Equipamento do HB de Rio Preto permite monitorar o cérebro com menos 'invasão'
Criado por físico brasileiro, equipamento que mede pressão intracraniana chegou ao HB e ao HCM e vai permitir monitorar pacientes vítimas de traumatismo, por exemplo, com menos ações invasivas


O Hospital de Base e o Hospital da Criança e Maternidade de Rio Preto firmaram parceria com a healthtech Brain4Care para utilização de monitores portáteis de pressão intracraniana, uma tecnologia inovadora que substitui a implantação de cateter, procedimento que exige incisão na pele e perfuração do crânio.
Criado pelo físico brasileiro Sérgio Mascarenhas, o equipamento já é utilizado em quatro países e 49 hospitais, mas é inédito na região Noroeste do estado. Trata-se de uma cinta elástica com um sensor ultrassensível capaz de captar pequenas ondas emitidas no crânio, que indicam se a pressão intracraniana está alta ou estabilizada.
“Parece uma ideia simples, mas até pouco tempo a literatura médica considerava o crânio inexpansivo, ou seja, sem movimento. O professor Mascarenhas não só provou o contrário, como criou um equipamento capaz de captar as ondas produzidas pela pressão intracraniana. Por meio do estudo das ondas produzidas, em um monitor ou tablet, é possível identificar alterações e até antecipar procedimentos”, explica o neurocirurgião pediátrico Linoel Curado Valsechi.
A tecnologia já está sendo utilizada no Pronto Atendimento do Hospital de Base e nas UTIs neurológicas do HB e HCM, inclusive pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“É útil em situações como traumatismo craniano, tumores cerebrais e hidrocefalia, por exemplo. Havendo a suspeita de hipertensão intracraniana, o equipamento pode descartar o diagnóstico ou indicar a necessidade de procedimentos urgentes. Com a utilização do monitor portátil, não precisamos transportar o paciente de um setor para outro e otimizamos recursos, uma vez que, em algumas situações, descarta a necessidade de realização de tomografias”, diz Valsechi.
Antes do equipamento, a única alternativa para monitoramento de pacientes admitidos em urgência neurológica era inserindo um cateter por meio de um orifício no crânio. Além de ser um procedimento invasivo, o acompanhamento costuma ser realizado por 48 horas, justamente por ser um mecanismo sensível de ser implantado e que não é reutilizável. Já a cinta apresenta resultados em apenas cinco minutos e pode ser instalado em um número indeterminado de pacientes.
“O monitoramento feito pelo dispositivo é indolor e não necessita do uso de contraste ou sedativos. Este é o diferencial, um método simples, ágil, porém bastante preciso”, destaca Jorge Fares, diretor executivo da Funfarme.
Outra grande vantagem é que os dados captados pelos sensores são transmitidos por meio de rede wi-fi, sem necessidade de fiação.
Apesar de revolucionário, o Brain4care é um considerado um equipamento complementar, ou seja, auxilia no diagnóstico, mas não substitui por completo a necessidade do monitoramento via cateter, em situações de gravidade, que exigem acompanhamento ininterrupto.