a um agente penitenciário.

O servidor contou que perdeu a pistola durante um evento em que Keven estava trabalhando. Após receber informações de que o suspeito estava com a arma, a vítima pediu apoio da Polícia Militar, que abordou o segurança dois dias depois. Embora a numeração estivesse suprimida, a pistola tinha as mesmas características do armamento do agente penitenciário.

Já a primeira ocorrência foi registrada em 2019, após denúncia de disparo de arma de fogo em via pública de José Bonifácio. Um morador afirmou que o autor dos tiros era um indivíduo de camiseta laranja, que estava em um Gol branco. Com base nas características informadas, Keven, que tinha 19 anos, foi abordado e estava em posse apenas de três projéteis deflagrados de revólver calibre 38. Na ocasião, ele negou ter sido autor dos disparos e indicou o nome de um suspeito.

A reportagem questionou a Polícia Federal se o segurança possui autorização legal para posse ou porte de arma de fogo. Em nota, a PF respondeu que informações pessoais são de acesso restrito, "independentemente de classificação de sigilo, não podendo ser fornecidas pelos órgãos e entidades do poder público a terceiros, exceto diante de previsão legal".