Rio Preto lidera ranking de imunização entre as maiores cidades de SP
Rio Preto completa nesta quarta-feira, 19, um ano do início da vacinação com 85% dos moradores imunizados; cidade é a que tem maior cobertura vacinal entre os municípios do Estado com mais de 250 mil habitantes

Rio Preto completa nesta quarta-feira, 19, um ano de campanha municipal de vacinação contra o coronavírus com 84,9% da população imunizada. É o maior índice entre as grandes cidades paulistas. São 395.210 pessoas que receberam duas ou dose única em 12 meses. E tudo começou no dia 19 de janeiro de 2021, quando a enfermeira do Hospital de Base Prisciani Renata Batista tomou a primeira dose.
Ao longo desse tempo, a média móvel de mortes chegou a subir no momento em que a maior parte da população estava sem a vacina e quando surgiu a variante Gama – identificada em Manaus. Após isso, a queda nos óbitos foi consistente e, mesmo com a variante Ômicron e com aumento de casos, hoje está em 0,5 por dia, ou seja, um a cada dois dias.
Quem vivenciou todo esse processo foi a enfermeira Gabriela Espolapor, apontada pela Secretaria de Saúde como uma das profissionais que mais aplicaram vacinas contra a Covid em Rio Preto. Nas contas dela, são cem doses por dia, ou seja, cerca de 36 mil em um ano.
O secretário municipal de Saúde, Aldenis Borim, vê como positivo os resultados obtidos. “A vacinação foi fundamental para combater a pandemia no município. Percebemos ao longo do ano passado que, conforme ela avançava, o número de internados por Covid diminuía”, afirma o médico.
A gerente de imunização de Rio Preto, Michela Dias Barcelos afirma que o alto índice de vacinação foi obtido graças à adesão da população de Rio Preto. “É com muita alegria que a gente comemora um ano de vacinação. Quando a gente pensa que já passou um ano, passa um filme na cabeça. Muitas pessoas não tiveram a oportunidade de se vacinar. Apesar de toda dificuldade, assistimos a vontade dos trabalhadores em vacinar, e a adesão da população foi excelente”, afirma. “Isso exigiu muito de todos os trabalhadores da saúde. Todo mundo se sacrificou, teve calos nos dedos, dores nas pernas por ficar de 8 a 9 horas de trabalho em pé para vacinar as pessoas, mas valeu a pena.”
O professor da Famerp Mauricio Lacerda Nogueira afirma que a cidade tem motivos para comemorar, por ter conquistado adesão da população, mesmo bombardeada por teses negacionistas. “Foi um ano de excelentes resultados. Apesar do negacionismo e campanha anti-vacina, a população reagiu muito bem e se vacinou de forma significativa. Muitas vidas foram salvas e mais teriam sido se tivéssemos iniciado antes. Hoje estamos numa situação muito melhor que no ano passado e apesar da Ômicron temos um bom resultado total com uma diminuição enorme do número de mortes e internações.”
Para Borim, o maior desafio da vacinação em 2022 é convencer as pessoas a retornarem às unidades para completar o esquema vacinal. Hoje, o número de faltosos da segunda dose está em 20.218, enquanto a da dose adicional está em 110.248. “A pandemia ainda não acabou, inclusive temos visto nas últimas semanas o aumento expressivo dos casos de Covid e a maioria dos casos que se agravam ocorrem em pessoas não vacinadas ou parcialmente vacinadas. Por isso, é fundamental que os faltosos retornem às salas de vacina,” diz o secretário.
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‘Campeã’ da seringa

