Diário da Região
OS PROBLEMAS PERSISTEM

Saúde adia abertura de leitos por falta de profissionais em Rio Preto

Uma semana após promessa de melhoras na saúde, lotação de UPAs permanece em Rio Preto e, por falta de profissionais, Prefeitura adia abertura de novos leitos

por Marco Antonio dos Santos
Publicado em 13/05/2022 às 22:59Atualizado em 14/05/2022 às 09:16
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UPA Norte estava com movimento intenso durante esta sexta-feira, 13 (Marco Antonio dos Santos 13/5/2022)
UPA Norte estava com movimento intenso durante esta sexta-feira, 13 (Marco Antonio dos Santos 13/5/2022)
Rosemeire da Silva, 48 anos, estava sem almoçar e ainda só tinha passado pela triagem da UPA (Marco Antonio dos Santos 13/5/2022)
Rosemeire da Silva, 48 anos, estava sem almoçar e ainda só tinha passado pela triagem da UPA (Marco Antonio dos Santos 13/5/2022)
Crigina Alves, 53 anos, chegou às 11h e, por volta das 14h, ainda esperava por atendimento médico. A mãe dela, de 74 anos, está internada dentro da UPA Norte desde
domingo (Marco Antonio dos Santos 13/5/2022)
Crigina Alves, 53 anos, chegou às 11h e, por volta das 14h, ainda esperava por atendimento médico. A mãe dela, de 74 anos, está internada dentro da UPA Norte desde domingo (Marco Antonio dos Santos 13/5/2022)
Monica da Silva Santos, 31 anos, acompanhava a vizinha, que estava com problemas cardíacos: “Não vejo melhora no atendimento. Só vi três médicos atendendo, cadê os outros?”, questiona (Marco Antonio dos Santos 13/5/2022)
Monica da Silva Santos, 31 anos, acompanhava a vizinha, que estava com problemas cardíacos: “Não vejo melhora no atendimento. Só vi três médicos atendendo, cadê os outros?”, questiona (Marco Antonio dos Santos 13/5/2022)
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Com dificuldades para contratação de profissionais na área da saúde, a Prefeitura de Rio Preto não conseguiu resolver dois dos principais problemas atualmente: a longa espera por atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e a falta de leitos para internação de pacientes. Nesta sexta-feira, 13, a demora para ser atendido chegava a cinco horas e havia 82 pessoas internadas em UPAs à espera de transferência para hospitais.

Os problemas persistem uma semana depois de entrevista coletiva do prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), e do secretário de Saúde, Aldenis Borim, em que anunciaram medidas. Uma delas foi a criação de 66 novos leitos. Quase metade deles (30), porém, ainda está sem data para começar a funcionar. Os leitos serão na Unidade de Internação Básica (UIB) do Fraternidade e deveriam ser inaugurados na próxima segunda-feira, 16. Sem conseguir preencher o quadro de funcionários, a Prefeitura vai adiar a abertura. Os outros leitos (36), que foram abertos na Santa Casa, estão lotados desde o primeiro dia de funcionamento.

Outra mudança anunciada foi a contratação de mais 13 médicos para reduzir a espera de atendimento e diminuir a lotação nas UPAs.

Enquanto as medidas da Prefeitura não melhoram a qualidade do atendimento da rede municipal, nas UPAs sobram reclamações de pessoas esperando por horas por uma consulta médica no serviço de emergência.

A aposentada Crigina Alves, 53 anos, chegou às 11h e, por volta das 14h, ainda esperava por atendimento médico. Só entrou na UPA para passar pela classificação de risco. “Estou com mal-estar, calafrios, mas não fui nem atendida. Só passei pela triagem. E minha mãe, de 74 anos, está internada dentro da UPA Norte desde domingo, à espera de transferência. Pra mim, nada mudou no atendimento. Está do mesmo jeito”, reclama a aposentada

Sentada em uma cadeira, no “puxadinho” externo da UPA Norte, a auxiliar de limpeza Carolaine Vieira da Silva, 22 anos, aguardava desde às 9h48 atendimento médico, mas às 14h21 ela só tinha passado pela triagem. “Estou sentindo muita dor de cabeça e pelo corpo todo. A Prefeitura falou na semana passada que ia ter mais médicos para atender, mas, do meu ponto de vista, nada mudou”, diz a moradora do bairro Santa Cruz.

Com senha nas mãos desde às 9h52, a auxiliar geral Rosemeire da Silva, 48 anos, também só tinha passado pela triagem da UPA. Todo esse tempo de espera, inclusive sem almoçar, apenas para pegar um exame médico. “É uma suspeita de pancreatite. Eu não esperava passar por isso”, diz a mulher, que ainda iria trabalhar à noite.

A vendedora Mariana Fernanda Braga, 28 anos, estava desde as 10h à espera de atendimento médico. Carregava dois medos: o de estar com dengue e o de perder o emprego, por esperar por tanto tempo por atendimento. “São quatro horas de espera. Estou com dor de cabeça e dor no corpo. Já passei três dias pela UPA e eles dizem que não é nada. Só receitam antibiótico, me mandam para casa, mas eu não melhorei. E estou com medo de perder o emprego, por ter que vir todo dia e esperar muito tempo por atendimento”, afirma a moradora do bairro Maria Lúcia.

Quem estava mais indignada era a camareira Monica da Silva Santos, 31 anos, que acompanhava a vizinha, que estava com problemas cardíacos. “Não vejo melhora no atendimento. Só vi três médicos atendendo, cadê os outros? Não tem médico para nos atender”, reclama a camareira.

Melhoras devem ocorrer em um mês, prevê conselheiro

O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Fernando Araújo, acredita que as reclamações por demora no atendimento e lotação na internação dentro das UPAs vai continuar por mais uma semana, porque não há como colocar os 66 leitos prometidos em funcionamento dentro do prazo anunciado pela Prefeitura.

“Eles anunciaram que abririam os 30 leitos no Fraternidade na próxima segunda-feira, 16, de forma precipitada. Não tem como contratar profissionais com perfil adequado para este atendimento em uma semana, porque falta mão de obra com experiência para a função”, diz o presidente do conselho.

Para Araújo, as melhorias na rede só vão ser sentida em 30 dias com as medidas anunciadas pela Prefeitura, como mais leitos e contratação de profissionais, concursados e terceirizados.

“Há uma grande demanda por atendimento, pressionada pelo aumento de doenças respiratórias e pela dengue e por pessoas que deixaram de ir ao médico durante a pandemia. O que precisava era ter planejado lá no passado para enfrentar essa situação neste momento”, comenta o conselheiro.

A presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Rio Preto, Sanny Lima Braga, afirma que mesmo a contratação de funcionários aprovados em concurso poderia ter acontecido antes.

“Há muito tempo a gente pedia a contratação dos concursados, porque os funcionários da saúde estão esgotados de tanto trabalhar por muitas horas, porque falta gente. Não nos atenderam e olha como está situação agora”, diz a sindicalista.

Sanny avisa que o processo de contratação de concursados leva tempo, porque as pessoas têm que entregar documentação exigida e o processo de admissão tem tramitação interna na Prefeitura.

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde informou que a previsão para abertura da Unidade de Internação Básica (UIB) do Fraternidade é na próxima semana, ainda sem data definida.

“No momento, estão sendo finalizadas as contratações dos trabalhadores da saúde, sendo que a estrutura já está pronta. Os trabalhadores da saúde aprovados no concurso ainda estão no prazo para entrega dos documentos e não tomaram posse”, informou em nota. (MAS)