Diário da Região
Rio Preto

Rio Preto tem ano mais violento desde 2002

Há 16 anos, a soma de homicídios e latrocínios deu 50. Em 2018, são 45

por Marco Antonio dos Santos
Publicado em 26/12/2018 às 23:30Atualizado em 07/07/2021 às 20:42
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Com média de um assassinato a cada semana, o ano de 2018 é o mais violento dos últimos 16 anos em Rio Preto. Foram 45 homicídios e latrocínios registrados na cidade, segundo dados oficiais. Levando-se em conta as mortes de suspeitos em confronto com a polícia e as de pessoas socorridas e mortas após alguns dias internadas, o número sobe para 54 assassinatos. Antes de 2018, o ano mais violento tinha sido 2002, quando ocorreram 47 homicídios e três latrocínios em Rio Preto.

O último assassinato registrado em Rio Preto foi em plena noite de Natal, na porta de um bar, na Vila Toninho. O vendedor Fabiano Machado, de 41 anos, foi morto a tiros. O suspeito de ser o autor dos disparos, um despachante de 38 anos, foi preso em flagrante e o filho dele, de 16 anos, também foi apreendido após o crime.

De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima estava sentada em um bar, quando, segundo testemunhas, pai e filho desceram do carro. O despachante atirou contra o homem e acabou acertando o rosto e a região do peito da vítima. O adolescente ainda agrediu a vítima com chutes e socos. Após o crime, a dupla entrou no mesmo veículo e fugiu. Ainda nas proximidades de onde o homicídio aconteceu, a Polícia Militar conseguiu flagrar o carro em que os dois estavam e eles foram presos. Ambos responderão por homicídio qualificado.

Para o doutor em sociologia Danilo de Sousa Morais, o aumento da violência pode ter sido provocado pelo clima de animosidade dos conflitos na sociedade, causado por fatores econômicos. "Os números da criminalidade estavam estáveis até 2015, mas depois de anos para cá houve um aumento dos acirramentos, por consequência mais violência familiar, assassinatos cometidos por motivação banal e até as mortes geradas por disputas internas ou por cobranças de dívidas no tráfico", diz o sociólogo.

Morais afirma que ao final do ano é preciso fazer uma análise social, por bairro, faixa etária, gênero e até racial para ter com exatidão quais os fatores que provocaram este aumento da violência e quem foi mais atingido.

Diretor do Deinter 5, o delegado Raimundo Cortizo reconhece que o número de assassinatos em Rio Preto está bem acima do que foi registrado nos últimos 16 anos. "Está alto em todo o País, por fatores sociais e econômicos, que são alheios ao trabalho policial. Muitos destes crimes foram cometidos por pessoas que não tinham antecedentes criminais e ocorreram dentro de ambiente doméstico", comenta o diretor.

Cortizo diz que embora o número de assassinatos seja grande, a polícia tem esclarecido a maioria dos casos e colocado atrás das grades os autores. "O índice de esclarecimento em Rio Preto é de primeiro mundo. A DIG tem se empenhado na apuração dos crimes. São raros os casos que ficam sem solução", afirma o diretor.

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