Boa parte do alto índice de imunização da população de Rio Preto foi conquistado pelas mãos da enfermeira Gabriela Espolador, 29 anos, uma campeã da seringa que fez uma média de cem aplicações por dia. “Eu participei desde o primeiro dia das vacinações na Swift e aqui no posto de saúde do Jardim Americano, sem nunca faltar. Me sinto muito honrada em ter feito este trabalho”, diz a profissional de Saúde.
Na memória de Gabriela, o momento mais emocionante foi imunizar os idosos, que vinham trajando suas melhores roupas. “Alguns destes idosos traziam com eles placas com os nomes de parentes que não sobreviveram a tempo da chegada da vacina. Confesso que teve situações em que chorei junto com eles”, revela.
Gabriela também presenciou momentos de pura alegria, principalmente dos jovens que chegavam fantasiados para serem imunizados. “Cheguei a aplicar doses até em quem vinha fantasiado de jacaré. Dava para ver no rosto destas pessoas muita alegria. Tinha gente que ficava tão agradecida que deixava cartas, flores e até me presentearam. Assisti muitas cenas de gratidão.”
Mesmo após um ano de vacinação, Gabriela diz estar disposta a participar da aplicação de quantas doses forem necessárias para imunizar de vez a população e acabar com a pandemia.
Quem ainda não se vacinou ou está com dose em atraso pode procurar uma unidade de saúde. Os endereços podem ser consultados em http://www.riopreto.sp.gov.br/vacinacovid.Crianças de 5 a 11 anos com comorbidades estão sendo vacinadas desde segunda, 17 – até agora, 176 foram imunizadas. Para crianças sem comorbidades, foi aberto cadastro para doses remanescentes. Em dois dias, 672 pessoas cadastraram crianças e 16 delas já tomaram a vacina. (MAS)
Imunização
Vacinação e média móvel de mortes em Rio Preto
19/1/2021
- Início da vacinação em profissionais de saúde
- Média móvel diária de mortes: 3,86
8/2/2021
- Início da vacinação em idosos
- Média móvel diária de mortes: 3,86
5/4/2021
- Início da vacinação em agentes de segurança
- Média móvel diária de mortes: 20,43 (recorde durante a pandemia, após a chegada da variante Gama e a maior contaminação de adultos jovens, que ainda não tinham sido imunizados)
14/6/2021
- Início da vacinação em adultos com 59 anos ou menos
- Média móvel diária de mortes: 10,86
18/8/2021
- Início da vacinação em adolescentes de 12 a 18 anos
- Média móvel diária de mortes: 3,57
9/9/2021
- Metade da população de Rio Preto completa ciclo vacinal (duas doses ou dose única). Terceira dose começa a ser aplicada em idosos
- Média móvel diária de mortes: 1,43
22/10/2021
- Rio Preto atinge 70% da população com ciclo vacinal completo (duas doses ou dose única)
- Média móvel diária de mortes: 1
7/1/2022
- Rio Preto ultrapassa cem mil casos positivos e tem 83% da população imunizada
- Média móvel diária de mortes: 0,14
19/1/2022
- Um ano do início da vacinação
- Média móvel diária de mortes: 0,57
Fonte: Vacinômetro, Secretaria de Saúde, IBGE e reportagem
‘Passei a sentir mais segurança’



Há 365 dias, a enfermeira Prisciani Renata Batista, 35 anos, estava sentada em uma cadeira, alvo de câmeras e flashes. Tornou-se a primeira moradora de Rio Preto a ser imunizada.
“Pra mim foi um dia de muita alegria, porque antes a gente trabalhava na incerteza da proteção, contando só com nossos cuidados. A partir do momento que recebi a vacina, passei a me sentir mais segura para trabalhar”, revela a enfermeira.
Para Prisciani, a maior conquista que obteve ao ser imunizada foi ter conseguido convencer seu pai, até então com medo, a se vacinar também. “Quem não tinha vontade de tomar a vacina era meu pai. Ele falou: se você tomou, eu vou tomar também”.
Porém, Prisciani não vivenciou só felicidade em 12 meses. Ela assistiu parte da família ser contaminada e sua mãe e um primo irem juntos para a UTI – a genitora sobreviveu, mas o primo não resistiu.
“Eu também perdi uma companheiro do trabalho, uma funcionária da limpeza do Hospital de Base, no começo da pandemia. Ela tinha comorbidade. Isso abalou todos nós”, lamenta a enfermeira.
Depois de vivenciar toda a pandemia, Prisciani se vê um pouco decepcionada com o comportamento das pessoas, que mesmo contaminadas não respeitam a ordem de se manterem isolados em casa.
“As pessoas não estão preocupadas com o outro. Nem avisam o outro que estão contaminados, frequentam supermercados, nem preocupam se vão transmitir. Depois elas ficam reclamando que tem demora no atendimento no postinho”, afirma. (MAS)